QUINTA DIMENSÃO



Eu conhecia Arnoldo desde a adolescência, nos conhecemos no colégio, ele com 16 anos e eu 15. Tornamo-nos grandes amigos. Arno tinha feições rudes, não era bonito, mas sua simplicidade, simpatia, alegria e sinceridade cativavam as pessoas. A última vez que o vi foi em 1974 quando minha família mudou-se para o interior do estado. Quinze anos depois, voltando à cidade, encontrei-o por acaso na rua. A mãe dele tinha falecido, ele continuava solteiro e ainda morava na mesma casa. Fiquei preocupado com meu amigo. Desempregado já há algum tempo, estava desolado e abatido. Procurei animá-lo.

- Dê-se por feliz, pois tens um teto sobre tua cabeça, tens saúde e por certo conseguirás um novo trabalho!

- Estou cansado! A vida não é generosa comigo...

- Tens que arranjar uma namorada, casar-se e ter filhos. Não é bom ficar sozinho.

- Casar? Estou bem assim, já me acostumei. A única mulher de quem gostei foi de Lídia, você sabe, aliás, você também gostava dela.

Voltei a visitar Arno na semana seguinte. Ele ainda não estava trabalhando, mas me parecia mais disposto. Recebeu-me com alegria e convidou-me para comer uma pizza. A sala estava repleta de livros. Pelo que eu sabia Arno não gostava muito de ler. Fiquei admirado também pelo fato de que os livros eram sobre esoterismo, viagem astral, quinta dimensão...

- Desculpe a bagunça. Disse ele me passando uma garrafa de refrigerante.

- Pelo que vejo você agora passou a gostar de literatura!...

- Você acredita em mundos paralelos?

- Sim e não, tudo é possível! Respondi em tom de brincadeira.

- Li num desses livros que a combinação de certas notas sonoras e uma concentração profunda, possa nos remeter a outro universo, outro mundo...

- Suponho que sejam necessários materiais especiais para produzir os sons...

- Correto. Respondeu Arno, entusiasmado com o assunto.

- E você vai fazer uma experiência?

- Preciso encontrar o material certo.

Arno era assim, quando planejava alguma coisa ia até o fim apesar dos possíveis transtornos a enfrentar.

De férias, viajei para o interior visitar meus pais e quando retornei, encontrei um recado de Arno na secretária eletrônica.

-: "Roger, você não vai acreditar! Consegui ir a outro lugar, outro mundo por alguns segundos. Vou tentar novamente. Venha me visitar quando chegar."

O telefonema era de três dias atrás. Fiquei curioso e no dia seguinte fui visitar meu amigo. Quando cheguei à rua onde ele morava, encontrei um cordão de isolamento e policiais impedindo a passagem. Havia muitos curiosos nas imediações procurando ver o que acontecia. Estacionei o carro na outra esquina e retornei. Olhando ao longo da rua vi soldados do exercito, oficiais e autoridades e na praça, no meio do quarteirão, havia barracas. Perguntei a um homem que assistia aquela cena inusitada, o que estava acontecendo e ele respondeu que havia risco de explosão em uma daquelas residências e que todos os moradores da rua foram tirados de suas casas. Pensei em Arno. Onde ele estaria? Notei uma mulher de cabelos compridos, usando um traje verde escuro, conversando com um oficial do exercito e um homem de jaleco cinza. Tive a impressão de que a conhecia. Quando ela se virou para onde eu estava, vi claramente seu rosto. Era Lídia! Arno falou nela há poucos dias! Lidia morou naquele mesmo bairro. Mudou-se para São Pulo e nunca mais a vi. Devia estar agora com 32 anos. Ergui o braço para chamar sua atenção e chamei-a.

- Lidia! Hei! Lidia!

Ela olhou na minha direção por um instante e voltou a conversar com os dois homens. Achei que não tinha me reconhecido, mas logo se aproximou e quando me olhou mais de perto, seu rosto se iluminou com um sorriso. Falou com um policial pedindo para deixar-me entrar no perímetro isolado. Passei por baixo da faixa listada e me aproximei de Lídia. Trocamos um abraço afetuoso. Estava muito mais bonita, madura, sensual. Eu e Arno éramos apaixonado por ela, mas naquele tempo Lídia recém estava deixando as brincadeiras com bonecas.

- Há pouco eu estava pensando em você. Falou.

- Tudo bem? O que está fazendo aqui? O que está acontecendo?

- Calma Roger! Uma pergunta de cada vez! Sou membro de uma equipe de cientistas. Estamos investigando um fato estranho na casa de Arno.

- Aconteceu alguma coisa com ele?

- Venha ver você mesmo.

Começamos a caminhar na direção da casa de Arno.

- É surpreendente o destino nos reunir dessa forma. Disse Lídia. - Quando as autoridades se inteiraram do que estava acontecendo, nos chamaram. A nossa instituição trabalha com pesquisas cientificas relacionada à energia subatômica, cibernética e mecânica virtual.

A casa de Arno havia desaparecido e também metade das duas residências de cada lado. Uma bola transparente, reluzente, com cerca de 30 metros de circunferência repousava naquele lugar. Arno estava deitado no chão, dentro daquela coisa estranha. Lídia explicou:

- É uma bolha de energia que se expande cerca de um metro por hora e consome tudo que toca. Ela não para de crescer. É um tipo de energia que, suponho, esteja no campo da anti-matéria. Enquanto cresce extermina tudo que há pela frente, menos o solo que fica coberto por aquela areia cinzenta. O estranho é que Arno permanece intacto, alias, não sabemos se ele está vivo. Não mudou de posição desde que chegamos.

Contei a Lidia sobre a intenção de Arno querer alcançar outro mundo.

- Pode ser que essa energia tem ligação com isso. Podemos ter uma idéia de onde veio, mas nada mais que isso...

Um homem de óculos, vestindo um jaquetão se aproximou.

Lídia nos apresentou.

- Roger, este é o doutor Aníbal Columbo, diretor do Instituto. Doutor, Roger é amigo de Arno há vários anos, ele disse que, talvez, Arno possa ter aberto um portal para um universo paralelo ao nosso.

Aníbal nos olhou com ar de dúvida.

- E como ele pode ter feito isso?

- Através de certas notas sonoras. Respondi.

Aníbal esboçou um sorriso.

- Tão simples assim?

Lídia argumentou:

- Se Arno estiver vivo e se tivermos a possibilidade para falar com ele, talvez nos possa dar uma informação de como parar aquela coisa! Mas, não podemos entrar na bolha sem sermos destruídos!

Um dos cientistas que monitorava a evolução da esfera aproximou-se.

- Doutor Aníbal, doutora Lídia! Com licença! Avistamos ratos dentro da esfera. Eles, aparentemente, não sofreram dano algum. Tudo indica que o ar não é afetado.

- Vamos lá olhar. Disse Aníbal e nos o seguimos. Paramos num ponto seguro onde era possível ter uma visão ampla do interior do globo de energia. De onde estávamos podia-se ouvir o crepitar das descargas elétricas. Aníbal pegou um binóculo e examinou o interior. Mesmo sem binóculo pude ver dois ratos circulando próximo do corpo de Arno. Um deles farejou o ar e correu para se afastar dali e ao tentar ultrapassar a barreira energética desapareceu expelindo fagulhas. O outro seguindo o mesmo caminho teve o mesmo destino.

- Os ratos devem ter saído do porão da casa vizinha. Disse Lídia. - Talvez possamos entrar na bolha através de um túnel.

- Vou providenciar. Disse Aníbal e sem mais comentários, se afastou.

Os soldados começaram os preparativos para a abertura de um túnel. Enquanto esperávamos, Lídia me convidou para tomar café numa das barracas cedida pelo exercito aos cientistas.

- O que você tem feito? Perguntou ela, servindo café de uma garrafa térmica. Peguei um mocho com assento de lona e me sentei próximo da entrada.

- Sou gerente comercial de uma indústria de artefatos de borracha. Estou de férias. Fui visitar meus pais no interior e quando retornei, encontrei uma mensagem de Arno na secretaria eletrônica. Ele disse que por alguns segundos conseguiu ir a outro mundo e que faria a experiência novamente esperando permanecer lá por mais tempo.

Lídia entregou-me uma xícara de café e sentou-se ao meu lado.

- Você sabe em detalhes como ele pretendia fazer isso?

- A ultima vez que estive com ele, disse que pretendia usar certas notas sonoras que, nem ele mesmo sabia ao certo que instrumento usar.

- Não sabemos que tipo de energia é aquela. Talvez ele a tenha liberado de outra dimensão e não conseguiu controlar. Se aquela bolha de energia continuar se expandindo infinitamente, tudo que existe sobre a superfície da Terra será desintegrado.

- É uma possibilidade aterradora!

Lídia ficou calada, pensativa.

- Você ainda mora em São Paulo? Perguntei.

- Sim.

- Casou?

- Estive casada por três anos. Separei-me por vários motivos. Agora só penso em trabalhar.

- Mas, você não vai ficar solteira a vida toda!

Lídia esboçou um sorriso.

- Desta vez vou escolher a pessoa certa. Alias, não sei se vou ter chance pra isso, com aquela ameaça lá fora!...

Um túnel foi aberto do meio da rua até o terreno onde antes estava a casa de Arno. Dois soldados, um médico e uma enfermeira se prepararam para resgatar o corpo de Arno. Quando eles começaram a entrar no túnel, Lidia adiantou-se.

- Esperem, por favor! Disse ela e dirigiu-se a Aníbal. ? Doutor, se Arno abriu mesmo uma ponte entre dois mundos, acho que não devemos removê-lo. Ele pode ser a ligação que mantém a bolha coesa e se for removido, poderá ocorrer algo pior.

- Você pode ter razão. Se Arno estiver desacordado e não morto, talvez possamos entrar em contato com ele através do psicotron, mas vai demorar umas sete horas para que possamos trazer a máquina de São Paulo.

Lídia sorriu.

- Eu me esqueci de lhe avisar. O doutor Reis está vindo para cá com o labtron. Ele chega dentro de uma hora e meia. O computador tem inclusive, conexão via satélite com a matriz.

- Eu achava que o aparelho não estava pronto!

- A equipe do doutro Reis acabou o projeto há poucas horas.

- Muito bem! Então, o médico pode entrar na bolha e examinar o estado físico de Arno. Doutor quer que alguém o acompanhe?

- Não é necessário. Nessas condições só posso verificar os sinais vitais, se ele tem alguma lesão externa. Um exame mais detalhado...

- Deixemos o exame completo para mais tarde. Afirmou Aníbal. O médico assentiu e entrou no túnel. Logo depois ele emergiu dentro da bolha. Colocou a maleta no chão e ajoelhou-se ao lado de Arno, examinando-o. Não demorando muito, retornou.

- Ele está vivo, sem sentidos, porém parece que sonha, pois suas pálpebras se movem. Eu diria que está fora deste mundo.

- Ainda bem que está vivo! Exclamou Lídia.

- Agora só nos resta esperar por Reis e o labtron. Afirmou Aníbal. ? Acho que temos tempo para jantar e descansar um pouco. Vejo vocês depois.

Aníbal se afastou com o médico. Lídia virou-se para mim.

- Roger, vá jantar, alimente-se que temos uma longa noite pela frente.

- Eu estava exatamente pensando em convidá-la para jantar!...

- Não posso sair daqui agora,

- Então, eu compro um lanche pra nós. O que acha?

- Está bem. Estarei na barraca. Vou lhe dar uma autorização para voltar a entra na zona isolada.

Comprei dois xis, refrigerante e retornei.

- Alguma novidade? Perguntei a Lídia logo que entrei na barraca.

- Tudo na mesma. Você está mesmo disposto a me ajudar?

- Claro!

- O psicotron é um aparelho desenvolvido para que o médico, ou qualquer outra pessoa possa entrar em contato mental com o paciente em coma. Vou entrar em contato com Arno e quero que você me acompanhe nesse procedimento. Para isso temos que estar sob o efeito de uma substância tranqüilizante que nos dará maior controle sobre nossas emoções.

- Tudo bem. Respondi.

- A substância age por quatro horas. Quando entrarmos em contato com Arno, será como estar conversando com ele numa sala ampla de paredes brancas. Esse procedimento auxilia o paciente a reagir contra o trauma que o mantém desacordado é como conduzir uma pessoa que está isolada num quarto escuro para a porta de saída.

Naquele instante chegou um homem roliço, careca, carregando uma maleta.

- Tudo bem? Perguntou ele mastigando um palito.

- Já se inteirou dos fatos, doutor? Perguntou Lidia.

- Sim, estive conversando com Aníbal.

- Doutor esse é Roger, um amigo de Arno. Ele pode nos auxiliar nesse contato.

Lidia preparou as injeções, aplicou uma em mim e outra nela mesma. Pegou um cobertor e logo em seguida nos dirigimos para o túnel.

- Quanto tempo ficaremos em contato com Arno? Indaguei.

- Acho que duas horas é o suficiente. Respondeu Reis. - Cada pessoa reage de uma maneira diferente. Algumas, mesmo desacordadas, percebe o mundo como se fosse um sonho. Descobre que está livre do peso da realidade, do mundo e seus problemas, então, para superar o trauma, ignora a capacidade de retornar ao consciente. Em muitos casos não recobra a consciência e morre.

Saindo do túnel, nos encontramos dentro da bolha. As descargas elétricas estalavam sobre nossas cabeças. Eu me sentia tranqüilo. Reis colocou a maleta, que na verdade era o laptron, no chão e abriu a tampa. Arno parecia dormir.

- Deitem-se. Pediu Reis. Lidia estendeu o cobertor no chão e nos deitamos nele. Reis pegou alguns fios da máquina e fixou as pontas em nossos corpos, um no peito, na cabeça e pulsos. Lídia virou o rosto para mim.

- É como dormir e sonhar.

- Vocês ficarão em contato por duas horas. Anunciou Reis.

- Acho melhor nos dar mais tempo. Pedi. - Arno é teimoso e pode não querer colaborar.

- Ok! Três horas, então. Começando... Agora!

Mal Reis acabou de falar, me vi envolto numa escuridão total. Logo depois distingui um circulo branco que aumentava de tamanho, como se fosse o farol de um veículo que se aproximava. De repente me encontrei de pé no meio de um bosque de altas arvores com folhagens amarelas e avermelhadas. Lidia estava ao meu lado, exibindo uma expressão de surpresa e olhando ao redor.

- Onde está a sala branca que você falou? Indaguei.

- Nunca vi nada igual! Respondeu ela tocando o tronco de uma arvore para ver se era mesmo real.

- E Arno?

Perguntei.

- É estranho! Quando se entra em contato com uma pessoa em coma, vemos como ela realmente é, mas apenas a imagem da pessoa e não lugares como esse!

- E, o que você conclui disso?

- Que estamos num mundo real. Arno realmente abriu um portal para outro mundo! Ele deve estar por aqui em algum lugar.

- Vamos procurar por ele. Falei e comecei a andar. Após breve hesitação, Lidia me seguiu.

- Como sabe que ele esta nessa direção?

- Não sei, qualquer direção é melhor do que nenhuma.

Caminhamos alguns metros por entre as arvores. Logo depois parei, prestando atenção.

- O que foi? Perguntou Lídia atrás de mim.

- Ouça!

Soava um estalar distante, como se o bosque estivesse pegando fogo. Seguimos naquela direção e logo em seguida descobrimos a origem do ruído. Numa clareira estava uma bolha de energia. A clareira tinha sido feito por ela. A bolha se expandia consumindo as arvores. Tinha o mesmo tamanho que a outra e o mesmo poder de destruição.

- Um portal foi aberto. Disse Lídia apoiando-se no meu braço. ? Mas, essa abertura não é compatível com a existência dos dois mundos. O contato causa destruição a ambos.

- É uma boa teoria e acredito nela. Temos que encontrar Arno o mais rápido possível!

Evitando a bolha, seguimos outro rumo e de repente fomos cercados por nativos armados de lanças, arcos e flechas. Eles nos ameaçaram com suas armas emitindo sons guturais. Em seguida nos impeliram para fora do bosque em direção a uma colina. Na base do morro havia uma caverna e lá dentro estavam mais indígenas e Arno, sentado numa plataforma. Vestia uma roupa enfeitada com contas e penas de várias cores. Surpreso com nossa chegada, ele saltou para o chão.

- Roger! Não é possível!...

- Não reconhece Lídia¿

- Lídia? É mesmo! Como chegaram aqui?

Evitando comentários inúteis, Lidia foi direto ao assunto.

- Arno, o nosso mundo está em perigo de extinção! Você conseguiu abrir uma passagem para esse mundo, só que, essa passagem é uma anomalia, uma força energética que está destruindo os dois mundos.

Arno olhou-a, confuso.

- Como assim? Não entendo!

- Uma fonte de energia destrutiva foi criada com o portal, está se expandindo e destruindo tudo que toca. Tua casa já não existe mais, mas você, o teu corpo, continua lá, estirado no chão, vivo.

- Estou lá? Meu corpo continua lá? E esse corpo que tenho agora, o que é?

Lídia hesitou, pensando numa resposta convincente.

Resolvi dar um palpite.

- Talvez aqui, nesse mundo, nosso espírito necessita de um invólucro, como o anterior, aquele que ficou para traz. Parece que temos um corpo, mas é apenas uma imagem do anterior. Nós conseguimos chegar aqui apenas em espírito.

- E como chegaram aqui?

- Lídia faz parte de uma equipe de cientistas que está procurando um meio de deter aquela energia. Estamos conectados ao teu corpo através de um aparelho. E você, como conseguiu abrir o portal?

- Foi uma combinação de sons extraídos de cristais. São cristais de um meteorito que consegui com um amigo.

- Você deve voltar Arno, talvez a energia seja extinta! Argumentou Lidia. Arno fez um gesto, contrariado.

- Voltar? Pra quê? Estou bem aqui. Essa gente precisa de mim. Com o que sei, farei deles um grande povo! Aqui serei alguém, governador, rei!...

- Rei do quê? Indagou Lídia. - Num mundo que também está ameaçado de extinção? Há uma bolha de energia idêntica na floresta. Dentro de poucos dias ela estará ali, na entrada desta gruta e quando chegar, a floresta já estará destruída.

Arno refletiu por alguns instantes e disse:

- Me mostrem.

Dirigimos-nos para a floresta, seguidos por um grupo de indígenas. Eles rodeavam Arno como se o protegessem de algum perigo. Logo depois chegamos ao local onde estava a bolha. Arno observou em silencio. Lídia explicou:

- A passagem entre os dois mundos permanece aberta e essa energia é o resultado do atrito entre as duas existências que tendem a ocupar o mesmo espaço. Você tem alguma idéia de como fazer para fechar a passagem?

Arno refletiu por alguns instantes e respondeu:

- Talvez tocando os sons ao contrário.

Lidia fez um gesto de desalento.

- Para isso precisamos dos cristais e eles devem ter sido destruídos junto com tua casa!

Arno deu meia volta e começou a retornar para a gruta.

- Eles vieram comigo.

Lídia olhou-me com ar de esperança e nós o seguimos. Chegando à gruta Arno pegou o meteorito que estava escondido num canto. Era uma rocha com uns três quilos, com cinco cristais de cor rosada na parte côncava. Arno nos deu também uma haste de metal.

- É necessário tocar o cristal no ponto de origem da energia, dentro da bolha e eu não sei como fazer isso!

- Temos que cavar um túnel para poder passar pela barreira. Respondi. ? Vamos precisar da ajuda dos nativos.

- Sem problemas. Vamos improvisar algumas ferramentas, madeira para escora...

Com ajuda dos nativos medimos o terreno e construímos o túnel com saída dentro da bolha. Arno explicou:

- Tem que bater nos cristais do menor para o maior tantas vezes quanto necessário. Disse ele e ficou pensativo, olhando para a bolha.

- Alguma coisa te preocupa? Perguntou Lídia.

- Agora não sei se morrendo lá, continuarei vivo aqui, ou o contrário...

- Não vamos nos preocupar com isso agora. Respondeu Lídia. - Vamos entrar.

Lidia foi à frente. Logo depois ela emergiu dentro da bolha e eu a segui. Voltei-me e dei a mão para Arno subir. Ele passou-me o meteorito e recuou.

- Vão vocês, eu vou ficar. Disse ele e retornou.

- Arno, não faça isso! Você pode morrer! Gritou Lídia.

- Não adianta. Falei. - Ele é teimoso. Acho que quando a bolha sumir ele vai acordar. Vamos embora!

Bati nos cristais do menor para o maior. Na terceira vez a energia começou a tremeluzir. De repente tudo apagou. Quando abri os olhos, vi Reis inclinado sobre Lídia. Voltamos ao nosso mundo!

-Tudo bem? Perguntou Reis.

Olhei ao redor e não vi Arno.

- Ele sumiu com a bolha. Disse Reis.

- Será que ele conseguiu? Indagou Lídia.

- Acho que agora ele vai ser feliz. Falei, olhando para o meteorito em minhas mãos. A primeira coisa que fiz quando saí dali foi pegar um martelo e destruir os cristais.

- Você fez a coisa certa. Disse Lídia.

- Agora que tudo acabou você vai jantar comigo? Perguntei. Lídia sorriu.

- Com certeza, estou morrendo de fome!

- Que tal um cinema depois?

- Desde que não seja sobre outros mundos!...

FIM

Antonio stegues batista
Autor: Antonio Stegues Batista


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