QUANTAS MÃES TEM MANUEL?
No outro dia Manuel resolve ir trabalhar. Não pode ficar à toa o dia inteiro e a noite bebendo. E o dinheiro de onde viria? Tinha que fazer alguma coisa.
Chega cedo ao serviço. O primeiro que encontra é o patrão. Por que não tem vindo trabalhar, Manuel? Há três dias que você não aparece. Manuel sente o sangue gelar, mas já esperava por esta pergunta. Problemas patrão, muitos problemas. Não tenho tido boa saúde ultimamente. Também morreu a minha mãe. Claro, a mãe dele tinha morrido há seis anos. Quantas mães você tem, Manuel? Não é a primeira nem a segunda vez que você me diz isto. Outro dia foi seu avô, daí vem o irmão. Tá morrendo todo mundo lá na sua casa?
O patrão sabe que Manuel já é um alcoólatra, por isso é que o leva com muita paciência. Só que paciência tem seus limites e o patrão está chegando no seu ponto mais alto. Por isso deu um sobreaviso a Manuel. Parar de vez com a bebida. Manuel promete mudar de vida. Não vai mais beber, nunca mais, ninguém o verá zonzo. Precisa acabar com aquilo e ele vai fazer isto. Precisa ser homem, ser gente. Trabalharia até o fim da semana e iria tomar uma atitude.
Trabalhou carrancudo o dia todo. Não falou com ninguém. Alguns sabiam o que acontecera a Manuel, mas ninguém falava nada. Manuel era bravo e apesar da bebida, era muito forte. Ninguém se increspava com ele.
Ficou pensativo o varão. Trabalhava, mas a cabeça estava pensando mil coisas. Que faria dali pra frente? Precisava mudar de vida, mas o que fazer? Da maneira que estava não iria nunca pra frente. Ficava observando a vida dos outros. Todo mundo bem de situação. Todos felizes. Quase nada faziam. Carrão na porta. Mulheres bonitas. Roupas excelentes. Isto é que era vida. Mas as dele era péssima, terrível.
Termina o expediente e Manuel vai para casa. Não passa no bar de ninguém. Em casa conversa com a família. É a primeira vez que isto acontece. Manuel está disposto a mudar de vida. Para isto precisa deixar de beber. Não sabe como fazer isto. O pai já usou várias simpatias, mas também não conseguia tirar a bebida de Manuel. A avó sempre falava muito sobre os males da bebida. As irmãs, estas só gozavam nele. Bebida era coisa muito séria e Manuel sabia disto. É fácil começar a beber, mas parar é coisa dificílima. A família fica conversando até tarde da noite. Não encontram nenhuma resposta, mas vão continuar lutando.Manuel estava decidido agora e assim todos teriam que ajudá-lo nesta jornada.
Autor: Henrique Araújo
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