O Mistério da Morte
Umas das certezas mais doloridas para o coração humano é a certeza da Morte; a tal ponto que pouco pensamos ou refletimos nela. A morte nos provoca medo, insegurança, pois nos coloca diante de uma experiência totalmente desconhecida.
Durante a última semana nos deparamos com essa realidade quando observamos tão fortemente o velório do cantor Maicon Jackson. Impressionante foi observar o número de pessoas que se envolveram com a dor da perda desse astro. Até mesmo quem não era o mais fanático dos fãs foi capaz de se fazer presente junto as notícias ou pelo menos se viu tomado por um sentimento estranho pois Maicon Jackson tinha falecido.
Lembro-me muito forte da morte de Ayrton Senna talvez a maior comoção nacional pela perda de um astro. Naquela época eu era estudante e muitos dos colegas de classe que jamais tinham sequer comentado algo a respeito do Ayrton choravam muito, pois a morte é capaz de despertar esse sentimento forte dentro de nós.
Devemos reconhecer que a morte de um astro tem um poder maior de mexer com o coração das pessoas pois as imagens carregadas de emoção nos prendem e nos fazem compartilhar desse sentimento.
Entretanto qualquer velório pode mexer com o coração humano, isso digo por experiência própria pois como padre realizo a cerimônia das exéquias (benzer o corpo de um falecido) quase todos os dias e não tenho medo de afirmar que na maioria das vezes que vou a um velório a dor da perda de um ente querido também me envolve,mesmo que eu jamais o tenha conhecido.
A morte de uma pessoa mexe com nosso intimo, exemplo forte disso tivemos nessa última semana, quando faleceu o Pe. João Batista da Silva que foi ordenado Padre a 22 anos e ficou um bom tempo exercendo seu Ministério em Palmares Paulista e Paraíso; quem esteve presente no velório desse nosso irmão não pode deixar de se emocionar com as inúmeras homenagens que esse padre recebeu.
Alguém poderia dizer que somente se valoriza uma pessoa quando ela morre, posso concordar com essa afirmação em alguns casos, entretanto na maioria deles percebe-se que as homenagens, ou até o choro exacerbado são demonstrações emotivas de quem ama.
E o que fazer diante da Morte, como reagir quando essa "certeza" adentrar em nossos lares? Já escutei muitas pessoas dizendo que jamais saberiam lidar com ela, que nem querem pensar ou ouvir falar em morte pois perder alguém que amam seria o fim.
Com minha pouca experiência de vida consigo afirmar algo baseado não em teorias mas na prática de vida. Quando essa dor forte adentrar a casa de alguém a força para superar essa dificuldade não vem somente da própria pessoa é fundamental nesse momento agarrar-se nas mãos de Deus.
Conheço algumas pessoas que passaram por dores grandes ocasionadas pela perda de um ente querido e sua fé em Deus foi o grande sustentáculo para que, apesar da marca da perda de um ente querido, a vida continuasse com igual dedicação e amor, pois mesmo quando a pessoa mais amada parte desta vida outras pessoas importantes continuam a viver aqui nesta terra, inclusive nós que temos essa dor.
Dentre tantos exemplos vou citar a História de minha Avó Rosa, ela passou por essa experiência de perda quando seu filho de 17 anos morreu afogado onde hoje é o Clube de Campo, na época se chamava "Mauá". Como toda mãe que perde um filho a dor dessa perda invadiu o coração de minha avó, entretanto ela sempre se apegou muito forte em Deus.
Ela jamais esqueceu deste filho mas a vida dela e dos outros 5 filhos precisava continuar. Na dor ela fez de Deus sua força; quando penso na minha avó que hoje está com 86 anos a imagem mais nítida com a qual posso defini-la é a oração, pois diariamente ela reza o terço, suas Orações a São Judas e praticamente todo dia vai a missa. Na dor temos que fazer de Deus nossa força. Aliás depois da Morte só ele sabe e pode nos ajudar.
Autor: Jonas Da Silva Pimentel
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