Tecnologia Digital E Educação



A Era Digital começou com o aparecimento do computador digital e tecnologias relacionadas na segunda metade do século 20. A tecnologia digital permitiu a existência da Internet que então surge como um novo meio comunicacional com grandes vantagens em relação à comunicação tradicional, sendo as principais a velocidade e a interação.

Antes da Era Digital a informação tinha sua origem e localização bem determinada e conhecida, porém com o advento da comunicação digital a informação torna-se móvel, mutável e imaterial, localizada no ciberespaço, o ambiente no qual trafegam dados, informações, conhecimentos e saberes digitais na rede de computadores. O ciberespaço oferece novas formas de relações sociais, o que tem repercutido nos diversos setores, como no mundo do trabalho, da educação, do lazer, dos negócios.

A Sociedade Industrial cede lugar à Sociedade da Informação, fruto de novos comportamentos e padrões culturais que a evolução tecnológica tem proporcionado, através da disseminação veloz da informação por meios nunca imaginados, trazendo impactos diretos na educação, na formação e no trabalho docente (1).

Têm-se colocado estas novas tecnologias como instrumentos capazes de promover a inclusão dos menos favorecidos, de educação, de exercício de cidadania. No entanto a tecnologia não é capaz de resolver os problemas econômicos e sociais da era que surgiu. Pelo contrario pode aprofundar as diferenças entre aqueles que tem acesso e os que não tem acesso a ela - a exclusão digital. Mesmo superando o problema da exclusão digital não se deve esperar mudanças se a tecnologia for de uso apenas instrumental. O simples uso da tecnologia, por mais avançada que seja, não promove mudanças, o desafio está em usar a tecnologia na educação porém de forma critica. Devemos estar atentos à questão do uso da tecnologia no ensino pois existem interesses comerciais de empresários querendo vender computadores para as escolas e do próprio governo em resolver rapidamente o problema da educação publica. Instalam-se computadores em umaescola e a propaganda cuida para que se tenha impressão deque o problema da educação publica está sendo resolvido, escolas particulares instalam laboratórios de realidade virtual para atrair mais alunos, a cada dia o ensino a distancia (EAD) através da Internet ganha espaço havendo já cursos inteiros de graduação através do EAD. O próprio EAD tem sido propagado como forma mais eficiente de democratização do ensino. A tecnologia é empurrada para dentro da sala de aula mas o professor cuja formação foi em outra época hesita em utilizá-la ou a utiliza sem critérios. Os alunos já acostumados com os computadores, Internet, jogos, sabem mais que os próprios professores e estes por sua vez entendem isto como uma ameaça à autoridade do professor na sala de aula.
Nesta nova cultura popular os jovens estão utilizando os computadores em casa para jogar, navegar na Internet, baixar e editarvídeos e músicas, comunicar-se, participar de comunidades sociais.Nas escolas o uso do computador é limitado, aprende-se a usar o editor de textos ou um outro programa, coisas úteis mas que são feitas sem criatividade, sem autoria. Além do aprendizado do uso destas tecnologias deve-se desenvolver capacidades criticas de como funcionam estas tecnologias, como a informação é produzida, de que forma a tecnologia pode ser utilizada para o aperfeiçoamento pessoal, autoria digital como na criação de sites e vídeos, etc. (2)

Aqui está o gargalho do uso da tecnologia no ensino, utilizada sem critério de forma instrumental pouco ou nada contribuirá para o aprendizado. Todos deveriam compreender as tecnologias digitais não como meros instrumentos mas como uma nova forma de cultura e comunicação. Quanto ao professor o desafio está, segundo Marco Silva, em modificar sua comunicação em sala de aula e na educação. Isso significa modificar sua autoria enquanto docente e inventar um novo modelo de educação (3).
A sala de aula deve mudar de seu jeito expositivo, comunicação unidirecional (o professor fala o aluno escuta) para uma forma de comunicação professor-aluno bidirecional, interativa, assim como o é a própria Internet. Professores e alunos são co-autores na criação do conhecimento. Devemos usar o potencial cognitivo e interativo das tecnologias de informação como recurso pedagógico e de divulgação de conhecimento na Era Digital. Quanto aos governantes estes devem proporcionar aos professores formas de se atualizarem para o uso destas tecnologias na sala de aula e não somente inaugurarsalas e laboratórios de computação e virar as costas.
Quero finalizar citando o filósofo Martin Hopenhayn (3), "Educar para a sociedade da informação e o conhecimento é muito mais que trocar livros por monitores. Requer a conjugação do melhor da tradição crítica e da experiência pedagógica acumulada com as novas opções tecnológicas, redução do fosso digital e recriação do valor de educar, harmonia da lucidez intelectual com a intuição afetiva, estímulo ao fazer sem esquecer o ser."

 

(1)Nascimento, R. do, Infovia e a Globalização na Informática, apostila do curso de especialização em Engenharia de Sistemas, ESAB, 2002.

(2)Aprendizagem e cultura digital. Disponível em <http://www.educarede.org.br/educa/index.cfm?pg=revista_educarede.especiais_principal&&id_comunidade=0&ID_ESPECIAL=304>. Acessado em 06.05.2008.

(3)Sala de Aula Interativa: A Educação Presencial e a Distância em Sintonia com a Era Digital e com a Cidadania. Marco Silva. Disponível em <http://www.senac.br/BTS/272/boltec272e.htm>. Acessado em 06.05.2008.

(4)A educação na atual inflexão temporal: uma perspectiva latino-americana. Martín Hopenhayn. Disponível em <http://www.unesco.cl/medios/biblioteca/documentos/educacao_na_atual_inflexao_temporal_uma_perspectiva_latino_americana_martin_hopenhayn_revista_prelac_portugues_2.pdf>. Acessado em 06.05.2008.

 


Autor: Eldereis de Paula


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