O JOGO DO BINGO



O JOGO DO BINGO

No outro dia a tarde houve um grande bingo no estádio da cidade. Eram muitos carros, geladeiras, ventiladores pra quem ganhasse. Manuel compra uma cartela e parte pro jogo.

O estádio se encontra totalmente lotado. Nunca vira tanta gente assim. Cada um querendo ganhar um prêmio, Manuel também queria ganhar o carro. Que maravilha!

O cantador começa a cantar as pedras, todas com apelidos. Manuel não sabia nada sobre apelido das pedras, mas o contador falava o número no final da cantada. Depois do terceiro jogo, Manuel já entendia as pedras:de qualquer jeito - era 69, é uma boa - 51, justiça de Goiás - 38, é ele - 24, o irmão ascendente dele - 25, o descendente dele - 23, macaco - 17, começou o jogo - 1, terminou o jogo 75. Gozado aquele joguinho. O povo não tem mais o que inventar. Inventaram até um jogo chamado de jogo do bicho. Dá macaco, cachorro, burro. Engraçado é que tiraram muitos bichos. Nunca dá perereca - pensa Manuel. Também não tem minhoca, nem pulga. Jogo totalmente incompleto - pensa Manuel. Não tem o que inventar mais para ganhar dinheiro. Manuel também precisa inventar um meio de ganhar mais fácil.

Manuel joga com afinco. A cartela dele até que é boa. Fica apenas por uma pedra para ganhar. Quem sabe ele ganha mesmo. Quando termina cada partida, a bagunça é demais. A turma de cima do estádio jogo latas de cervejas na cabeça de quem está em baixo. Os da parte de baixo fazem do mesmo jeito.

A confusão é geral. Manuel morrendo de sede quando jogam um litro de água na cabeça dele. Povo mais sem coração. Porque não jogam a mãe?

O cantador elogia as mulheres. Dizem que o bingo vai ter uma boa renda, graças as mulheres. Quem é que disse que mulher não gosta de jogo? Elas gostam é de bingo mesmo - responde um jogador. Cada um mais debochado que outro.

O bingo termina e Manuel não ganha nada. E o pior é sair do Estádio. É um empurra empurra danado. Todos querem sair ao mesmo tempo. Muita gente é pisoteada. A correria é demais. Nunca mais voltará a um bingo deste. E ônibus? Quem é que disse ter mais ônibus? São duas horas da manhã. Manuel manda o pé na estrada. Às quatro horas Manuel chega em casa, morto de cansaço. Cai na cama e dorme o resto do dia. Esquece de ir trabalhar para a gorducha. A noite vai ao bar do Nestor. Começa a tomar umas batidinhas. Depois de estar com a cara cheia e já quase indo embora, chega o Zé Dentista. Conversa com Manuel que conta a famigerada situação em que se encontra. Zé Dentista fica penalizado com ele e promete arrumar-lhe um emprego.



Autor: Henrique Araújo


Artigos Relacionados


O Cachorro Ficou BÊbado

Quantas MÃes Tem Manuel?

Sem CalÇa No SalÃo

O Barco Doido

De Penetra No AniversÁrio

Manuel E O Delegado

A Fazenda No Pantanal