JOÃO EVANGELISTA CAJUEIRO



JOÃO EVANGELISTA CAJUEIRO
ARIONALDO MOURA
- http://www.4shared.com/document/Rhb9F7-V/JOO_EVANGELISTA_CAJUEIRO_ASPEC.html
O Professor João Evangelista Cajueiro, um alagoano que toma Sergipe como sua nova terra, ao transferir-se por motivos alheios a sua vontade, ante as exigências do labor para a sobrevivência.
Fez desta terra sua morada, e nela produziu frutos, formou gerações, e marcou a cultura sergipana, com a marca indelével do classicismo, não esquecendo o veio popular, que impera na maioria da população.
Soube mesclar o clássico e o popular; o novo e o velho. Inserido em um contexto de mudanças sociais, soube administrar as inovações e os avanços tecnológicos da língua, buscando as bases sobre as quais alicerçavam tais modernidades.
Foi Filólogo, Professor, Escritor, Latinista, Linguista, e por vezes escrevia um pouco de poesia. Era um homem introvertido, recolhido em suas lucubrações incessantes. De temperamento forte, possuía posições claras no tocante à língua portuguesa, chegando a confrontar escritores de nome nacionais em suas conclusões, deveras abalizadas.
Esteve à frente da Academia Sergipana de Letras como seu Presidente por 16 anos, enfrentando dificuldades de todos os tipos, inclusive de uma mudança política nacional, como a ocorrida em 1964.
Viu confrades, a exemplo de Seixas Dória, serem perseguidos, entretanto soube levar, a contento, esta casa como marco da democracia intelectual, por encerrar em seu seio intelectuais de princípio tão divergentes.
Não deixou uma vasta obra publicada na forma de livros por, ter sido, grande parte de suas publicações veiculadas em revistas e jornais.
Dono de uma capacidade singular na forma de argumentação e organização do pensamento ao escrever, o Professor Cajueiro, inebria a todos aqueles que por ventura venham a saborear seus escritos.
Sua forma exuberante de fundamentar, seu raciocínio utilizando largamente as referências, dialogando com os conceitos básicos e citando de maneira farta um referencial bibliográfico, a exemplo do seu artigo "De Gramática e de Língua Portuguesa, o Professor Cajueiro, foi, acertadamente, um exemplo de pesquisador e mostra toda sua pujança como Filólogo de nome nacional.
Quando escreveu sobre "A Língua e o Estilo de Carvalho Neto, destacou que o mesmo escrevia utilizando uma vasta gama de citações, chegando, mesmo a ser criticado por outros escritores, não obstante valer-se da própria fala de Carvalho Neto para responder a seus acusadores, o Professor Cajueiro, poderia fazer esta defesa, por comungar a mesma forma de expor seus trabalhos.
Seu artigo sobre "O Redobro no Pretérito Perfeito do Verbo Latino, nos apresenta seu perfil de latinista e a medida que desenrola seu raciocínio de maneira clara, segura e ricamente fundamentada, proporciona, até mesmo aqueles que não estão familiarizados com a língua, um fácil entendimento do tema abordado.
Dentre as virtudes do Professor Cajueiro, poderíamos destacar seu respeito para com os colegas, sua admiração a todos aqueles que, como ele, levam a sério a filologia. Esta marca está expressa na forma como recebeu o Acadêmico José Olino à Academia Sergipana de Letras.
Percebe-se de forma clara em seu discurso que buscava trazer para o colo da Academia personalidades que dignificassem aquele sodalício, valendo-se de recursos como indicar, angariar votos, alongar prazo para posse, contanto que a Academia fosse enriquecida com a presença de figuras intelectuais da nossa sociedade sergipana.
Como tradutor, o nobre professor, se apresenta de maneira clara e fidedigna ao texto original, a exemplo do poema de Emílio Carrere " A Noiva do Toureiro"
Como poeta, o Professor Cajueiro apresentou pouca produção, não chegando a elaborar efetivamente um livro de poesia, contudo publicava esporadicamente algumas quadras a exemplo:
Do mal de amor bem se morre
(Quem é que não sabe, quem?)
De dor atroz também corre
Quem tem saudade de alguém.

Mulher que tem verdes olhos,
Qual verde pego do mar,
Na sua alma tem abrolhos
Para o homem naufragar.

Coração, qual procelária
Nas tempestades do amor,
Vive a vida temerária
De bravo navegador.
A mocidade é lutar
Nas graves fúrias da lida;
Mas a velhice é vagar
No doce enlevo da vida.

Diante do pouco material encontrado, fica-nos o gosto de provar mais, desta qualidade do escritor pesquisado.

Dentre as obras publicadas pelo professor Cajueiro, apresentaremos "A Língua e o Estilo de Carvalho Neto"; "O Redobro no Pretérito Perfeito do Verbo Latino"; " O discurso de Saudação do Dr. José Olino na ASL". "De Gramática e de Língua Portuguesa"


Autor: Arionaldo Moura Santos:.


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