ALUNOS ELÉTRICOS
_ Já vai começar?
O menino dá um sorrisinho maroto e senta novamente. Ela retoma a chamada, ele observa os colegas matutando o que fará agora. Resolve abrir o caderno e sacrifica uma página em branco para a confecção de uma bola. Mira um indivíduo e arremessa. O outro reclama, ou devolve a bolada. A professora ralha:
_ Pára ou vai sair!
A mestra resolve começar a aula propondo a cópia do conteúdo que vai passar na lousa. O menino elétrico até abre o caderno, copia o primeiro parágrafo e decide que sua caneta não é boa o suficiente. Levanta do lugar, dá a volta nas fileiras e vai buscar caneta com o colega do outro lado da classe. Volta parando em todas as carteiras, mexendo em todos os materiais até que rouba o boné de um dos meninos e corre em direção ao corredor de sua carteira. O dono do boné grita:
_ Professoraaaaa!!!!!!!
A professora para de escrever, vira irritada e já aumenta o tom:
_ Você quer ir para a diretoria? Já está me irritando!!!!
O menino responde:
_ Não senhora! Eu já ia devolver o boné, só estava olhando!
_ Vai copiar a lição, já! ? briga a mestra.
O aluno retoma a cópia, escreve mais três palavras e olha pela janela para ver quem está passando lá fora...
Essa história se repete em muitas salas de aula, seja de uma maneira ou de outra, o aluno com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade não produz e nem deixa os outros aprenderem. Ele interrompe a aula tantas vezes que tira o professor do sério provocando bons tempos de sermão.
Os pais são chamados, ouvem chamar o filho de preguiçoso, desinteressado, reclamam para essa mãe que ela não toma providências, enfim, é um desastre.
Mamãe, se você está acostumada com tais reclamações, procure um psicólogo ou neurologista e conte a eles o que ocorre com seu filho, pois este precisa de ajuda. O aluno ligado em 220, como se diz popularmente pode sofrer de TDAH e necessita aprender a lidar com isso, muitas vezes precisando de tratamento medicamentoso. Dificilmente um aluno com esse problema consegue se concentrar em algo. Ele começa, mas nunca termina. Mas é importante lembrar que em frente a um computador que oferece estímulos visuais, essa criança consegue parar por muito tempo, o suficiente para os próprios pais acharem que ele não fica quieto na escola porque não quer.
A escola precisa ter conhecimento dos relatórios profissionais que atestam tais problemas para saber lidar com a situação. Esse aluno não pode sentar próximo a portas ou janelas, nem deve estar no fundo da classe. De preferência sentar próximo ao professor para que este possa monitorar suas ações, e no auge da ansiedade, sugerir que ele saia um pouco da classe para fazer algum favor como buscar um copo com água, giz, etc.
Os pais devem estar atentos a isso, pois se não tratar, como adultos seus filhos poderão ter vários problemas.
Autor: Cristiane Ortega Lopes
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