Júlia da Costa, uma ilustre parnanguara



Júlia da Costa, uma ilustre parnanguara

Júlia da Costa Nasceu em Paranaguá, PR, em 1844. Após a morte de seu pai, o senhor Alexandre José da Costa em 1849, ela e sua mãe, dona Maria Leopoldina da Costa, foram morar com um tio em São Francisco do Sul, SC.
Foi uma mulher que viveu muito além de seu tempo. Que soube fazer uso da poesia para revelar-se como poeta, pois não exaltou a poetisa, mas sim, a mulher-poeta que habitava no mais profundo de seu ser: "O poeta é a flor que desabrocha túmida / Ao sol da vida que dá luz ao val. / É o orvalho doce de gentil aurora / Em tímido rosal!"
Em suas poesias pode-se perceber que Júlia participou ativamente do romantismo brasileiro, porém, infelizmente, seu trabalho não teve a mesma relevância para a história da literatura brasileira como a de outros poetas do mesmo período; primeiramente por ser mulher e depois, por morar longe dos grandes pólos culturais da época ? Rio de Janeiro, Bahia e São Paulo. Como diz Muzart " ... é motivo de maior dor, uma vez que saindo da ignorância tem-se a consciência do estado subalterno da mulher, numa atuação limitada e inferiorizada".
Em sua poesia "Minha Terra" é evidente a presença de características próprias do romantismo "... Eu fui logo, (que fado cruento) / De meu lar, tão criança banida / Ai que dores! Que mágoas acerbas / Desde então me atormentam a vida./ ... / Eu chorei por meu berço mimoso / Como o pobre proscrito por pão! / E sequer não ouvi nesse mundo / Nenhum brado de doce afeição.
O mesmo estilo pode ser verificado em sua poesia "Tristeza" ... Ao merencório marulhar das ondas / Sozinha, agora, na deserta praia / Vem à tristeza acrescentar o pranto / Que pelos seios a saudade espraia! [ ... ].
Muitos afirmam que as poesias contidas nas obras Flores Dispersas I e Flores Dispersas II, denotam uma Júlia amarga e sofrida em virtude de seu casamento com o Comendador, por imposição de sua família. Porém, isso não procede, já que ela casou-se em 1871 e seus livros foram publicados nos anos de 1867 e 1868 respectivamente e uma terceira edição publicada em 1874-1885. Diante desses dados, é fácil deduzir que Júlia, realmente, pertencia à escola romântica brasileira.
Completamente só, sem mais a presença materna, nem tampouco a de seu companheiro, no dia 12 de julho de 1911, aos 67 anos, morre em São Francisco do Sul-SC. Júlia da Costa, uma ilustre parnanguara que deixou registrado nos anais da história sua marca indelével como poetisa do romantismo brasileiro.

REFERÊNCIAS

JÚNIOR, Nascimento. Júlia da Costa. Conferência. Paranaguá, p. 04 ? 16, 01 de jul. 1944

LIMA, Rosy Pinheiro. Vida de Júlia da Costa, Curitiba. Escola Técnica de Curitiba ? 1953.

MUAZRT, Zahid Lupinacci ? Anuário de Literatura, p. 18. São Paulo;
Companhia de Letras, 1987.

Autor: Léa Mattar Leister


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