É PRECISO AVISAR OS POSTES



É PRECISO AVISAR OS POSTES

Manuel e a patotada resolve retornar para Santana. Já descansou bastante e por isso tem que fazer alguma coisa. Já estava com saudades de sua cidadezinha. Era uma cidade pequena, mas muito gostosa para se morar. O povo também era bom. Manuel é que era ruim mesmo.

Na cidade todo mundo já sabia que Manuel tinha ganhado na loto. Ninguém sabia explicar quem falara aquilo. Ele nada dissera a ninguém. Provavelmente foi o gerente da Caixa.

Manuel vai ao bar de antes novamente. Todos vêm abraçar o novo milionário. Muitos queriam vender alguma coisa para Manuel. Alguns queriam vender casas, carros, carroças, sítios e até pulseiras de ouro. Manuel não quis comprar nada. Estava pensando onde empregar o dinheiro. Tinha muita coisa na cabeça. Pensou em comprar um carro. Ele voltou para casa, depois de ter bebido um pouco.

Os bebuns ficaram pensativos. Manuel de carro? Ih, temos muito que trabalhar. É preciso avisar poste por poste, cuidado, o Manuel vai passar de carro por aqui. Tenham cuidado! E as casas? Precisa avisar as casas também. Pode ser que alguma casa atropela o carro do Manuel.

Manuel compra mesmo um carro. O último modelo. Anda bem com ele nos primeiros dias. Ele sabia dirigir bem. Todo mundo ficou com inveja. Manuel passou a farrear com o carro, ia pra todo lugar com o baita. Enchia a cara de cachaça e o carro de mulheres. Vida boa é a vida de rico. Não têm muito com o que se preocupar.

Manuel enche o tanque de álcool do carro e o seu também. Sai pela cidade totalmente embriagado. Pára em quase todos os bares e lota a cara ainda mais. Volta pra casa com o carrão. Acionava logo 100 kms por hora em plena avenida. Vê um carro na frente, tenta ultrapassá-lo, mas é atrapalhado pelos outros. Volta para o lado direito. O jegue do outro carro ainda está lá. Ele bate no carro jegue com toda a força. Lá se foi tudo. Virou um monte de ferro os dois carros. Manuel sai mais biruta, esvaindo sangue pelo nariz. Vai pra casa. Só no outro dia foi saber dos estragos. Teve que pagar o conserto do seu carro e o do outro.

Após dois meses, Manuel pega o carro de volta, após pagar uma grana violenta. Fica bem com o carro por uns dias, mas retorna a bebedeira antiga. E bebe tanto o Manuel que bate o carro violentamente num poste. Ele caiu e saiu correndo. O carro incendiou-se. Não sabia nada o Manuel, de tão zonzo que estava. Os guardas aparecem e percebem o estrago. Pergunta a Manuel a quantos kms ele vinha. Nada não, seu guarda. Coisa pouca. Estava em baixa velocidade. O ponteiro só marcava 10, 12, 10, 12. Só isto? Assombrou o
guarda. Você estava a 100, 120 kms por hora. Você é louco? Só não vou multar você, por excesso de velocidade porque não tem mais o que multar. Nem ferro velho vai aceitar isto aí. Os guardas vão embora e Manuel se manda para casa. Ainda está muito zonzo. Abandona aquele montão de ferro velho ali mesmo.













Autor: Henrique Araújo


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