Dia Mundial de Cobate ao Suicídio



É complicado falar de um assunto tão complexo. Muito mais complicado é entender o que leva uma pessoa a tirar a própria vida enquanto tantas mulheres anseiam pelo dia de serem mãe. Complicado entender uma diferença tão grande.
Não sei quando começou a se pesquisar estatisticamente o índice de suicídios pelo mundo, muito menos no Brasil especificamente. Uma coisa é certa. É preciso entender o que leva um indivíduo ao suicídio. E isso passa por todos nós. Não cabe culpar esse ou aquele setor sobre o que causa um distúrbio tão grave para que se tome tal atitude, atentar contra a própria vida.
Uma coisa é certa, o suicídio não é coisa da modernidade. Relatos históricos mostram que tal prática, horrenda por sinal, já vem de há muito tempo. Claro que se acentua com o passar do tempo devido até mesmo ao crescimento demográfico. Mas essa não é a causa e longe de tentar justificar essa ou qualquer outra. Porém é notório que quanto mais o homem evolui, mais longe da paz fica, mais longe de objetivos concretos, mais longe da felicidade e, principalmente, mais longe de uma estrutura espiritual condizente com seus anseios.
Durante toda a Idade Média havia a religião como parâmetro de comportamento, de conduta e de pensamento, mesmo que erradamente imposta à força pela Igreja Católica. Mas, bem ou mal, tinha algo que norteava as vidas na sociedade.
Vem o Renascimento, sócio-cultural e espiritual, e modifica este parâmetro. Encontra força no Iluminismo que coloca o homem no centro das atenções, o Antropocentrismo. A partir desse momento o homem passa a se interessar pelo "eu", não é mais analisado coletivamente, mas individualmente, mesmo vivendo e convivendo em sociedade. Passa a valer o aqui e agora, o mundo criado, recriado e inventado pelo homem. A busca por realizações, por sucesso e por notoriedade são mais importantes do que se interessar pela fraternidade, um dos parâmetros iluministas. Quando estas ambições não são atingidas, por vezes objetivadas em tempo mínimo, vem a frustração, a sensação de fracasso e vem o desequilíbrio emocional. Consequência? Uma série de atitudes irracionais como o suicídio.
É impossível justificar o suicídio, porém alguns detalhes chamam a atenção. Quase sempre está ligado a um fracasso, sentimental ou profissional. A falta de um apoio psicológico, não apenas dos profissionais dessa área visto que o tendencioso ao suicídio não se considera um desequilibrado emocionalmente, mas, e principalmente da sociedade. As cobranças são muitas e em todos os âmbitos. Não há mais a compreensão dos limites individuais e muito menos são respeitadas as individualidades. Em um mundo capitalista o rendimento profissional sofre assédio psicológico constantemente. É o trabalhador que se não produzir igual a outro corre o risco de perder o emprego. É a hierarquia autoritária, déspota, absolutista, que vê o homem como máquina e até como brinquedo de seu poder. Onde fica o lado humano? No que produz, no que vale e quanto mais produz mais vale, é a mais valia pregado e apregoado por Karl Marx. Se não produz, não presta, é descartável. A família sofre. O individuo se culpa e a saída, em um breve momento de fraqueza é tirar a própria vida, até mesmo por vergonha de não poder sustentar a família, de não poder colocar comida na mesa dos filhos. A sociedade cobra e o preço encontrado é levar tal pessoa a sair de circulação, os "imprestáveis" por suas próprias vias.
Aprendi desde cedo que a maior sentença de morte chama-se desprezo. Podemos viver em meio a milhares de pessoas e não sermos notados. É o desprezo social. Um sorriso pode aliviar a dor de alguém que se sente um fantasma na multidão. Um bom dia desejado pode alegrar o dia de alguém e este pode vir mesmo a ter esperanças de ter um bom dia. Quem sabe não se está salvando uma vida? É a tal ajuda psicológica que não precisa de um diploma para ser administrada.
Combater o suicídio pode começar por um sorriso a qualquer que cruze o nosso caminho. Um aperto de mão sincero e amável. É o amar aos outros como a ti mesmo. Sábias palavras de um Jesus.

Prof. Jomar Alves


Autor: Jomar Alves


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