Mais Duro Que Pau De Tarado



MAIS DURO QUE PAU DE TARADO !!!!

Essa era a expressão que usávamos na adolescência, quando alguém nos convidava para um programa do qual não poderíamos participar por falta de grana.

E agora me lembrei dela porque apliquei o 171 que costumávamos aplicar naqueles tempos, como alternativa.

Lembrei-me de uma vez que, eu e mais a minha patota – hoje se diz galera – sem um puto no bolso, saímos pela cidade à cata de alguma festa para penetrarmos – o famoso penetra!.

No Rio de Janeiro havia o " Clube dos Cafajestes" que agia da mesma maneira, só que lá eles tinham o intuito de "amarrar" ou seja, casar com ninfetas da alta sociedade e entrar na fortuna dos sogros milionários. Sempre que um conseguia dar o "golpe do baú", ficava implicitamente obrigado a conseguir em seu novo meio social, uma noiva milionária para um dos componentes do grupo. As apresentações se davam nas festas suntuosas, na pérgula do famoso Copacabana Palace, da família Guinle. Ibrahim Sued, um semi-analfabeto, cronista social da época, foi um dos que se deu bem com a parceria.

Aqui não havia nada disso. Ribeirão Preto àquela época era bem provinciana, tipo cidade onde as famílias ainda sentavam-se nas portas de suas casas e ficavam "apreciando" o movimento.

Passava um, cumprimentava, outra matrona mais fofoqueira parava para tirar um dedo de prosa e saber das últimas – por exemplo, quem tinha caído na vida e dado o rabo para outro alguém, ou quem tinha largado da mulher por causa da empregada ou secretária do escritório, ou ainda quem era o chifrudo da semana.

Foi nessa Ribeirão que eu vivi minha juventude.

E numa dessas saídas com a turma, vendo movimento na frente de uma das casas que circundavam a praça XV de Novembro, onde desde aquela data se instala o famoso Pingüim, abordamos na maior cara de pau uma das gatinhas que se encontravam na porta.

Para um primeiro contato, o mais carudo era solicitado. Ele então se apresentava e dizia ter sido convidado por um amigo do ou da aniversariante, mas que não se lembrava do nome do ou da dita-cuja.

Nesse dia, a garota que nos atendeu era escolada na tática e apenas pediu que aguardássemos, pois ela iria buscar a aniversariante.

Em poucos minutos ela retornou com uma garotinha linda no colo e disse – Pronto, aqui está ela. É a Gabriela...Está completando um aninho hoje!

A gargalhada foi geral. Enfiar a cara onde?!! Sair correndo?!!

Só sei que nesse meio tempo, um da turma conhecia outra que estava junto com a primeira e papo vai, papo vem, acabamos convidados para a festa!

Mas voltando ao assunto do 171, hoje eu soube pelo jornal local da Plim-Plim que o Luis Fernando Veríssimo estaria na cidade para uma palestra no auditório do SESC. Eu sou macaco de auditório desse cara! Desde o Analista de Bagé que leio suas crônicas e suas tiras sobre o Boca, um genro safado, desempregado, que só faz viver à custa do sogrão.

Palestra às dezesseis horas, em plena quinta-feira!É só pra quem pode e vive de juros como eu! (Juro que eu te pago no fim do mês... rsrssr)

Banho tomado, barba feita, roupa de domingo, lá fui eu encarar meu ídolo gaúcho.

Logo na entrada do Sesc, ele descendo apressado da van, atrasado para o compromisso,ainda teve tempo para pedir-me que posasse para uma foto ao seu lado. É lógico que aquiesci ao seu pedido – depois vou anexá-la ao meu "yorgurt" ( LYLICO NETO) para que vejam aqueles quenão estiverem acreditando.

Durante a palestra, tive a oportunidade de perguntar-lhe se seu genro não se ofendia com as piadas que ele apresentava nas tiras do Boca, embora sabendo que não deveria ser ele o "muso" inspirador das gozações. Rindo ele me respondeu que não, haja vista que sua filha havia se casado com um inglês que até então não fala nem lê português, portanto incapaz de entender sua picardia nas tiras. O auditório riu da observação.

Um homem simples, contido, ingênuo no trato com a platéia. Dito por ele mesmo, um tímido no relacionamento com o público, porém um ser de expressiva presença, cativante por sua simplicidade, gigante por sua humildade, uma criatura doce, ao referir-se à neta recém-nascida!

A palestra, nem seria necessário dizer, agradou a todos.

O que eu não sabia, é que na seqüência, às vinte e uma horas, haveria um espetáculo de jazz com o que eles dizem ser o único sexteto com cinco componentes! É isso mesmo. Ele faz parte de um conjunto de jazz e desempenha magnificamente o seu papel.

Mas o relato do show e o tal 171 vão ficar para a próxima crônica, pois não quero abusar da bondade de vocês, meus queridos, pacientes e fiéis leitores.

Soriévilo08/05/08


Autor: Oliveiros Coelho Neto


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