A formiga e o sádico gigante



A formiga e o sádico gigante

A formiga corre desesperadamente pela folha do caderno se locomove numa velocidade aterradora dado ao seu minúsculo tamanho.
Subitamente a minha mão como que por um reflexo condicionado maligno, mortífero, esmaga aquele insignificante pontinho preto que ousava cruzar o meu território.
Dá para imaginar o impacto da minha mão massacrando-a impiedosamente através das listras do caderno.
Creio que o impacto seria mais ou menos comparado a alguém atravessando uma pista de vôo no exato momento que um 747 estivesse pousando.
Na minha cabeça vejo agora o porquê de tamanha pressa, parece que em sua santa intuição sabia que estava cruzando um campo minado ou um território dominado pelo inimigo ou ainda que a qualquer momento pudesse ser vitima da cólera do gigante maluco e sádico que estava à espreita vigiando tudo à espera exata que ela ousasse violar as regras tentando passar por cima da imaculada folha de caderno.
Mas confiava em si para tal empreendimento, só não calculou a minha frieza, a minha atitude de selvageria geneticamente herdada, engatilhada para ser deflagrada.
Eu sei que o que eu fiz não tem compensação, mas se existe minha cara defunta formiguinha tudo é muito relativo e o tamanho e o tipo de cérebros não tem muita importância nesta nossa realidade existencial, se isso te conforta um pouco eu te digo que mais cedo ou mais tarde serei eu também varrido, expulso e enxotado de meu confortável posto humano e serei parte da historia tal qual tu foste.
Mas os santos, os profetas e os livros sagrados dizem que tudo isto é só para o nosso próprio bem.
Então descanse em paz minha cara amiga, será que nos veremos de novo?

23-03-2000


Autor: Cesar Valerio Machado


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