Dominação e ética em Max Weber.



Dominação e ética em Max Weber.

Por: Arão Marques da Silva

A pós-modernidade é caracterizada por profundas mudanças de paradigma, e pela rapidez como as informações circulam no planeta. Além disso, pela degradação da humanidade, através do crescente aumento dos excluídos, pela xenofobia, discriminação racismo, terrorismo, etc. (Fraga, 1999, p. 76). Ao mesmo tempo em que a humanidade vem passando por grandes transformações nas tecnológicas, principalmente, a nações desenvolvidas, a grande maioria dos povos tem emergido na absoluta miséria. A burocratização e a racionalidade da relação capital/trabalho se fundamentam na modernização dos meios de produção e na ética da exploração daqueles povos que possuem poucas tecnologias. (Fraga, 1999. p. 69).

As transformações pelas quais a sociedade pós-moderna vem passando, tanto em relação a cultura, com em relação a teoria do conhecimento, isso devido o avanço das ciências, principalmente, as a física e a matemática, não foram acompanhadas pelas ciências da humanidade com sociologia e psicologia. As ciências da humanidade, acabaram se confrontando com mudanças de modelos e paradigmas que produzem crises sem precedentes. As mudanças aceleradas nos modelos de produção (fordismo, toyotismo, etc,) e o aumento da riqueza e do consumo, possibilitaram o desenvolvimento do capitalismo e proporcionou uma profunda alteração de perfil social É evidente que a racionalidade dos processos tecnológicos chocando-se com a desrazão das ações humanas. Neste contexto, a teoria weberiana, oscila entre modernidade e o anunciou de uma crise. Assim sendo, parte da sua teoria se fundamenta na racionalidade e a outra no conflito. (Fraga, 1999, p. 69-70).

O pensamento de Weber oscila entre o discurso da modernidade e a anunciação de uma crise. Isto significa coloca-lo no registro de uma compreensão bastante atual e polêmica acerca dos destinos do comportamento social contemporâneo. Weber busca aspectos metodológicos e epistemológicos como instrumentos de distanciamento cientifico para a realização da descrição e reconstrução teórica da realidade empírica. Ele é compromissado com a modernidade. (Fraga, 1999, p. 71).

Na pós-modernidade, há uma falência do projeto racional do mundo. (...) A modernidade de um lado defender a autonomia do homem, mas não pode abrir mão da heteronomia enquanto forma de dominação social. (...) Weber percebe que ocorre um desencantamento no mundo devido ao avanço da racionalidade. A perda seria em relação ao mítico, ao mágico como fundamento da verdade sobre o mundo e sobre ações: o fato, não seria uma perda, na concepção da palavra, mas a troca da metafísica pela racionalidade. (Fraga, 1999, p. 72).
Weber encara a racionalidade como um valor que orienta as ações sociais e que se constitui como uma forma de dominação e, por isso, útil ao desenvolvimento do sistema capitalista. Suas concepções acerca da burocracia e dominação tornaram-se particularmente fecundas para a compreensão da sociedade capitalista moderna, do ponto de vista de vista organizacional e do poder. (Fraga, 1999, p. 73).

O mundo passa por profundas transformações culturais, econômicas, políticas e cientificas. (...) as relações étnicas mudaram, as relações políticas mudaram, as sociedades tornaram-se grandes mercados e o Estado busca garantir o mínimo de sentido funcional enquanto instituição. (Fraga, 1999, p. 74).

Para Arendt, citada por Fraga, (1999, p. 71) a razão absoluta e funcional, mas seu revés significa que se institui uma crise de valores éticos, e acabamos, por fim, banalizando a vida. O homem pode dominar todas as coisas pela previsão; isto corresponde a desencantar o mundo. (Fraga, 1999, p. 75).

O impacto econômico das revoluções liberais alterou o perfil da sociedade moderna. O Estado passou a buscar cada vez mais garantir o exercício da cidadania. (...) A sociedade pós-moderna mergulhou em fenômenos como a: internet, a globalização, clonagem, era planetária, ONGs, etc, do outro lado, a degradação do homem, , a xenofobia, o terrorismo, a miséria, o consumismo, etc. (Fraga, 1999, p. 76).
As experiências políticas, não têm sido das mais existosas.(...) Há um ceticismo político, motivado pelo exemplo negativo da ação de alguns políticos. O problema da ética na política, ele parte da idéia de valores. Weber faz ainda uma analise bastante profunda do sistema capitalista, apontando elementos lógicos da formação e deformação.(...) O capitalismo conseguiu demonstrar uma capacidade bastante significativa de superação de suas contradições. (...) Weber testemunhou a recuperação do capitalismo, após a crise do inicio do século XX. (...) isto possibilitou Weber pensar de forma diferente as soluções ou alternativas para a sociedade capitalista, (...) que convivia entre um grande desenvolvimento econômico e um grande subdesenvolvimento social.(Fraga, 1999, p. 77-78).

Os elementos fundamentais da lógica capitalista são: exclusão social, devalorização constante e rápida de mercadorias e impossibilidade de controle macroeconômico sobre a sociedade. Para solucionar esta problemática é necessário compreender as ações do homem para assim o cientista social buscar mecanismos a fim de mediar o processo exploração. (Fraga, 1999, p. 79).

O Estado, o direito, e a burocracia são instrumentos racionais que garantem o funcionamento do capitalismo. A função do Estado é garantir e formatar a coesão social. (Fraga, 1999, p. 80).

O método weberiano cientifico se constitui na construção dos tipos ideais que são parâmetros de investigação cientifica, a partir do qual o pesquisador se aproxima do objeto investigado. Weber citado por Fraga, (1999, p. 81) assim define o tipo ideal. O tipo ideal é uma construção racional que cumprido com algumas exigências formais, deve apresentar em seu conteúdo as características de uma utopia. De fato o tipo ideal nunca ou dificilmente pode ser achado na realidade.

Em relação à racionalidade; Weber compreende que a racionalidade é classificada em quatro tipos que são: racionalidade conforme fins determinados, que esta ligada a intencionalidade da ação do agente social, onde há previsão, calculo, planejamento com os fins da ação; racionalidade conforme valores, tem haver com valores, crenças, o agente agem conforme suas convicções; afetiva especialmente emotiva que é determinada pelas emoções do agente social; tradicional que é determinada conforme os costumes arraigado. (Fraga, 1999, p. 82-83).

A dominação é a formação de uma conduta que ganha estatuto de legitimidade. A obediência a determinados regras ou normas precisa estar inscrita no âmbito de uma aquiescência dos agentes. (...) as estruturas de dominação condicionam os agentes a crerem na própria legitimidade da dominação. (Fraga, 1999, p. 83-84).

Para Weber citado por Fraga, (1999, p. 84). A dominação racional repousa sobre a crença na legalidade de ordenação instituídas e dos direitos de mando dos chamados por essas ordenações a exercer a autoridade. Dominação tradicional repousa sobre a crença na santidade das tradições que vigoram desde tempos longínquos e na legitimidade dos que são designados por esta tradição para exercer a autoridade. Dominação carismática repousa sobre a entrega extracotidiana à santidade , ao heroísmo ou à exemplaridade de uma pessoa e às ordenações por ela criadas ou reveladas.

A questão ética para Weber, no âmbito do exercício das ações políticas se fundamenta em três pontos de analise: o agente, os meios e os fins. Na ação política o que está em jogo é a obtenção e manutenção do poder. O agente político utiliza todos os meios necessários para alcançar os fins de uma ação. As estratégias usadas por um agente objetivam alcançar um fins, mesmo sendo necessário o uso de meios fraudulentos, mais o que interessa são os objetivos a ser alcançado pelo agente político. Com afirma Maquiavel: Os fins justificam os meios para o agente político. Faz mais rouba. Na ação do agente político a ética da responsabilidade é quase inexistente.
FONTES: FRAGA, Rogério. Dominação e ética em Max Weber. In: Sociologia: textos e contextos. Coordenação de Ottamar Teske: apresentação de Valter Kuchenberg: prefácio de Gerhard Grasel. Canoas, Rio Grande do Sul, Editora ULBRA, 1999.

Autor: Arão Marques Da Silva


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