A idéia central do pensamento econômico de Adam Smith



A idéia central do pensamento econômico de Adam Smith

O presente trabalho versará especificamente sobre Adam Smith, ao meu ver, o principal teórico clássico liberal, e a sua obra "A riqueza das nações", dividido em cinco livros, lançado em 1776, uma vez que a aludida obra é tida como a primeira onde foi realizado um estudo sistemático e organizado da Economia. O economista liberal clássico Adam Smith foi escolhido como objeto do presente trabalho em razão do grande destaque que teve com a sua obra "A riqueza das nações", onde sistematizou e organizou o estudo da economia, posteriormente, sendo considerado o patrono da Economia como disciplina autônoma.

Frise-se que, embora as idéias trazidas na obra não fossem inteiramente originais, "A riqueza das nações" trouxe de forma organizada uma série de considerações históricas e um vasto material empírico a cerca do estudo da economia, servindo como paradigma teórico para o próprio desenvolvimento da Economia ao longo do século XIX. Diante disto, não poderia ser outro o teórico estudado se não Adam Smith, afinal, em se tratando de um trabalho voltado para o campo econômico nada melhor do que buscarmos a matriz da estrutura econômica liberal do modo como a conhecemos hoje, isto é, nos estudos e trabalhos do autor em fomento.

A título de curiosidade, oportuno referir que Adam Smith nasceu em 1723 na cidade de Kirkcaldy, na Escócia, onde completou sua educação secundária. Ao encerrar o seu estudo secundário, Smith se transferiu para a universidade de Glasgow, ainda na Escócia, no intuito de estudar humanismo. No entanto, antes de se graduar em Glascow, Smith ganhou uma bolsa para estudar em Oxford, no Balliol College, onde aprofundou seu estudo no campo da filosofia clássica e literatura, tendo encerrado seu bacharelado por lá ainda que em meio a atritos com professores em razão de ter sido pego lendo uma obra de David Hume.

Após encerrar o seu bacharelado, Smith retornou a Escócia e começou a sua carreira acadêmica, primeiro ministrando cursos avulsos de literatura inglesa e, por volta de 1750, voltou-se ao tratamento de problemas da economia, vindo a criar uma boa reputação no meio acadêmico. Então, foi eleito para dar aulas na cadeira de Lógica da Universidade de Glasgow, posteriormente, assumindo a cadeira de filosofia moral na mesma universidade. Já em 1759, isto é, aos 36 anos, Smith publicou sua primeira obra, "A teoria dos sentimentos morais", voltada ao estudo sobre moral e psicologia.

Pois bem, em 1976, Smith publicou a sua obra mestra, "A riqueza das nações", onde ele se preocupou em delinear um novo rumo para as sociedades no tocante ao plano econômico. Em sua obra, o autor trabalha a ideia de um mercado que se autorregularia, ou seja, não se faz necessária uma intervenção do Estado na Economia, afinal, sem a dita intervenção o mercado iria se moldando aos interesses da população.

Para Smith, um mercado livre poderá produzir de acordo com a expectativa da sociedade, produzindo bens na quantidade e no preço que ela espera. Por exemplo, se há apenas um comerciante que venda algodão doce em determinada sociedade, ele poderia colocar os preços no patamar que bem entendesse, mas na medida em que os demais membros da sociedade percebessem a grande margem de lucro que o vendedor de algodão doce está tendo, iriam aparecer novos vendedores de algodão doce e, consequentemente, os preços iriam se adequar ao binômio oferta/procura.

Nesse sentido, vemos que Smith defendia os ideais do liberalismo dentro da Economia, porém, não negava que o Estado, em ocasiões pontuais, deveria intervir para evitar a ocorrência de monopólios ou de cartéis comerciais, uma vez que a o mercado para se autorregular necessita de competitividade, livre concorrência, a fim de atender os anseios da sociedade tanto na produção quanto na qualidade dos produtos ofertados e até mesmo no preço destes. Enfim, Smith demonstrou através de sua obra que o Estado deveria intervir o mínimo possível na Economia, ponto em que estamos nos referindo a baixa tributação e ao estímulo da livre concorrência entre os membros da sociedade, pois somente desta forma o mercado se autorregularia e produziria bens na quantidade e no preço que a própria sociedade espera. Afinal, a intervenção direta do Estado na Economia acarretaria na redução do bem estar social.

De acordo com o pensamento de Adam Smith, a intervenção do Estado ocasionaria numa Economia menos eficiente, por conseguinte, que geraria menos riquezas não só ao próprio ente governamental como também para os indivíduos. Conforme Smith, os indivíduos, ainda que estejam em busca de seu próprio capital sem pensar na sociedade, acabam contribuindo para o todo mesmo que indiretamente:

"Todo indivíduo empenha-se continuamente em descobrir a aplicação mais vantajosa de todo capital que possui. Com efeito, o que o indivíduo tem em vista é sua própria vantagem, e não a sociedade. Todavia, a procura de sua própria vantagem individual natural ou, antes, quase necessariamente, leva-o a preferir aquela aplicação que acarreta as maiores vantagens para a sociedade...
Já que cada indivíduo procura, na medida do possível, empregar seu capital em fomentar a atividade nacional e dirigir de tal maneira essa atividade que seu produto tenha o máximo valor possível, cada indivíduo necessariamente se esforça por aumentar ao máximo possível a renda da sociedade. Geralmente, na realidade, ele não tenciona promover o interesse público nem sabe até que ponto o está promovendo (...) visa apenas a seu próprio ganho e, neste, como em muitos outros casos, é levado como que por mão invisível a promover um objetivo que não fazia parte de suas intenções" (A riqueza das nações)".


Dessa forma, para ele o papel do Estado deveria se limitar tão somente a três aspectos, quais sejam, (i.) defender a nação, (ii.) promover justiça e segurança aos cidadãos e (iii.) empreender obras sociais necessárias que a iniciativa privada não conseguiria promover sozinha. Ainda, válido referir que Smith foi o propulsor da Teoria das vantagens absolutas, oriunda justamente do livro "A riqueza das nações". Nessa teoria o autor defendia os seguintes aspectos: (i.) a especialização das produções, onde ocorreria a divisão do trabalho em plano internacional e (ii.) trocas entre os produtos excedentes produzidos em cada nação. Em suma, cada país deve se concentrar no que pode produzir a custo mais baixo e trocar o excedente dessa produção com outros países pelos produtos que estes produzirem.

Nesse passo, necessário trazer as palavras de FEIJÓ quanto às ideias da presença do Estado no pensamento econômico de Adam Smith:

"(...) não significa que Smith dê um tratamento meramente mecânico à questão do crescimento econômico. Ele também incorporou aspectos institucionais. Enfatiza o papel da lei, da propriedade privada e a necessidade de ausência de barreiras no mercado a fim de que os processos identificados ocorram na prática."


Muito embora o livro em fomento, "A riqueza das nações", não tenha alcançado o sucesso merecido quando da sua publicação, com o passar do tempo acabou ganhando o devido destaque e servindo como base para a formulação do pensamento de vários economistas, dentre eles podemos citar outro teórico de grande destaque dentro da prórpia escola clássica liberal: David Ricardo. Nessa senda, podemos dizer que, ainda que o Smith tenha falecido em 1790, o seu pensamento sobre Economia, qual seja, a pouca intervenção do Estado no âmbito econômico, esteve constantemente presente no pensamento econômico do século XIX e alguns de seus ideais continuam presentes na sociedade até os dias atuais.

Conclusivamente, cumpre mencionar que Adam Smith sistematizou e organizou as idéias sobre Economia, influenciando de forma direta os teóricos que depois dele vieram, defendendo o liberalismo econômico através da não intervenção direta do Estado na Economia e do ideal de um mercado que se autorregula em razão de produzir para atender as necessidades de determinada sociedade (oferta/procura), sendo o criador da livre-concorrência, princípio econômico insculpido inclusive dentro da própria Carta Magna brasileira.

Referências

Adam Smith ? O formulador da teoria econômica. Disponível em http://www.coladaweb.com/economia/adam-smith-o-formulador-da-teoria-economica Acesso em 09 de outubro de 2009 às 19:52.

A Teoria Econômica de Adam Smith. Disponível em http://www.vestibular1.com.br/revisao/r238.htm Acesso em 09 de outubro de 2009, às 20:02.

FEIJÓ, Ricardo. História do pensamento econômico: de Lao Tse a Roberto Lucas. São Paulo: Atlas, 2001.

Teorias Econômicas. Disponível em www.vestibular1.com.br/revisao/teorias_economicas.doc Acesso em 09 de outubro de 2009, às 20:04.

Autor: Guilherme Simão Lisbôa


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