Raio de Luz - sétima história



Meu pai nasceu em 18 de setembro de 1926 em Campo Grande e Minha mãe é nascida em 23 de outubro de 1929 em Amambaí,época que ainda era Mato Grosso.
Eles se conheceram num baile em Ponta Porá oferecido pelo seu José Ferreira, que ao contrário do que parece não tinha parentesco com minha mãe. Meu pai nesse dia tocava violão no baile pra animar a festa, e diga-se de passagem, era muito bonito. Enquanto ele tocava, minha mãe chegou ao baile com a família e foi tirada para dançar por um rapaz. Quando a música parou e ela voltou para a mesa da família diz ter levantado o rosto e seus olhos encontraram diretamente os olhos dele, que se encontrava encostado no batente da porta. Minha mãe conta que sentiu como se um raio de luz, ou uma chama, não soube explicar, saísse dos olhos dele direto para os dela e sentiu ofuscada com a luz. Sentiu-se sem jeito e, com muita vergonha, pois nunca tinha sentido ou visto isso antes, foi se sentar a mesa. Pois ele veio até a mesa da família e pediu licença para o pai dela para dançarem juntos, naquela época o pedido consistia em tirar um lencinho do bolso e cumprimentar a moça, que com o consentimento do pai, saiu para dançar. Quando terminou o baile ele se despediu dela e dos familiares, e cada um saiu para um lado. Depois de alguns minutos escutaram descarregar o revolver 22 que ele tinha. Ela inda comentou brincando "olhaí, ele ta achando que conquistou a moça".
Passado dias, ele foi visitar a pretendida e passou na casa do seu José Ferreira pra perguntar como chegar na casa dela, e seu José ensinou o caminho, mas já com intenção de assustar o rapaz por brincadeira o alertou e aos outros companheiros, que o velho era de respeito e que era muito brabo e tomassem cuidado que o mesmo andava armado com espingarda e espada. Os rapazes ficaram ressabiados, mas seguiram mesmo assim. E foram muito bem recebidos pelo velho brabo. Logo que chegaram foram convidados para entrar na sala e, enquanto minha mãe foi fazer o chimarrão e seu pai a acompanhou, os convidados encontraram num canto da sala uma espingarda velha que meu avô usava para espantar passarinho na roça e uma espada enferrujada, lembrança da guerra. Um olhou pro outro e desataram a rir, só tiveram que conter o riso pra moça não saber o carão que tinham passado na estrada até chegar lá. 
E o começo foi assim, se casaram depois de 2 anos e 5 meses e, como minha mãe disse, foram felizes para sempre, até que a morte os separaram, o que eu acho que não é bem verdade, acho ainda que estão unidos pelo que ainda sentem um pelo outro e, creio eu que esta história tem continuação. 


Autor: Márcia Ferreira Marques


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