Peça Teatral



CONVERSA DE GENTE GRANDE

ENTRAM FÊ E ROSA.

FÊ: Mãe as meninas vão vim aqui hoje.

ROSA: Desde que não façam bagunça, pois a última reunião de vocês mais parecia uma festa.

FÊ: Ta mãe, dessa vez a gente se comporta eu juro.

(Toca a campainha, Rosa sai para atender).

ROSA: (grita) A Cida e a Clara chegaram. (Elas entram com livro e caderno na mão).

FÊ: Que cara é essa Cida? Até parece que viu um fantasma.

CIDA: Ouvi coisa pior, a Clara me contou que quando menstruou achou que ia morrer.

FÊ: Não, é uma toupeira.

CLARA: Ah, meninas! Eu não sabia. Quando vi aquele sangue escorrendo pelas minhas pernas... Ai! Passou tanta coisa pela minha cabeça, que eu achei que ia bater as botas. Foi terrível!

(Nesse instante entram Paty e Rute, com material escolar).

PATY E RUTE: Oi meninas.

CLARA: É que eu moro com minha avó, e ela vocês sabem. Falar disso com a velha é o fim do mundo...

FÊ: Igual a minha mãe.

CLARA: E aí já viu! Eu nunca me preocupei com isso, só queria saber de brincar e quando aconteceu foi um susto. Mas agora estou preparada, minha avó não fala sobre esses assuntos mais, mais vocês sabem (as meninas concordam com um hum), então são livros, revistas, TV, filmes e as amigas.

PATY: Já que vocês começaram o assunto, o Julinho tá querendo aprofundar a nossa relação. Eu sempre dava uma desculpa e acabava fugindo dele. Mas ele está insistindo demais e eu não sei mais o que fazer.

CLARA: Por que vocês não conversam abertamente sobre o assunto? Seria mais prático.

RUTE: É, talvez a Clara tenha razão. Eu sou defensora do sexo depois do casamento, mas no seu caso Paty vocês têm que conversar.

CIDA: É, mas vem cá. Você tá a fim de transar com ele, ou ele é que está com a pressa e o fogo todo?

PATY: Ele é óbvio que está com todo o fogo do mundo. Mas eu não sei se quero, se estou preparada. Eu tô com dúvidas. Ah!

RUTE: Esquece esse cara, porque você pode entrar numa fria. Faça sexo só depois do casamento.

FÊ: Não creio muito nessa teoria, se as duas estão a fim e se sentem preparada, porque não transar. É algo natural da espécie.

CLARA: Desde que a pessoa não deixe isso se tornar uma promiscuidade e perder o respeito perante os outros.

CIDA: É preciso responsabilidade, o que infelizmente falta na cabeça de muitos jovens, que acham a primeira vez e as seguintes são, como diria um misto de curiosidade e imaturidade.

(Ouvem-se passos).

FÊ: Gente, muda de assunto que minha mãe tá vindo. Abram o livro na página 32. andem logo. (começa) A vagina é o órgão reprodutor feminino que faz ligação do útero com...

(Entra Rosa)

 

ROSA: Mas o que vocês estão estudando?

CIDA: Biologia. Seminário.

ROSA: Falando de vagina?

FÊ: É mãe, estamos estudando todos os aparelhos humano.

FÊ: Eu tô indo no mercado e já volto.

CLARA: Oh, tia como era os namoros de antigamente, na época da senhora? (Fê tem vontade de esganar Clara).

ROSA: Eu não sou tão velha assim, mas era diferente de hoje. Não tinha tanta sem-vergonhice. O rapaz ia na casa da moça, sentava no sofá, com os pais do lado, irmãos do outro. Teve uma vez que fui ao cinema com o pai da Fê e todos os meus irmãos me acompanharam, pra gente não fazer coisa errada.

FÊ: Mãe a senhora está indo no mercado.

ROSA: Tá! Mas continuando...

FÊ: Mãe, precisamos terminar o estudo.

ROSA: Ai! Já vou. Não me demoro. (Sai)

RUTE: Mas antes eles também namoravam escondido. Eu li um livro em que os irmãos pagavam os mais novos com doces, pra namorarem em paz e mais a vontade.

CIDA: A coisa hoje ta mais afoita, porque antes ninguém falava, comentava. Hoje não! Em tudo quanto é lugar você ver falar sobre sexo. E vê gente fazendo coisa em lugar impróprio.

FÊ: É mão na bunda; nas festas nem se fala, falta um comer o outro só com o beijo.

FÊ: A diferença de alguns anos atrás pra hoje é que os jovens e adolescentes iniciam muito cedo a vida sexual. Apesar de terem muita informação falta maturidade.

RUTE: Antes eram os casamentos arranjados, as meninas casavam cedo. Uma prima de minha mãe casou com 15 anos, e tiveram outras que casavam com 12, 13 anos. Mas hoje casamento tornou-se algo difícil de entender, porque tem gente casando até por internet.

CLARA: É, imagine aí você ali com seu veizinho do lado, depois de tanta coisa que viveram juntos. Eu acho tão lindo. Eu tenho dois vizinhos que tem 50 anos de casados. Eles passeiam com seus netos. É lindo.

RUTE: É bonito, mas infelizmente o que existe de casamento feliz, onde um é cúmplice, companheiro do outro agora se torna raridade.

PATY: É, Rute, então acho que não vou casar nunca. Sabe, eu sempre imaginei uma casa, um marido legal, a casa cheia de filhos. Mas hoje! O Julinho por exemplo, só que saber de transar, transar, não me pergunta se quero, se estou a fim, sabe. Ele sempre fala que tem camisinha na carteira, mas é algo que vai além de mim.

FÊ: Então, ele é que quer transar de qualquer jeito e satisfazer sua vontade de macho.

RUTE: Parece até que estamos falando dos homens da caverna. (Todas riem)

CIDA: Tá, mas é sério, o sexo é um assunto muito sério, e nem todo mundo encara dessa forma. Imagine dois adolescentes entre 15 e 17 anos em sua primeira vez. E depois disso acharem que podem fazer sexo a toda hora e quando quiserem.

CLARA: É preciso trabalhar tanto os adolescentes quanto os pais, não alertando apenas sobre a Aids, sífilis, gonorréia e outras doenças sexualmente transmissíveis, nem sobre os métodos para previní-las assim como a gravidez, que tem a camisinha...

FÊ: Masculina e feminina.

CLARA: Exato, o diu, o anti-concepcional e tantos outros. É preciso algo mais muito mais do que se informar é preciso à pessoa se auto-conhecer e conhecer seu parceiro.

RUTE: Porque do jeito que está, o fim do mundo está próximo. Mas imaginem vivendo na Idade Média, quando a igreja controlava tudo e o sexo era sinônimo de perdição e motivo pra ser condenada. (Faz sinal da cruz)

FÊ: A Luana coitada, seria a primeira, porque o que ela troca de namorado e de parceiro, não está na história.

PATY: É, analisando assim às vezes somos muitos precipitados, queremos tudo agora, e depois como fica? É por isso que ainda não transei com o Julinho, eu não quero algo que fique somente no sexo e acabou. Tem que significar algo pra mim e também pra ele. Mas pelo visto pra ele é só sexo e acabou.

RUTE: Então amiga pula fora pra depois não se arrepender.

FÊ: Se todo mundo pensasse que nem você adolescentes não engravidariam tão cedo e nem tanta gente ficaria doente através do sexo.

CIDA: É, fazer sexo e achar que já é mulher ou homem é mentira. Ser mulher e homem é questão de perceber as coisas a sua volta, entender o que passa e decodificar tudo. Sexo não é simplesmente cama, uma noite e acabou. É questão de saber o que se pode e se deve fazer.

FÊ: Seja antes ou depois do casamento, sexo tem que ser com responsabilidade e muito, muito respeito.

PATY(de pé): Meninas, vou falar com o Julinho. Se ele realmente quer continuar o namoro comigo tem que esperar eu estar pronta; caso contrário que procure outra. Tchau! Depois a gente se fala.

RUTE: E o trabalho?

PATY: Depois vocês me informam sobre a apresentação. Fui, tchau! (Sai)

CLARA: Já que ela foi resolver a vida dela, vamos resolver a nossa.

RUTE: Antes que tia Rosa chegue e ache que somos tudo um bando de taradas.

(Elas pegam o material e começam a discutir sobre a apresentação. Fecha-se as cortinas).

FIM

JANA LEMOS.


Autor: Janniny Lemos


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