Graves erros de conceito em livros didáticos de ciência



BIZZO, N. Graves erros de conceito em livros didáticos de ciência. Ciência Hoje. v. 21, n. 121. 1996.

O texto "Graves erros de conceito em livros didáticos de ciência", do coordenador da equipe técnica da Faculdade de Educação da USP, Nélio Bizzo, aborda uma discussão acerca dos livros didáticos que o Ministério da Educação deve recomendar aos alunos. Aponta um novo modo de avaliar os livros didáticos a serem comprados pelo governo, no qual preocupa-se em examinar rigorosamente o conteúdo pedagógico dos livros.Tornando-se um indicador dos livros adequados aos alunos.
Primeiramente examinou-se os livros destinados as séries do 1º grau, onde apresentam (MEC e CENDEC) sugestões e emendas ao texto inicial as editoras. Assim, as editoras escreveram os livros para analise e posteriormente foi apresentado os resultados a essas editoras e seus autores, concluindo desta forma o catálogo da Fundação de Assistência ao Estudante (FAE). No qual, gerou dois resultados principais: um guia com os livros recomendados, por atenderem total ou parcialmente os parâmetros da avaliação; e uma lista com os rejeitados.
Deste modo, o texto nos apresenta os critérios estabelecidos para analise, em especial para a área de ciências. Destacando também, algumas referencias bibliográficas que tratam do assunto, como Fracalanza, Mohr e Delizoicov, onde apontam erros conceituais existentes e, incentivam aos professores desenvolverem autonomia na analise do livro didático.
O presente texto oferece critérios de analises, os principais resultados e bibliografia especifica, no qual dividi-se em alguns tópicos: Os Erros Conceituais; Por uma Crítica Analítica; Resultados; Preocupação com a Integridade do Aluno; Acuidade Conceitual; Conclusões; e por fim, Guias Ajudam o Professor a Escolher.
No tópico Os Erros Conceituais, diz que os livros didáticos devem ter padrões rigorosos de qualidade, porém muitos autores ainda mostram-se displicentes na pesquisa, na busca da informação correta. Adriana Mohr, faz um comentário a respeito dessa displicência de alguns autores, incorreções e falta de interesse por uma pesquisa mais confiável. Desta forma, esses erros conceituais são fatos prejudiciais na formação do intelectual do aluno, assim, exclui do catalogo da FAE as obras que contém erros conceituas, como também os que apresentam qualquer tipo de preconceitos.
Em Por uma Crítica Analítica, enfatiza a crítica que a imprensa faz aos livros didáticos, como se os livros didáticos fossem os únicos responsáveis pela precariedade da nossa educação. Sugerindo então, que a crítica volte-se para compreensão das precariedades da realidade brasileira e os fatores que contribuem para sua manutenção, listando também algumas precariedades a serem superadas.
Além de salientar uma análise do conhecimento presentes nos livros preocupando-se com sua correção e sua adequação educacional aos estudantes a que se destina, preocupando-se com a perspicácia, da informação transmitida, aponta analise pedagógica dos livros.
Destaca que a analise é norteada a partir de cinco referencias: Adequação do conteúdos, pois poucos professores se preocupam em desenvolver conteúdos significativos, sendo que é de grande importância que o conteúdo desenvolvido seja pertinente, que permita uma reflexão a que se destina; Atividades Propostas, dá preferência as atividades que incentivam a troca de ideias, a tolerância e a valorização daquilo que os alunos já sabem, ao invés dos exercícios que se limitam , incentivando a memorização e decodificação; Integração entre temas nos capítulos, é comum encontrar nos livros didáticos fragmentados de textos dirigidos aos alunos das séries mais avançadas, e muitas vezes estes fragmentos são incompreensivos para os alunos, os livros devem ser concebidos para os alunos compreendê-lo em sua totalidade percebendo a ligação que existe entre suas partes onde o aluno perceba a relação que há entre as diferentes partes de um fenômeno a partir de diferentes ciência; Valorização da Experiência de vida do aluno, deve-se considerar os saberes que o aluno traz para a sala de aula sem rotula-los como crendices ou senso comum, tendo o conhecimento cientifico superior ás outras formas de saber, sendo que um texto didático deve incentivar a exposição de ideias dentro do universo cultural, respeitando seus valores éticos e religiosos, valorizando assim o conhecimento que o aluno já tem do mundo e dos fenômenos que conhece, sendo estes referencias básicas para caminhar progressivamente em direção ao saber cientifico sistematizado; Referencias Bibliográficas, citações e sugestões de leitura, uma publicação didática deve expor todas as fontes utilizadas, citando a origem de informações que possam de alguma forma, parecer incomum para o professor e o aluno.
No ponto Resultados, mostra que a analise dos livros didáticos de ciências já havia sido sinalizado por estudos anteriores em quadro preocupante, confirmando as conclusões dos trabalhos acadêmicos já realizados. Revelou também um pequeno segmento editorial comprometido com a superação das precariedades apontadas. Assim, podemos lamentar a gravidade dos erros encontrados, mas também nos confrontar com a existência de obras de boa qualidade disponíveis e acessíveis para o professor comum.
Em Preocupação com a integridade do aluno, discorre de uma pequena discussão criticando sugestões e recomendações errôneas de primeiros socorros apresentados nos livros, e o desenvolvimento de preconceitos e valores morais contrários ao convívio social.
Com também em Acuidade Conceitual, que sinaliza as explicações e conceitos incorretos na maioria dos livros didáticos, a respeito das estações do ano, fases da lua, do que é substância, do que mistura etc. A fotossíntese e respiração também são apresentadas de forma errada, e a definição de animal vertebrado e invertebrados muitas vezes são ensinados de uma forma que confundem os alunos. Trazendo muitas historias inverossímeis.
O ponto Conclusões, nos recomenda a refletir a respeito dos resultados encontrados e seus efeitos futuros na formação do sujeito, pois tais erros prejudicam o desenvolvimento intelectual e a auto-estima dos alunos. Formando assim, um contingente de alunos mal preparados, em mão-de-obra qualificada duvidosa, com concepções equivocadas sobre os mais diversos fenômenos cotidianos.
O MEC colocou á disposição, das escolas da rede pública de ensino, dois guias para auxilia o professor na escolha dos livros didáticos que serão encomendados á FAE para o próximo ano, está questão é abordada no tópico Guias Ajudam o Professor a Escolher. O texto também nos traz sugestões de leitura e referencias dos livros didáticos citados.
Contudo, faz-se necessário salientar que embora a maioria dos livros didáticos apresentem conteúdos, explicações e atividades inadequadas, é de suma importância que o professor fique alerta a tais fatos e interfira quando for necessário, ou seja, ao utilizar o livro didático como um suporte na prática pedagógica, compreenda que este recurso deve ser contestado e adaptado da maneira que for conveniente para a classe em estudo.
Autor: Luana Quinto Bastos


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