C.s.i. Investigação Criminal



SOUZA, C. M.

 Figura 1. Série televisiva que retrada o cotidiano de uma equipe de pesquisadores forense.

A física aplicada as pesquisas forenses é o segmento da física que tem como principal objetivo observar e analisar os fenômenos físicos naturais, cuja interpretação é de interesse do poder judiciário. É tarefa de um físico forense, dentre outras, a análise de acidentes de trânsito, determinação do tipo de veículo a que possam pertencer fragmentos como pedaços de lanternas e para-choques encontrados nos locais da colisão, determinar a trajetória de projéteis, a distância em que foi efetuado o disparo, os orifícios de entrada e saída desses projéteis, bem como materializar as possíveis posições da vítima no momento do crime.

O famoso físico Werner Heisenberg, quando jovem, escreveu em uma de suas cartas que as teorias físicas tinham que se limitar a descrever o que vemos. Como resposta, seu correspondente Albert Einstein escreveu que, pelo contrário, são as teorias que nos dizem o que podemos ver. Em resumo, esta resposta descreve a função básica de um físico forense, pois para um pesquisador forense, uma análise minuciosa da cena do crime vale mais que várias testemunhas. Além disso, os mínimos detalhes, por mais que pareçam irrelevantes e grotescos, passando despercebidos para os leigos, são na maioria das vezes, o elo de ligação entre a teoria e o ocorrido, sendo de extrema importância na solução da maior parte dos casos.

Talvez a primeira pessoa a utilizar a física a serviço da lei foi Arquimedes, ao estudar o caso da coroa do rei Heron II de Siracusa. Entretanto, naquela época Arquimedes não dispunha da maioria de teorias físicas conhecidas hoje. Para verificar então se a coroa do rei era constituída de ouro puro, ou ,se havia sido adulterada pelo ourives como suspeitava o rei Arquimedes teve que descobrir primeiramente um princípio físico que ajudasse a solucionar o problema. Tal princípio é hoje conhecido como “Princípio de Arquimedes”. Dentre as várias tarefas executadas pelo físico forense hoje, a análise de acidentes de trânsito é a que mais se destaca, por infelizmente ter-se tornado algo corriqueiro, além de envolver vários fenômenos físicos. Estes podem ser compreendidos como parte da dinâmica de corpos rígidos.

Além da utilização das Leis de Newton e da lei de Variação da energia Cinética, em acidentes de trânsito destaca-se o princípio da Conservação da Quantidade de Movimento, pelo qual é possível calcular com boa aproximação a velocidade de um carro na colisão.

A força resultante, em uma freada, é igual ao módulo do produto do coeficiente de atrito pelo peso do veículo F = μmg, ou seja, é a força exercida pela pista sobre o carro. Aplicando a segunda Lei de Newton (F = ma) chega-se a expressão da desaceleração de um veículo, a = μg. Percebe-se que não há dependência da massa do carro em questão. Este resultado nos diz que um fusca e um caminhão freiam em distâncias iguais se vierem com a mesma velocidade.

Um carro ao frear está sujeito a aplicação de uma força de atrito ao nível do centro de massa. Como resultado, a frente do carro tende a baixar, levantando a traseira, o que afeta a distribuição de peso entre os eixos. Portanto, o carro permanece deste modo até atingir o repouso, quando endireita-se do seu cabeceio, executando uma rotação em torno de seu centro de massa. Os sinais deixados por uma freada são de fundamental importância para a reconstituição do acidente. Por serem duráveis, essas marcas dão conta dos estados intermediários ocorridos nesse processo. Durante uma freada, o carro desenha na pista as marcas dos pneus através de um processo que utiliza muita energia. O conhecimento desse processo permite designar tempos a cada ponto da trajetória. Medindo a distância (L) dessas marcas e sabendo que a energia cinética do carro vai diminuindo ao longo da trajetória, sabe-se que ao percorrer a trajetória L, o carro atinge uma velocidade final VF.

Usando o teorema da energia na sua forma integral:

½m{(VI)² – (VF)²} = ∫ F dx

onde F = μmg

Assim: ½m{(VI)² – (VF)²} = ∫ μmg dx

½m{(VI)² – (VF)²}= μmgx onde x eqüivale a distancia L. 

Logo: (VI)² – (VF)² = 2μgL

Igualando a velocidade do carro a zero no momento da colisão ( VF = 0), encontra-se o valor aproximado da velocidade em que o carro estava antes de o motorista acionar os freios. Porém, na maioria dos acidentes, os carros não param logo ao colidirem. Por esta razão, o valor encontrado é uma aproximação do valor exato do carro.

Os conceitos físicos, relacionados a Física forense, e o trabalho de um pesquisador forense, são apresentados na série televisiva “C.S.I Investigação Criminal”. Esta série retrata o cotidiano de uma equipe de pesquisadores forenses que utilizam as ciências forenses (Física, Química, biologia entre outras), na resolução de casos como assassinatos, desaparecimentos, acidentes de trânsito, entre os vários delitos, cuja interpretação é do interesse do poder judiciário.

Referências bibliográficas.

SOUZA, C. M. et al. Física Forense: A Física a serviço da Lei. XVIII Seminário de Pesquisa XIII Semana de Iniciação Cientifica e I Jornada Paranaense de Grupos Pet. Anais, CD-Room Guarapuava-Pr Outubro de 2006. ISSN 1807-3441

SOUZA, C. M. O uso das radiações em ciências forenses. 2007. 100 f. Monografia para o ensino de física – Universidade Estadual de Maringá. Maringá, 2007.

HALLIDAY, R. & RESNICK, R. Fundamentos de Física. V.1. Rio de Janeiro, 1990.

KLEER, A.A. et al. A Física utilizada na investigação de acidentes de trânsito.

Cad.Cat.Ens.Fis. V.14, Nº 2: p.160-169, ago.1997.


Autor: Cleber Moreira de souza


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