A Leishmaniose Tegumentar Americana



Protozoários do gênero Leishmania são parasitos responsáveis por causar a leishmaniose em seres humanos e animais. Estudos epidemiológicos mostram que anualmente mais de 1,5 milhões de pessoas são infectadas e cerca de 350 milhões de pessoas correm risco de contrair a doença. As leishmanioses estão presentes em mais de 88 países e por causa dos altos índices de morbidade e mortalidade, a Organização Mundial de Saúde (OMS) incluiu as leishmanioses entre as seis doenças endêmicas de maior relevância no mundo (WHO, 2009). No Brasil, a doença é considerada de notificação compulsória, estando presente em todos os estados brasileiros, principalmente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, com incidência anual de mais de 23.000 novos casos (BRASIL, 2010). Classificado dentro da ordem Kinetoplastida, família Trypanosomatidae, o gênero Leishmania agrupa mais de 20 espécies de protozoários unicelulares responsáveis por causar a doença. Dentre os hospedeiros têm-se os invertebrados e os vertebrados. Os hospedeiros invertebrados, ou vetores de Leishmania, são insetos hematófagos conhecidos como flebotomíneos, dos gêneros Phlebotomus e Lutzomyia. Já os hospedeiros vertebrados incluem uma grande variedade de mamíferos, sendo os mais comuns os roedores e os canídeos, mas também podem aparecer os endentados, marsupiais, procionídeos, ungulados e primatas, incluindo o homem (ASHFORD, 2000; ALMEIDA et al., 2003; AMORÁ et al., 2009; LAINSON & SHAW, 1987). Existem diferentes manifestações clínicas nas leishmanioses e estas são relacionadas com a espécie do parasito e a resposta imune do hospedeiro, podendo o indivíduo apresentar desde a cura espontânea da doença até formas graves que levam à morte. No Brasil, a forma clínica mais prevalente é a Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA), que é considerada uma enfermidade polimórfica e espectral da pele e das mucosas (BRASIL, 2010). As espécies associadas com esta forma clínica pertencem a dois subgêneros: (1) Viannia, representado pelas espécies Leishmania (Viannia) braziliensis e Leishmania (Viannia) guyanensis, associadas com lesões cutâneas localizadas (LCL) ou disseminadas (LCD) e lesões mucocutâneas (LCM) e (2) Leishmania, representado pela espécie Leishmania (Leishmania) amazonensis, associada com o desenvolvimento de lesões cutâneas localizadas ou com a forma cutânea difusa (LCDf) (GONTIJO & CARVALHO, 2003, CONSUELO, DAVID & CRAFT, 2009). O ciclo de transmissão da doença começa quando fêmeas de fleblotomínios fazem seu repasto sanguíneo em hospedeiros infectados e ingerem células contendo os parasitos. Dentro do intestino do vetor, os parasitos transformam-se em formas promastigotas procíclicas que replicam-se intensamente, passam por um processo de metaciclogênese, adquirindo a capacidade de infectar, e migram para a probócida do inseto vetor, podendo então, durante um novo repasto sanguíneo, ser inoculadas no hospedeiro. As formas promastigotas no hospedeiro são internalizadas pelas células do sistema fagocítico mononuclear, especialmente os macrófagos. Nestas células, o parasito se transforma em uma forma arredondada imóvel, a amastigota, a qual se multiplica continuamente, até que o macrófago se rompa e libere os parasitos (REITHINGER et al., 2007; NADERER & MCCONVILLE, 2008).
Autor: Ildefonso Alves Da Silva Junior


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