Hegemonia Da Rede Globo E Anarquia Midiática



          Hegemonia da Rede Globo e a Anarquia Midiática

A turbulência que o novo tempomidiáticopromovenahistória da Rede Globo de Televisão é sintomática de um novo posicionamento estratégico de dominação. Com a competência de seus profissionais e a influência histórica junto aos detentores do poderes legislativo eexecutivo, que ela ajuda a eleger ou cassar, a vulnerabilidadeainda não se consumiu, embora os novos índices de audiência sejam preocupantes. Enquanto ela continua a dar direção e união à sociedade, promover a escalada de valorização de referências da cultura brasileiraem sua programação, a estabilidade está garantida. O seu conteúdo promove subliminarmente o abalo das instituições, apresentando policiais idiotas, famílias desestruturadas, padres comilões, professores aloprados, universidades anárquicas, e reforça a estratégia de demolição de valores com a história do Brasil contadano Fantástico, pelo autor Eduardo Bueno, de forma irreverente, mas com o aval global de Pedro Bial. Se Bueno anarquizava, Bial era a consciência, a figura do Grilo Falante, na fábula de Pinóquio.
Se a revisão da Lei Geral das Comunicações, artigos 220 a 223 da Constituição Brasileira, indefinidamente adiada por "forças ocultas" for aprovada, as telefônicas, grandes anunciantes da TV, poderão gerar conteúdo e entrar na concorrência direta com as emissoras brasileiras. Aí se instaura o caos. Concorrência na produção de conteúdo e fuga de anunciantes da telinha tradicional. Essa reestruturação estratégica de poder conta com o apoio e prestígio do governo que empurra a regulamentação da produção de conteúdo em câmara lenta. Claro que a reeleição do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não foi a melhor solução para a emissora que pretendia ver eleito ocandidato da oposição Geraldo Alckmin. Mas com o poder deinfluência que detém mandou dois recados sintomáticos no dia da eleição parapresidente, em 2006. Na Temperatura Máxima, exibida na hora da eleição, exibiu o filme "O Náufrago"onde Tom Hanks interpreta um homem que sofre um naufrágioe vive só, porquatro anos, em uma ilhadeserta. Na madrugada, com o resultado da eleição definido em favor de Lula, ressuscitou o clássico "Os Dez Mandamentos" de Cecil B. Mille, onde Moisés recebe as tábuas da lei de Deus. Mais metafórico impossível.

Na viagem sem destino do navegar aleatoriamente, as salas de bate-papo, vídeos no you tube, os sites sobre música, quadrinhos, compras, pesquisas escolares , leituras de artigos, postagem de fotografias, revistas, sexo e jogos, jogos e mais jogos, no entretenimento digital, o usuário da internetabandona a tela da Globo, aos poucos, buscando outras formasde lazer, fantasia e ou informação. A democratização da tecnologia de mídia faz de cada cidadão o próprio gerador de discursos e o tempo dispendido em ver as fotos ou postar nos fotologs promove uma revolução na geração de imagens sem a imposição ditatorial da emissora A ou B. Todo mundo é mídia. A anarquia midiática não tem limites. Jovens não querem mais ver TV. Querem ser donos do seu próprio universo de meios e mensagens. Além dos atributos de pesquisa da informação para as tarefas escolares, o jovem, muito ligado à tecnologia, busca novas tribos na NET e é aceito no convívio social como alguém que está por dentro e inserido no contexto cultural pós-moderno. As comunidades são consideradas as grandes formas de interação do mundo digital onde os iguaisse identificam além do mar. E o pior se vizinha, pois as pesquisas indicam quea terceiraidade está vencendo o medo do computador. E todas as saudades, a terapia de reminiscências, estão disponíveis na Internet.

E encerrando com Gabriel Priolli "há portanto um novo receptor enão mais uma única emissora. O público se lança em todas as direções, percorrendo as várias opções, detendo-se alternadamente no que mais lhes toca e atrai". De forma sintética, pode-se dizer que, hoje, a Globo enfrenta de um lado, novas maneiras de ver TV e, de outros, novas maneiras de fazer TV". O "plim-plim"não seduz como ontem. Mas ainda não é o "fim-fim".


Autor: ROBSON TERRA


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