O Sujeito Surdo e as Mudanças Estruturais para uma Inclusão Ética



Diante de uma realidade educacional que visa à inclusão do aluno, seja qual for sua especificidade, busca as inúmeras formas de aprimorar suas metodologias e didáticas para que seja alcançando a construção do conhecimento e o real aprendizado, chegando assim a uma inclusão no ambiente educacional e social.
Durante muito tempo o sujeito surdo foi dado como marginalizado, por ser considerado incapaz de receber instrução em algum campo especifico, pelo fato de muito educadores considerarem a audição como o principal sentido humano para educação e só com ele o a pessoa poderia aprender, idéia que foi sendo extinta a parti da idade moderna, onde surgiram algumas referencias sobre a educação de surdos, como a de Ponche de Leon, que foi a primeira referencia de educador de surdos, era um Monge espanhol, trabalhava com filhos de nobres com problemas auditivos, seu trabalho foi base de muitos educadores nesta área. E com reais possibilidades de instrução, não podemos deixar de considerar as mudanças estruturais presentes em uma inclusão ética em uma comunidade que vem se desenvolvendo a cada dia, tirando força de suas inúmeras dificuldades, colocando de lado o termo "deficiente" para ser denominado um membro de uma comunidade que apresenta suas particularidades, características e costumes. Vem mostrar a construção de identidade desses indivíduos, levando o real sentimento de cidadão com direitos devidamente assegurados e respeitados pela sociedade, por terem as mesmas capacidades dos que são ditos normais.

Diante de uma visão educacional visando à inclusão do sujeito surdo, é irrevogável a importância de esta inclusão estar em favor do aprendizado, com métodos que levem a real compreensão, com formas de comunicação, como o uso da língua de sinais ou da leitura labial, mostrando uma possibilidade de que o conhecimento seja alcançado. Tornando a comunicação não apenas como um objeto de trabalho, mas como algo que faz parte da cultura do surdo, da mesma forma como a sua língua oficial.
E frente à realidade que estamos é de fundamental importância o uso de tecnologias no ambiente educacional, seja ele em ambiente escolar ou não. Algumas opções de mídia e tecnologias para a pedagogia surda, mostra no atual contexto social e educacional como algo primordial na vida humana, e desta forma a educação não fugiria dela. Muito se fala no que diz respeito à tecnologia educacional, ela vem romper as fronteiras da educação em tempo e espaço, e em formas de adequação a todos os usuários, mostrando-se como um grande auxilio na educação do sujeito surdo. Equipamentos como vídeos, celulares, a internet e suas interligações, vêm motivar a participação do aluno, se utilizadas como ferramentas pedagógicas. Como um claro exemplo o retroprojetor que auxilia no ensino da Língua de Sinais, e o computador que vem ser a maior ferramenta de educação, como objeto intermediador de emissão de recepção de conhecimentos, aprimoramento e adequação a todos os indivíduos e suas especificidades para manuseá-los. Esses espaços podem estar na escola, na casa, na associação, no encontro de rua ou internet.

Entre as inúmeras discussões na comunidade surda, vem sendo questionada a escola inclusiva, pois não trabalha os conteúdos da Pedagogia surda, tirando assim uma construção do espaço de contato com a cultura surda na inclusão. Mesmo assim, no espaço da escola inclusiva, classe de surdo ou escola de surdo, acaba priorizando só as interações entre os indivíduos, tirando a oportunidade para viver a diferença.

Tradicionalmente, os cursos existentes trabalhavam com a lógica da visão moderna; hoje são feitas tentativas de ajustamento a um método mais atual e de acordo com o avanço dos conhecimentos no campo das ciências humanas que propõem a visão sócio-antropológica. No entanto, essa nova postura filosófica encontra-se em grande parte nos profissionais que trabalham na área, com visível confusão, resistência e pouca ação. A mudança da oralidade obrigatória para o bilingüismo está muito fraca na educação dos surdos, as alternativas permanecem obscuras, nem o aluno nem o professor sabem como proceder. Isso deixa ambos numa situação de incerteza e termina mais uma vez com fracasso do individuo, quando não foi ele e sim uma situação de ensino-aprendizagem mascarada por uma teoria que é fruto de uma prática incoerente a que acaba sendo responsável por esse mau desempenho.

As mudanças recentes nos cursos de professores de Educação Especial, dentro das universidades, tem se ampliado bastante, e também por tentarem se adequar às novas demandas ocasionadas pelas leis de acessibilidade e aos progressos nas diversas ciências humanas que apontam para a necessidade de respeitar as diferenças, seja, elas quais forem, construindo pedagogias que sejam capazes de atender às especificidades de todos os alunos. As praticas de inclusão se apresenta muito diferente do que se pensa, em razão do aluno surdo, pois, uma das maiores ferramentas nessa inclusão é a forma de comunicação e o como já foi citado o grande objetivo dessa inclusão na educação é fazer com que o aluno se sinta incluído no ambiente educacional, porém em alguns lugares essa inclusão não se torna real, pois muitos ambientes não usam a língua de sinais, limitando apenas aos indivíduos que dominam a leitura labial, deixando de lado o que não a domina, reprimido esse individuo, sem se sentir incluído e sem absorver o principal que é o conhecimento.

Contudo percebemos que esse processo de inclusão deve ser realmente de forma ética e respeitosa, e que priorize o ambiente e uma educação de qualidade dando ênfase às necessidades do aluno tornando assim o ambiente de fato inclusivo e potencializador da construção do conhecimento e não uma mera inclusão falsificada.

Referencia

STUMPF, Mariane Rossi. Mudanças estruturais para uma inclusão ética. In: QUADROS, Ronice. Estudos Surdos III. Petrópolis, RJ: Arara Azul, 2008. p.14-29.

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Autor: Alano Moraes


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