O futuro do educando nas mãos do educador



O FUTURO DO EDUCANDO NAS MÃOS DO EDUCADOR
Ivanete Tonato
 
Segundo Luis Carlos de Menezes1 "A recepção pode virar uma decepção". E mais: "A maneira de a escola escolher os novos professores revela como ela encara sua função social e se leva a sério seu projeto educativo". Nada mais justo e grandioso neste artigo do que iniciá-lo transcrevendo, ao pé da letra, as ideias que Luiz Carlos Menezes professa sobre o educar.
As escolas brasileiras são o reflexo do aluno que elas formam, pois ao fazer a escolha dos educadores que vão representá-las, estão divulgando, para a sociedade brasileira, sua identidade. Precisamos repensar na administração escolar e nas possibilidades de uma práxis administrativa escolar voltada para a transformação social, excluindo do universo da educação, aquela gestão que dá ênfase, apenas no administrativo, sem levar em conta as especificidades da questão educacional, para construir coletivamente as metas e objetivos do projeto político-pedagógico. Mas parece que muitas instituições de ensino não se dão conta de que a qualidade da educação depende dos educadores que elas contratam.
Então me questiono - o papel da escola não é de (de)formar cidadãos e prepará-los  para o futuro? Se ela está consciente de seu papel, ela sabe que não basta treinar os alunos para a apreensão da realidade: é preciso motivá-los, surpreendê-los e seus projetos pedagógicos devem abranger as mais diversas áreas do conhecimento humano. Assim, imersos em um clima de descoberta, os alunos estarão prontos para assimilar informações e sedimentar um conhecimento com qualidade. Conhecimento esse que pode contribuir para outro tipo de cidadão, aquele sujeito crítico, autônomo em suas ideias e pensamentos.
Todavia, a educação brasileira só vai evoluir quando aprendermos a valorizar a carreira do professor, incentivando-o com um salário mais digno e estimulando-o com investimentos voltados à sua formação continuada.
Já virou clichê ouvir que só a educação muda um país. Num país como o Brasil, para que a educação o mude, no entanto, ele precisa mudar a sua educação. Estamos mais do que conscientes de que, neste mundo globalizado e competitivo, se quisermos intensificar a busca pela qualidade da educação, devemos, mais do que nunca, valorizar a carreira desses profissionais, pois o futuro dos alunos está nas mães esses mestres.
Por isso, nos últimos anos,  temos ouvido falar muito em educação continuada para professores. Sim, porque esses profissionais saem da graduação com uma formação incompleta, não sabendo, muitas vezes, refletir sobre a própria ação/atuação de educador e se deparam, na prática docente, com uma carga de mitos como sendo o único responsável pela boa educação do cidadão. Porém, estamos cansados de saber que uma escola não funciona só com o professor, que esse sujeito, é uma peça importantíssima do quebra cabeça; que é um entre tantos outros responsáveis pela educação dos alunos. Pois temos que ter consciência que ele é um dos profissionais que atua na escola, mas não o único.
Chamar a atenção pela valorização do educador é um fator decisivo para conquistarmos uma educação de qualidade. De acordo com a Lei de Diretrizes e Base (LDB) da Educação o Ensino Superior tem por objetivo levar o estudante a pensar sobre a sua participação na construção de uma sociedade crítica, tendo em mente como se inserir, participar e transformar essa sociedade. Por isso, a busca pela qualidade total do ensino, do autoaperfeiçoamento do educador é um fator indispensável no processo de educar, para assim, formar cidadãos aptos a exercerem suas funções em diversas áreas.
Seria bom lembrar que a desgastante rotina de quem trabalha com educação exige muito preparo físico e psicológico, pois ensinar e educar é um desafio constante e, se não houver condições de trabalho, o profissional enlouquece, porque, além de educador ele tem que se desdobrar em várias personalidades, entre elas, pai, mãe, amigo, conselheiro, assistente social, orientador, psicólogo, dentre muitas outras.
Portanto pais, é importante que vocês escolham melhor as escolas para seus filhos observando àquelas que saibam selecionar seus profissionais, àquelas que primam em prol da educação de qualidade, incentivando a valorização do professor. Só assim, as escolas e seus profissionais estarão preparados para enfrentar as diversidades que uma sala de aula apresenta.

1 Luis Carlos de Menezes é físico e educador da Universidade de São Paulo.
Autor: Iva Tonato


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