O LÚDICO NA HOSPITALIZAÇÃO INFANTIL



O LÚDICO NA HOSPITALIZAÇÃO INFANTIL

INTRODUÇÃO

Considerando que a internação modifica a rotina da criança, a intervenção em contextos hospitalares visa a promoção de condições favoráveis para a aprendizagem de comportamentos, mesmo na adversidade daquele ambiente (Soares & Zamberlan, 2001).
As unidades de atendimento em hospitais infantis são estruturadas de maneira a atender adequadamente as necessidades dos pacientes e o brincar é uma atividade que facilita certas aprendizagens da criança importantes na hospitalização, promovendo adesão ao tratamento e a familiarização com o hospital. Por possuir elementos terapêuticos e possibilitar o ensino de novos comportamentos que aliviarão parte do sofrimento no contexto da hospitalização, o emprego do lúdico em instituições hospitalares infantis é notadamente bem-vindo. no contexto hospitalar, o brincar pode ser usado como alternativa de intervenção, instrumento de comunicação e de acesso aos comportamentos da criança, inclusive os encobertos.
Por meio do relato das emoções é possível saber quais são as condições externas manipuláveis que mantêm determinado comportamento, além disso, o relato verbal constitui-se fonte de dados indispensável na avaliação e tratamento da dor.
De acordo com Gil e Rose (2003) a brincadeira fornece oportunidades para modelar comportamentos da criança, maximizando reforçadores positivos e minimizando conseqüências aversivas. Além disso, o lúdico também é utilizado para garantir a adesão ao tratamento.
É uma maneira de informar aos pacientes sobre o adoecimento e o tratamento e demonstrar procedimentos médicos em uma linguagem acessível à criança (Mitre & Gomes, 2004).
Segundo Amaral e Gusman (2006), o trabalho do psicólogo como profissional integrante das equipes de saúde e habilitado para avaliar e intervir nos aspectos relacionais pode, com sua intervenção, não apenas fornecer informações, mas modelar os comportamentos de crianças, adolescentes e seus cuidadores, arranjando contingências apropriadas para a aquisição das classes de comportamentos chamados de adesão ao tratamento.
Costa (2004) afirma que a intervenção em crianças que serão submetidas a procedimentos invasivos deve incluir informações ao paciente, afinal, uma característica importante da instrução é que ela substitui as contingências naturais por antecedentes verbais. Assim, as instruções podem modificar o comportamento do ouvinte em situações em que as conseqüências naturais são ineficientes ou são eficazes somente em longo prazo.



CONSIDERAÇÕES FINAIS

No contexto hospitalar, a literatura tem recomendado o lúdico com fins terapêuticos e para a aprendizagem de novos comportamentos. Além disso, a utilização de brinquedos possibilita a expressão de sentimentos e prepara, por meio de instruções e dramatização, as crianças para procedimentos médicos, aumentando a adesão ao tratamento. A atuação do psicólogo no contexto hospitalar é um campo que precisa ser investigado empiricamente, pois o modelo de uso dos recursos lúdicos nos hospitais geralmente é emprestado do consultório e pode ser que não seja aplicado exatamente da mesma maneira nos diferentes ambientes.
A principal diferença parece ser o tempo, pois no ambiente hospitalar as crianças precisam aprender comportamentos considerados adequados a esse contexto mais rapidamente.
A temática dos recursos lúdicos empregados como estratégias de intervenção com crianças hospitalizadas é um campo de ampla investigação na psicologia. Contudo, há pouca produção acerca do assunto na análise comportamental.
Em vista dos resultados obtidos no presente estudo, aponta-se a necessidade da realização de outras pesquisas com o objetivo de especificar o emprego da ludicidade em hospitais com atendimento infantil na perspectiva da análise do comportamento.
Há necessidade de outros desdobramentos pra o trabalho lúdico envolvendo outros profissionais de saúde principalmente o Enfermeiro que se encontra no cenário diário da criança hospitalizada.

















Referências:


Amaral, V.L.A.R. (1997). Análise funcional no contexto terapêutico da instituição. Em: D. R. Zamignani, Org.), Sobre Comportamento e Cognição: A aplicação da análise do comportamento e da terapia cognitivo-comportamental no hospital geral e nos transtornos psiquiátricos, vol. 3 (pp. 08-14). Santo André: ARBytes.

Amaral, V.L.A.R., Domingos, N.A.M., & Santos, A.R.R. (2006). Avaliação da dor em pacientes com câncer: contribuições para intervenções psicoterápicas. Em: N.A.N., Domingos, M.C.O.S. Miyazaki, & N. I. Valério (Orgs.), Psicologia da Saúde: pesquisa e prática. (pp.139-162). São José do Rio Preto: THS/Arantes.

Aragão, R.M., & Azevedo, M.R.Z.S. (2001). O brincar no hospital: análise de estratégicas e recursos lúdicos utilizados com crianças. Estudos de Psicologia, 18, 33-42.

Chiattone, H.B.C. (2003). A criança e a hospitalização. Em: Angerami, V.A. (Org.), A Psicologia no Hospital (2ª ed.), (pp.23-100). São Paulo: Pioneira Thomson Learning.

De Rose, J. C. C. (2000). Equivalência de estímulos: uma área em busca de um problema. Anais do IX Encontro da Associação Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental (pp. 45). Campinas, SP.

Gomes R 2003. análise de dados em pesquisa qualitativa, pp. 67-80. In MC Minayo, (org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Editora Vozes, Petrópolis.


Mitre RM 2004. Brincando para viver: um estudo sobre a relação entre a criança gravemente adoecida e hospitalizada e o brincar. Dissertação de mestrado. Instituto Fernandes Figueira, Fiocruz, Rio de Janeiro.


Soares, M. R. Z. & Zamberlan, M. A. T. (2001). A inclusão do brincar na hospitalização infantil. Estudos de Psicologia, 18(2), 64-69.
Autor: Silvana Pereira Pinheiro


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