Assistência de enfermagem ao portador de diabetes mellitus na unidade básica de saúde na ótica do enfermeiro e do usuário




Conforme a Sociedade Brasileira de Diabetes "a Diabetes Mellitus [DM] é uma síndrome de etiologia múltipla, decorrente da falta de insulina ou da incapacidade da insulina de exercer adequadamente o seu papel, ocorrendo hiperglicemia crônica com distúrbios no metabolismo dos carboidratos, lipídios e aminoácidos provocando sérias complicações no organismo como retinopatia, nefropatia, doença vascular periférica, e mais uma afinidade de doenças associadas ao Diabetes Mellitus" (SBD, 2009, p.11).
Na antigüidade o Diabetes Mellitus já era conhecido como doença que culminava em conseqüências calamitosas da deficiência de insulina, Arataeus médico da Cappadócia na Grécia no século II da era cristã (81-138dc), escreveu sobre a natureza da doença que consistia em desfazer o corpo em urina, acompanhada de uma terrível sede insaciável (SILVERTHON, 2003).
Continua corroborando que a concentração abundante de glicose carregada pela urina deu a doença seu nome, Diabetes refere-se ao fluxo de fluido através do sifão e Mellitus vem da palavra mel. Na Idade Média o DM era conhecido como doença da má urina e nesta época o diagnóstico era feito pelo sabor adocicado da urina dos pacientes que atraía formigas e abelhas e através do paladar.
O Diabetes Mellitus se apresenta de três formas: tipo-1 a pessoa é insulino dependente, ou seja, não produz nenhuma insulina, atualmente conhecido como juvenil; tipo-2 insulino não dependente, ou seja, produz insulina só que em menor quantidade, atualmente é conhecido como Diabetes tardia e, o Diabetes Mellitus Gestacional [DMG] devido à secreção de hormônios placentários durante o período gestacional que alteram o metabolismo da glicose podendo regredir ou não após o nascimento do bebê, por isso é recomendado o exame glicêmico para mulheres entre a 26°-28° semanas de gestação (GUYTON; HALL, 2006).
No mundo cerca de 10% das pessoas possuem DM tipo-1, na qual, as células betas pancreáticas produtoras de insulina são destruídas por um processo auto-imune, precisando de injeções de insulina para controlar os níveis de glicose no sangue e 95% possuem tipo ? 2, as células produzem pouca insulina, precisando ser controlada através de exercícios físicos, dieta e suplementos com agentes hipoglicemiantes orais. O tratamento é realizado para minimizar as complicações em longo prazo (SMELTEZER; BARE, 2009).
Conforme relatos de Sacco et. al., (2007) a Organização Mundial de Saúde [OMS] afirma que o Brasil é o 6° País do mundo com cerca de 10 milhões de diabéticos. Trata-se de uma doença que vem cada vez mais afetando pessoas de várias classes sociais e de diferentes idades, principalmente nas grandes cidades grandes onde as pessoas têm cada vez menos tempo de cuidar da saúde, prevalecendo uma má alimentação, aliado a um sedentarismo que irá provocar conseqüências graves no futuro.
A Organização Mundial de saúde [OMS] em 2002 afirmou que 3,2 milhões de pessoas morrem por ano por complicações relacionadas à Diabetes Mellitus e os custos para saúde chegam a 2,5% do orçamento anual, não obstante, irá variar de acordo com a população adscrita e a complexidade da atenção prestada (FONSECA-GUEDES, 2008).
Smeltezer e Bare (2009) afirmam que o DM está na lista das cinco doenças que mais matam no mundo, sendo mais comum em Países desenvolvidos devido à urbanização e mudança no estilo de vida das pessoas. Sendo nos dias atuais um problema de saúde pública com grande proporção de epidemia em todo o mundo.
Desta forma os autores supracitados relatam que no Brasil o DM é detectado tardiamente e mal diagnosticado, calcula-se que existam 15 milhões de pessoas com a doença das quais 6 milhões não sabem que são portadores da doença e no mundo são 150 milhões de pessoas. A obesidade e o estresse são uns dos fatores que mais predispõe a DM tipo 2, isso porque na obesidade os excessos de tecido adiposo barram a entrada de glicose na célula, os adipócitos impedem a insulina de quebrar a molécula de glicose e jogá-la pra dentro da célula, já no estresse ocorre a produção acelerada de adrenalina inibindo assim a ação da insulina e com isso se acumulando-se no açúcar no sangue.
Neste contexto a preocupação é sob o ponto de vista epidemiológico da DM tipo -2, cuja, sua incidência evolui com a idade e as pessoas mais acometidas estão na faixa etária entre 30-69 anos. O tratamento requer duas medidas, as não medicamentosas e as medicamentosas, todavia ambas, podem ser aplicadas de forma isolada ou em conjunto de acordo com as características do paciente e da patologia, que incluem uma nutrição adequada e mudança no estilo de vida. O objetivo é buscar alternativas e soluções que possam contribuir para enfrentar as situações inerentes à doença e sua prevenção (SARTORELLI; FRANCO, 2003).
Francioni e Silva (2006) relatam que pesquisas apontam que 8% das pessoas portadoras de Diabetes Mellitus não têm tratamento adequado, possibilitando assim o surgimento de outras patologias associadas à doença. Muitas vezes é a falta de uma comunicação mais efetiva entre profissionais de saúde e pessoas com DM que interferem em uma melhor qualificação da assistência.
Nesta perspectiva existem vários estudos que relatam a relevância do enfermeiro como educador junto à saúde da comunidade, os autores compreendem a educação em saúde como papel do enfermeiro, sendo a ela atribuída a capacidade de controlar as patologias e proporcionar a comunidade um estilo de vida mais saudável. A educação em saúde também está relacionada à transmissão de conhecimentos e trocas de experiências (RÊGO; NAKATANI; BACHION, 2006).
Isso porque o Diabetes Mellitus é uma doença crônica e junto com ela quando não controlada de maneira adequada vem uma série de doenças, que crescem de forma assustadora e cada vez mais se tornam a causa de muitas mortes por doenças associadas à patologia.
Devido a esses diversos fatores que predispõe o Diabetes Mellitus e o aumento da patologia de forma assustadora. Este trabalho justifica-se por pretender torna-se um importante elemento de investigação cientifica enfocando o problema de pesquisa que norteia este trabalho: Qual a ótica do enfermeiro e do usuário sobre assistência de enfermagem ao diabético realizada na Unidade Básica de Saúde?
O presente trabalho teve como objetivo investigar a assistência de enfermagem ao portador de Diabetes Mellitus na Unidade Básica de Saúde na ótica do enfermeiro e do usuário. A partir da observação realizada durante o período de estágio supervisionado em que se verificou de forma empírica a falta de conhecimento das pessoas sobre a patologia.
Este projeto tornou-se relevante pela grande incidência de pessoas com Diabetes Mellitus desenvolvendo outras patologias relacionadas à doença, mesmo relatando estarem fazendo o tratamento, porém, com grandes dificuldades de aderirem à dieta seja pela situação econômica ou até mesmo pelos hábitos adquiridos durante toda uma vida que não conseguem mudar.

Autor: Leonilce Lima Sousa


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