A Testemunha... Omissa!



(Caso... Isabella Nardoni)

Este é um texto ficcional, que coloca mais um elemento no local do crime, antes das conclusões finais evidentes da sua elucidação...

Caminho, desorientado, pelas ruas e avenidas da capital. Estou à procura de tudo e, ao mesmo tempo de... Nada! Desde a minha tenra idade infantil e juvenil, vagueio pelas ruas, optando, quase sempre, pelas ruelas e becos escuros. Pouco tempo tive de período escolar, quase sempre sendo expulso e enxotado pelos professores e dirigentes, mas, sei ler e escrever de forma entendível.

Quando completei 15 anos de idade, os meus pais me mandaram para fora de casa para arranjar comida e algum dinheiro para Eles e, quando não o conseguia, era espancado com um cinturão de couro do meu genitor que, no castigo, não escolhia a região a aplicá-lo, assim, muitas das vezes, resultava em ferimentos sangrantes até no meu rosto. Comecei a odiar os meus pais e a todos que encontrava pelos caminhos se opondo a mim.

Fui preso, várias vezes e, solto a seguir! Sem me dizerem as razões, pois, os furtos que pratico são esmerados e sem testemunhas oculares. Fumava '"Maconha" e, ainda fumo quando consigo, porém, sabidamente, não carrego a erva comigo, escondendo-a em nichos diversificados.

Até hoje, nunca matei ninguém e, nem mesmo, feri pessoas com as quais, diariamente, me desentendo.

Considero-me um irrecuperável moralmente, primeiro, por não ter a ajuda de ninguém e, segundo, por não querer me modificar no meu modo de sobreviver.

Com esses pensamentos, cheguei até uma rua, ou avenida, onde havia edifícios altos em cada lado dela e, por uma grande porta aberta, ouvi um senhor, que trazia uma menina de uns cinco anos carregada e dormindo, dizer para uma mulher dentro de um automóvel, mais ou menos o seguinte: "Vou até o sexto andar colocar Isabella na cama e volto para buscar as outras crianças!"

"Voltar!" pensei: Nesse intervalo de ida e volta pelo elevador, dá para eu subir correndo pelas escadas e furtar alguma coisa, pois, a criança lá ficará dormindo até a volta dele e, incontinente, sem ser visto,  subi correndo as escadas do prédio, chegando ao sexto andar. Poucos segundos depois, porém, fui surpreendido pela saída precipitada do pai para ir ao térreo buscar as demais crianças, todavia, tão logo Ele retornou ao elevador, um homem invadiu o apartamento dele, que ficara aberto.

Miserável... Pensei! Pela concorrência na invasão e optei por ficar escondido numa esquina do corredor, para, uns seis minutos depois, o invasor sair correndo do apartamento e, ganhando o corredor oposto ao onde me encontrava desaparecer das minhas vistas. Permaneci no local até o mesmo senhor aparecer, saindo do elevador carregando duas crianças e entrando no apartamento, para, segundos depois, sair correndo e gritando palavras desconexas, que não entendi.

Com medo, desci as escadas e, ao chegar ao térreo, me deparei com várias pessoas a gesticularem e falando seguidamente, ao redor do corpo da mesma menina levada ao apartamento, que estava morta no chão, debaixo das janelas do prédio. Antes da chegada da polícia, optei por sair dali, com receio de vir a ser preso, embora nada tenha feito, porém, com o meu passado me denunciando.

No dia seguinte, vi estampado em todos os jornais nas bancas e nos noticiários das televisões gratuitas nos bares, toda a odisséia pela qual o pai e a madastra da referida criança estavam passando, acusados de terem matado a menina Isabella e, somente Eu, um mero ladrão, acho que Eles são inocentes, porém, não me apresentarei para esclarecer o que vi naquele corredor, primeiro, por ser uma pessoa desonrada e, segundo, por não ter visto a fisionomia do "Invasor" do apartamento e, nem o que ele fez lá, durante os poucos minutos da invasão efetuada, talvez, para furtar ou, para matar Isabella.

Só a continuidade das investigações policiais, periciais e judiciais plenas e, bem feitas, sem nenhuma discriminação ou favorecimento! Poderão esclarecer o fato de forma insofismável, com o acréscimo de confissões dos, assim, apontados à Justiça, como autor e/ou, autores.

Ficarei acompanhando e... Esperando!

Este texto é de ficção, porém... Seria mesmo?

Sebastião Antônio BARACHO

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Autor: Sebastião Antônio Baracho


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