Fissy



Por ser uma baía muito esbelta por sua cidade, a Baía do Mar Calmo era muito pesqueira. Barcos e mais barcos por todos os lados. E ali estava ela, preparando a rede. Fissy era uma garota que, ao invés de ir a aula, preferia arrumar a rede para seu pai. Mas jamais subiu num barco. Entre muitos navios, àquele bote de madeira, que, de longe, parecia algo poluindo o mar. Um barco feito pau-a-pique. Seu pai iria buscar o almoço em alto-mar justamente com aquela rede que Fissy "costurou". Sempre sentada da plataforma onde o barco deles ficava.

Enquanto que seu pai ia pescar, Fissy jogava dali mesmo sua vara de pescar e ficava horas e mais horas esperando algum peixe morder a isca. Era uma péssima idéia, pois aquela parte era muito agitada pelos outros barcos e, os barulhos, espantavam muitos os peixes. Ela sabia disso, e não foi à toa que colocou mais linha e um pequeno peso para que a isca fosse o mais fundo possível, lá onde os peixes não sentiam agitação e barulhos estridentes dos barcos.

Três colegas de sua sala, vinham passar por ali, jogando conversa fora, e um deles a viu. "Olha lá a ?Peixinha?. Ela não foi a aula de volta."

Se aproximaram dela então para fazer sátiras dela. "Muito peixe hoje?" Pergunta o mais gordinho dos três. Ela sorridente diz antes de se virar: "Hoje até que não... Ah... São vocês... O que querem?" O mais magrinho, o qual a viu, respondeu: "Por que você falta as aulas?" Ela só sorriu e disse: "Eu gosto do mar. Quero ganhar a confiança do meu pai para que eu possa pescar também." Eles simplesmente riram.

Em minha vida eu não tinha visto uma garota que queria tanto pescar ainda que em alto-mar como aquela. Ela parecia querer pescar mais por diversão do que por necessidade, era o que via em seus olhos. Mas em sua alma era para ajudar seu pai que tanto ajudou em casa, por viverem somente em dois. Sua mãe faleceu há alguns anos atrás. E um deles continuou: "Como alguém como você vai conseguir pescar?" Esse era o mais alto dos três. Ela voltou a olhar para aquela água agitada e disse: "É o meu sonho." Os três riram e saíram dali. O mais alto virou as costas e, não vendo uma coisa comprida ao chão, tropeçou. "Quem deixou isso aqui? Aqui não é lugar! Droga."

Depois de deixá-la sozinha, seu pai voltava do mar. Eram muitos peixes que o barquinho quase virou. "Vamos ter uma janta farta hoje!". Ele então a olha, preocupante coçou a cabeça e disse algo diferente: "Olha... minha filha... Eu comecei outro trabalho. Vou vender estes peixes na feira. Podemos comer o mínimo possível. Te juro que se ninguém comprar, nós iremos comê-los e nos saciarmos até por mais de três dias." Ela respondeu com um movimento de rosto que compreendeu os fatos.

Ele então amarrou seu barco e levou em um carrinho seus peixes que havia pego. Ela somente pegou sua vara de pesca e ajuntou aquele "treco" comprido no chão indo em direção a sua casa de madeira, ali próximo.

"Já é a oitava vez que você faltou na escola. Eu não aceito isso." Uma pequena discussão começou ao chegar em casa. "Como soube? Eu só vou lá quando você está ausente." "E você pensa só em você? E a nossa casa? Ela fica sozinha. Pelo menos poderia ficar lá. Imagina se você cair na água. Você não pode nadar. Olha o seu estado. Por favor... Quero que você vá para a escola e pare de se preocupar comigo. Sou um velho pescador. Sou um profissional E não quero que minha filha tenha uma péssima vida como a minha. Quero que você estude... Sua mãe sempre quis o melhor para você... E é assim que você age? Fugindo da escola?" Ela começou a derramar lágrimas e implorou: "Pai! Por favor! Me ensine a andar de barco. Todos ficam rindo de mim que sou incapaz de fazer as coisas. Só ficam olhando meu defeito. Mas eu quero provar a todos que eu também sou uma pessoa. Não quero ficar pensando que sou um nada. Não quero que fiquem mais zombando de mim. Não agüento mais isso. Pai... Por favor me ensine a pescar. Quero pescar junto com você. Quero ver o mar lá do meio."

Ele então pensou no caso, um pouco irritado e no fim acabou mudando de opinião. "Amanhã cedo, vamos pescar. Já que é o que você tanto quer, vamos então. Mas, antes de irmos, vamos ter umas aulas básicas, já que na escola você não quer aprender, espero que isso te incentive." E ela: "Muito obrigado". Disse isso dando-lhe um abraço. Puxou então a rede e foi dormir cedo.

Por ter ido fechar os olhos cedo, acordou cedo, antes mesmo do sol aparecer. O seu pai levantou e viu ela esperando ele. Eles treinaram na areia mesmo, na praia um pouco mais longe da baía. Até que ela pegou o jeito.

Obviamente o chão é sólido, parado. Imagina subir num barco na água agitada. Para muitos, aquilo era fácil. Para ela não. Mas não era porque ela era pequena e frágil. Colocou seu pé direito com medo de cair. Seu pai te dando a mão até que ela subisse. No que subiu, seu medo, no começo , falava mais alto e ela ficou sentada. "Vamos filha, levante. Como treinamos. Não tenha medo. Você consegue. Não desista." Ela tentava controlar seu medo foi que, quando se levantou, ali os três jovens que passavam para ir para a escola, ficaram surpresos com o que ela estava fazendo. Eles correram para a escola, escola de apenas uma turma. E todos foram ver ela, em cima daquele barco, tentando parar em pé, apoiada em sua muleta.

Autor: Anderson Woitscheckovsky


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