Porque o Brasil nunca ganhou um Prêmio Nobel ?



Porque o Brasil nunca ganhou um prêmio NOBEL ?

O texto de Ozires Silva (Reitor da Unimonte, de Santos; foi ministro da Infraestrutura e presidiu empresas como Embraer, Varig e Petrobras) dá uma boa resposta à esta pergunta: "Em 1994, fui surpreendido com minha eleição como membro da Real Academia Sueca de Engenharia. Durante o formal jantar de posse, em Estocolmo, com a presença do rei Carl XVI Gustaf, debatia com colegas suecos à mesa o motivo pelo qual o Brasil ainda não tinha nenhum cidadão contemplado com o Prêmio Nobel, certamente o mais conhecido e consagrado reconhecimento mundial. Países como Argentina, Chile, Colômbia e Venezuela, para mencionar apenas a América do Sul, tiveram cidadãos agraciados. Vencendo o constrangimento, um dos colegas suecos comentou: "Vocês, brasileiros, são destruidores de heróis". E acrescentou que brasileiros indicados devem ter sido retirados das listas de candidatos, muito possivelmente, por cartas e manifestações, duras e ácidas, produzidas por outros brasileiros. Ao contrário dos Estados Unidos, onde, disse ele, há um aplauso generalizado aos candidatos ao Nobel.
Fiquei surpreso, mas concordo que, no Brasil, as pessoas usualmente se sentem constrangidas quanto a produzir elogios, mas são extremamente desenvoltas quanto a fazer críticas. E com isso chego a Eike Batista, um empresário brasileiro realmente de sucesso, empreendedor, hábil para encontrar oportunidades e delas tirar resultados. Tenho visto que, em vez de receber aplausos por sua capacidade de empreender, inovar e produzir riquezas, tem sofrido duros e diretos ataques por seu maior defeito, na visão dos críticos: ter enriquecido! Pode ser que muitos leitores não concordem comigo, mas peço que pensem. Elogios fazem muito bem e sempre têm efeito positivo. Não creio que haja nada de errado em reconhecer o sucesso. Sinceramente, acredito que é melhor cultivar e comemorar vitórias do que amargar fracassos."

Imaginem então se Lula fosse indicado ao Prêmio Nobel da Paz ? Ia chover milhões de cartas "duras e ácidas" originadas de nossa elite branca, colonizada e reacionária (que fazem parte apenas dos 4% dos brasileiros que reprovam o governo Lula, contra 87% que aprovam) destinadas aos integrantes da Real Academia Sueca; condenando a indicação de Lula. Aliás como aconteceu com certeza com os outros brasileiros indicados ao Prêmio Nobel, nossa elite conservadora destrói heróis, descontrói personalidades, além de difamar e inventar mentiras sobre eles.



"Darcy Ribeiro costumava dizer que temos as elites mais reacionárias do mundo e aquelas que mais internalizaram dentro de si o processo de colonização que implica submeter-se ao senhor estrangeiro, considerar-se sempre dependentes dele, e para manter vantagens como sócios subalternos e agregados, nunca se oporem a ele", analisa o teólogo, filósofo e escritor Leonardo Boff. Ele identifica que esta estratégia ainda está em vigor na mente das elites políticas brasileiras, que sempre se alinharam ao poder do momento. Primeiro a Inglaterra, agora os EUA.

"Grande parte da mídia é o braço estendido das elites econômicas. É uma mídia empresarial e comercial cujos interesses estão diretamente ligados aos interesses do capital seja nacional seja internacional, sabendo-se que ambos se entrelaçam", explica Leonardo Boff. "Por isso é uma mídia que tem como ponto de referência os EUA como nação hegemônica. Por esta razão estão sempre alinhados à política externa deste pais."

O êxito da diplomacia brasileira é festejado em toda parte por governos estrangeiros e pela mídia internacional. Mas na mídia nacional só há espaço (nas páginas impressas e na tevê) para opiniões de certos ex-diplomatas que serviram ao Itamaraty no governo FHC e obstinam-se em desacreditar a política externa e o País em artigos, entrevistas e debates. Revistas como Foreign Policy e Time, dos EUA, a alemã Der Spiegel, os jornais franceses Le Monde e Le Figaro, o espanhol El País, o britânico Financial Times e outros são pródigos em elogios ao novo papel do Brasil no mundo. Já as famílias Marinho, Civita, Frias e Mesquita, em O Globo , Veja, Folha e Estadão, abominam o "protagonismo" de Lula. Esse pecado horroriza Celso Lafer, ex-colega de FHC na USP. De família ilustre, ele foi ministro do Exterior de Collor às vésperas da renúncia e voltou ao cargo nos extertores do governo FHC. Ao atacar Lula em artigo recente, acusou a política externa de "busca de prestígio" e "voluntarismo". Com Collor e FHC optava pela submissão silenciosa à vontade das potências. Só a elas caberia discutir o que fosse relevante. Ensinou Juracy Magalhães: "Se é bom para os EUA, é bom para o Brasil". Submissa foi ainda a conduta pessoal de Lafer como ministro quando ia aos EUA: tirava os sapatos para policiais no aeroporto.

Der Spiegel, a mais importante revista semanal de informação da Alemanha, destacou em maio de 2010 ? num longo artigo sobre nossa diplomacia, "Lula Superstar" ? a ação do Brasil no exterior. Deu ainda a explicação do próprio Lula, de que está curando "antigo complexo de vira-lata" dos nossos diplomatas perante os EUA e a Europa. O que os Lafer, Lampreia & cia. parecem não entender, ao pôr em dúvida a atuação do Brasil ? e na ilusão de uma marcha a ré para diplomacia igual à deles, do medo e da omissão ? é que o mundo vive processo de mudança, acelerado por um reexame à luz da crise financeira global, da qual o País saiu bem, melhor do que a maioria,


No dia 17 de dezembro de 2010, durante uma aula de abertura da Universidade Aberta do Brasil em Moçambique, o Presidente Lula defendeu a necessidade de integração entre os países do Hemisfério Sul, para que deixem de ser submissos aos do Norte ou que se sintam inferiorizados: "Como tivemos nossa cabeça colonizada durante séculos, aprendemos que somos seres inferiores e que qualquer um que enrola a língua é melhor do que nós. O que queremos agora é levantar a cabeça juntos e construir juntos um futuro em que o Sul não seja mais fraco do que o Norte, em que o Sul não seja dependente do Norte. Se nós acreditarmos em nós mesmos, podemos ser tão importantes quanto eles, tão sabidos quanto eles", afirmou.... Por isso, prosseguiu, é preciso que acabe essa mentalidade de que "eles (Norte) tentam nos subvalorizar e nós aceitamos".

*Daniel Miranda Soares
economista e administrador público, mestre pela UFV

Autor: Daniel Miranda Soares


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