DEUS, INFERNO, PECADO E OUTRAS CRIAÇÕES DESTINADAS AO CONTROLE SOCIAL



DEUS, INFERNO, PECADO E OUTRAS CRIAÇÕES DESTINADAS AO CONTROLE SOCIAL

Ailton da Costa Silva Júnior
Graduado em História pela Universidade Estadual de Alagoas - UNEAL
Especialista em Docência do Ensino Superior pela Faculdade Educacional de Araucária - FACEAR
Email: [email protected]

Resumo
O Estado exerce um papel de controle que é desencadeado através de suas instituições que monitoram o poder dentro da sociedade. Dentre as diversas instituições que incorporam o Estado, as de cunho religioso são encaradas como das mais poderosas, tendo em vista sua capacidade de controlar a população. Esse artigo tomara como base de análise as religiões ? sobretudo o cristianismo, e os principais componentes inseridos em cada uma delas que são tidos como místicos e irrefutáveis por seus seguidores. A figura de Deus também é alvo de discussões nesta pesquisa e mais precisamente no que diz respeito ao seu papel despótico e completamente autoritário ao qual foi sendo recriado desde os primórdios da humanidade. O mito de Jesus Cristo incorpora a temática final e pretende ser discutido segundo a cronologia histórica de seu nascimento e as diversas comparações com a gênese de criação de outros deuses mitológicos.

Palavras ? chave: Estado. Poder. Religião.

Abstract
The state plays a role of control that is triggered by their institutions that monitor the power within the society. Among the various institutions that embody the state, with religious overtones are seen as the most powerful, given its ability to control the population. This article took as a basis for analysis religions - especially Christianity, and the main components included in each one of them being taken as irrefutable by mystics and their followers. The picture of God is also the subject of discussions in this research and more specifically with regard to their role and completely despotic authoritarian which was being rebuilt since the dawn of humanity. The myth of Jesus Christ enters the final theme and aims to be discussed according to historical chronology of his birth and several comparisons with the genesis of creation of other mythological gods.

Keywords: State. Power. Religion.



Considerações Iniciais

A principal proposta desse artigo é a de fazer uma reflexão sobre as formas utilizadas pelo Estado, e sobretudo aqueles que são responsáveis pela manutenção do poder, e suas instituições que tem o objetivo de manter os indivíduos sob controle.
Tendo em vista o grande número de instituições responsáveis pela ordem em nossa sociedade moderna deteremo-nos apenas com as de cunho religioso e mais precisamente ao cristianismo. Por meio de periódicos específicos analisaremos a religião como sendo uma das principais armas de controle social bem como a figura de Deus e o mito de Jesus Cristo.
Os questionamentos sobre Deus e a importância de tê-lo como meio de controle na sociedade é o tema de abertura desse pequeno artigo. Por que é importante para os que detém o poder em suas mãos que a massa creia em Deus, no inferno e na existência do pecado? E por que tais elementos são postos como irrefutáveis?
No decorrer deste trabalho ainda será trabalhada a origem do cristianismo por um viés histórico e seu caráter doutrinário, o porque de as religiões deterem um grande número de adeptos é o tema do capitulo 2. Desde crianças somos compelidos a acreditar na existência do mal e do bem, assim como na existência de um ser que observa tudo aquilo que fazemos e ele se irrita com crianças mal comportadas, a origem desse medo também será debatida nesse capitulo.
O terceiro e último capitulo oferece uma série de estudos e pesquisas de cunho histórico que destinam-se a explicar a origem mitológica de Jesus Cristo, como essa figura deu origem a uma das maiores religiões do mundo, de onde surgiu, os enigmas envolvendo seu nascimento, o número de historiadores e pesquisadores que defendem a sua não existência e a necessidade de se ter conhecimento da verdade hoje.

1. A importância de Deus para os que controlam

A religião convenceu mesmo as pessoas de que existe um homem invisível ? que mora no céu ? que observa tudo o que você faz, a cada minuto de cada dia. E o homem invisível tem uma lista especial com dez coisas que ele não quer que você faça. E, se você fizer alguma dessas dez coisas, ele tem um lugar especial, cheio de fogo e fumaça, e de tortura e angustia, para onde vai mandá-lo, para que você sofra e queime e sufoque e grite e chore para todo o sempre, até o fim dos tempos... Mas ele ama você!
George Carlin

A sociedade existe como um organismo vivo, pulsante que articula suas ações através de um conjunto de normas e regras, e bem como todo organismo vivo que tem anticorpos e medidas de ataque que destroem invasores hostis o Estado também faz uso de medidas segregadoras e vigilantes para manter a paz e introduzir a disciplina no seio da comunidade.
O poder na vigilância hierarquizada das disciplinas não se detém como uma coisa, não se transfere como uma propriedade; funciona como uma máquina. E se é verdade que sua organização piramidal lhe da um "chefe", é o aparelho inteiro que produz "poder" e distribui os indivíduos nesse campo permanente e continuo (FOUCAULT, 2009, P.170).

Esse conjunto de medidas por sua vez é exercido pelas instituições que realizam a manutenção do poder, que são elas: as instituições políticas, instituições educacionais, instituições religiosas, instituições cientificas e ainda as que não apresentam necessariamente uma base física que são a linguagem ou discurso e o casamento. Mas dentre esse conjunto de instituições uma merece destaque por sua capacidade de inserção em todos os meios sociais em escala global, a instituição religiosa.
As instituições religiosas não são apenas corpos disciplinares que através de seus dogmas e rituais disciplinam os homens mostrando a importância de uma vida dentro de padrões de conduta pré-estabelecidos por elas, elas vão alem disso, fazendo uso de poderes invisíveis, e como qualquer empresa realizando vendas que não oferecem custos adicionais de produção ou mesmo uma linha de produção para elaborar seu objeto de venda, a fé é realmente uma das maiores invenções da humanidade.
Pense por um segundo como seria confortável para o Estado e seus senhores a criação de um ser que existisse em todos os cantos do planeta e mesmo do universo e não somente nesses espaços, mas também dentro das pessoas, e este ser vê tudo o que você faz, ele antecipa as ações, ele é cada um de nós e cada sonho que se desenrola, pronto! Você tem dessa forma o melhor soldado, ou carcereiro de preferir, do planeta, desde cedo somos compelidos a acreditar em sua onipresença através dos comentários singelos de nossas mães "Não faça porque ele está vendo você", ele, ou mais precisamente Deus, com o acréscimo lógico e irritante do "D" maiúsculo, é a mais perfeita arma de inibição social.
"Uma sujeição real nasce mecanicamente de uma relação fictícia. De modo que não é necessário recorrer à força para obrigar o condenado ao bom comprimento, o louco à calma, o operário ao trabalho, o escolar à aplicação, o doente à observância das receitas" (FOUCAULT, 2009, p.192) . Para Foucault, que explica em Vigiar e Punir a necessidade de ser invisível, em se tratando do panóptico de Bentham, para impedir as ações dos "presos" nas prisões é necessário criar um sistema de vigilância que exista vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, como "O olho que tudo vê" sobre a representação de um Deus que castiga e joga no inferno os que se manifestam contra as normas em vigor.
O mundo existe como uma prisão sem muros ou grades onde a humanidade reside com receio de suas ações, em dado momento de nossa existência os primeiros grupos que se formaram tiveram a necessidade de cultuar divindades, podemos citar uma gama gigantesca de seres e mitos que nossos ancestrais criaram para explicar acontecimentos rotineiros como o nascer do sol, as tempestades o nascimento ou a morte de pessoas, inevitavelmente poderíamos citar a frase celebre do escritor e desenhista brasileiro Millor Fernandes que diz: "Quando o primeiro espertalhão encontrou o primeiro imbecil, nasceu o primeiro deus", desse nascimento que significava e significa até hoje necessidade de sobrevivência e nada mais Millor Fernandes esqueceu de acrescentar que nascia também a religião para cultuar tais deuses.
Richard Dawkins (2007) deixa claro em seus textos que esclarecem ao mundo a falácia que é propagada pelas instituições religiosas:

A religião devora recursos, às vezes em escala maciça. Uma catedral medieval era capaz de consumir cem centúrias de homens em sua construção, e jamais foi usada como habitação, ou para qualquer propósito declaradamente útil. Não era uma espécie de cauda de pavão arquitetônica?Se sim, que era o alvo da propaganda? A música sacra e os quadros religiosos monopolizaram em grande parte o talento medieval e renascentista. Gente devota morreu por seus deuses e matou por eles; chicoteou as costas até sangrar, jurou o celibato de vida inteira ou o silencio solitário, tudo a serviço da religião. Para que tudo isso?Qual é o beneficio da religião? (DAWKINS,2007, p. 218).

Com o nascimento do culto as divindades seria necessário também a criação de cargos para os encarregados de realizar a manutenção dos cultos, surgiram os sacerdotes, passando pelo Egito antigo ou pelas sociedades mesopotâmicas, gregas e romanas até os dias de hoje eles sempre tiveram as mesmas características e enriqueceram da mesma maneira fazendo uso de sua eloqüência e poder de alienação.
É preciso entender o ponto principal ao qual nossa ciência defende arduamente, e que de certo faz com que fanáticos religiosos percam o sono, a verdade existe e esta presa numa redoma de vidro pelos que tomaram o poder, a verdade é pontuada por Foucault (2010) em seu livro Microfísica do Poder:

No fundo da prática científica existe um discurso que diz: "nem tudo é verdadeiro; mas em todo lugar e a todo momento existe uma verdade a ser dita e a ser vista, uma verdade talvez adormecida, mas que no entanto está somente à espera de nosso olhar para aparecer, à espera de nossa mão para ser desvelada. A nós cabe achar a boa perspectiva, o ângulo correto, os instrumentos necessários, pois de qualquer maneira ela está presente aqui em todo lugar"(FOUCAULT, 1979, P. 113.).

A procura de uma explicação plausível resolva todas as perguntas que se fazem presentes em nossa existência seria impossível, mas uma coisa podemos esclarecer nesse pequeno capitulo, a figura de Deus em nossa sociedade foi elaborada para atender os interesses dos poderosos que por meio da Religião instruíram as pessoas a adorar incondicionalmente e temer a justiça e seu conjunto de leis. Domesticar é o principal meio para controlar a massa, e como isso é possível?Basta fazer crer na existência de um lugar de fogo e enxofre:Inferno, em penalidades ocasionadas pela imprudência: pecado, e em um homem onipresente, onisciente e onipotente: Deus.

2. A Religião vence pelo medo

"A Religião é uma resposta covarde ao vazio do universo"
Bertrand Russell

A religião também criou os espaços para lamentação e punição como o inferno onde os indivíduos que transgridem as leis divinas, leis estas que não tem diferença nenhuma das leis de manutenção do estado, são perseguidos e lançados em um lugar de escuridão e tormento, é muito melhor viver esta vida acreditando que as pessoas ruins serão atiradas nesses espaços ou que nós vamos reencontrar entes queridos em um paraíso, chamamos isso de medidas para diminuir a dor em nossos corações.
No século XVI era comum a igreja católica queimar em fogueiras mulheres consideradas bruxas por terem certa noção de ervas medicinais ou simplesmente por serem bonitas entre as demais mulheres, era normal a venda de indulgências diversas que iam desde os pedaços de madeira da cruz de cristo até os espinhos de sua coroa ? essa prática continua existindo, a igreja continua vendendo ampolas com a água do rio Jordão e areia da terra santa.
Os muçulmanos espancam suas mulheres caso elas mostrem um centímetro de seus corpos, pois o profeta Maomé deixou claro em seus escritos que o homem é supremo dentro da sociedade islâmica e deve expurgar certas tendências femininas.
Os judeus não acreditam que Jesus já nasceu e subiu ao céu e seguem a risco o Torah com seus preceitos que vão da circuncisão obrigatória ao não trabalho aos sábados. Tudo isso faz parte do poder que é propagado e castra os sonhos e desejos humanos, uma série de medidas extremas para manter sobre controle e pena de punição caso aja discórdia.
O número de religiões existentes no planeta é imenso desde a seitas e grupos que realizam cerimônias secretas até as grandes instituições que assistimos em propagandas diárias na TV.
Somos doutrinados quando crianças a acreditar na religião que nossos pais acreditam, isto é uma pratica normal, e é comum ver as crianças sendo levadas as igrejas aos sábados ou as mesquitas, templos e sinagogas por seus parentes para aprender sobre as leis tidas como sagradas e irrefutáveis.


Se você se sente aprisionado na religião em que foi criado, valeria a pena se perguntar como isso aconteceu. A resposta normalmente é alguma forma de doutrinação infantil. Se você é religioso, a imensa probabilidade é de que tenha a mesma religião de seus pais. Caso tenha nascido no Arkansas e ache que o cristianismo é verdade e o islã é a mentira, sabendo muito bem que acharia o contrário se tivesse nascido no Afeganistão, então você é vitima da doutrinação infantil. Mutatis mutantis se você nasceu no Afeganistão (DAWKINS, 2007, p. 26).

Qual religião seguir?Qual doutrina é a correta?Não crer em Jesus caminhando sobre a água e ressuscitando depois de três dias ou crer que não se pode trabalhar no sábado?Cristianismo ou budismo?Hinduísmo ou judaísmo?Protestantes ou católicos ortodoxos?Xiitas ou Sunitas?Presbiterianos ou testemunhas de Jeová?Mórmons ou muçulmanos? Questionamentos de cunho religioso estão em nossas vidas o tempo todo, os "porquês" se misturam quase que inevitavelmente desafiando opiniões e desencadeando discussões de toda natureza.
Evolucionistas e criacionistas numa batalha ferrenha e agressiva visando desesperadamente explicar as origens do universo e da raça humana num emaranhado de probabilidades de cálculos, a diferença entre as duas teorias é bem simples, a supremacia da idéia evolucionista sobre a criacionista é grandiosa, os religiosos baseiam e defendem conceitos que não apresentam explicação plausível que põe a fé como a principal arma de defesa das suas afirmações, sobre as verdades da ciência e as verdades religiosas explica Dawkins:
Os fundamentalistas sabem que estão certos porque leram a verdade num livro sagrado e sabem, desde o começo, que nada os afastará de sua crença. A verdade do livro sagrado é um axioma, não o produto final de um processo de raciocínio. O livro é a verdade e, se as provas parecem contradizê-lo, são as provas que devem ser rejeitadas, não o livro, pelo contrario, as coisas em que eu como cientista, acredito (a evolução, por exemplo), acredito não porque as li num livro sagrado, mas porque estudei as provas. É uma coisa bem diferente. As pessoas acreditam nos livros sobre evolução não porque eles sejam sagrados. Acreditam porque eles apresentam quantidades imensas de evidencias mutuamente sustentadas. Quando um livro de ciência esta errado, alguém acaba descobrindo o erro, e ele é corrigido nos livros subseqüentes. Isso evidentemente não acontece com os livros sagrados (DAWKINS, 2007, p.362).

As pessoas acreditam e não questionam e isso é descrito pelos fundamentalistas religiosos como sendo "uma questão de fé", todas as religiões apresentam um conjunto de dogmas, ou preceitos sagrados, essas regras não podem ser questionadas ou refutadas porque são consideradas divinas, no caso da Bíblia, que é um conjunto de escritos da idade do bronze com dezenas de passagens estranhas que falam sobre conquista de territórios, guerras, genocídios, infanticídios, traições diversas (em se tratando do Antigo Testamento, principalmente) e ainda um conjunto de passagens envolvendo Jesus Cristo (esse personagem bíblico será discutida no próximo capitulo desse artigo) e suas historias que falam de moralidade e supremacia da figura de seu pai celestial sobre o mal existente na humanidade que após sua morte e ressurreição sucumbira em meio a uma avalanche de fogo e sangue, como a descrita em Apocalipse (Revelação de São João) ao termino desse episodio as almas serão julgadas e as escolhidas seguiram o caminho do paraíso, ao lado de Deus, e as outras sofreram o tormento eterno no inferno junto dos anjos rebeldes e seu líder Satanás.
Seguindo a lógica sobre os escritos bíblicos ainda pontua Dawkins:

Existem duas maneiras pelas quais as Escrituras podem servir de fonte para os princípios morais ou normas para a vida. Uma é por instrução direta, como por exemplo com os Dez mandamentos, que são objeto de tanta briga nas guerras culturais do interiorão americano. A outra é pelo exemplo: Deus, ou algum outro personagem bíblico, pode servir como alguém em quem se espelhar. Os dois caminhos escriturais, se seguidos religiosamente (o advérbio está sendo usado em seu sentido metafórico, mas lembrando sua origem) incentivam um sistema de princípios morais que qualquer pessoa moderna e civilizada, seja ela religiosa ou não, acharia ? não tenho como dizer de modo mais delicado ? repulsivo (DAWKINS, 2007, 305).

Coisas do tipo "Não mataras", ou "Honrará teu pai e mãe" são elementos que fazem parte de um sistema de moral que através de um processo de milhões de anos foi-se adaptando para chegar até o homem moderno com as características que possibilitaram o "não fazer o mal ao próximo", em dado momento da longa história da nossa evolução nossos ancestrais acharam mais plausível viver em bandos (condição lógica entre os primatas) e assim teriam mais sucesso numa eventual caçada, a sobrevivência natural do bando só seria possível sem agressões entre seus indivíduos.
Dentro de nós, e estamos falando de instinto natural, somos compelidos a ajudar desconhecidos necessitados (alguns são covardes, mas isso é um ponto que poderia ser mais bem explicado num ensaio do campo da psicologia) um corpo estendido numa rodovia após um acidente, alguém que caminha pela rua e simplesmente desmaia, estendemos nossas mãos pelo simples e maravilhoso fato de termos desenvolvido dentro de nós de maneira evolutiva a capacidade de fazer.
É necessário ser um mal caráter para acreditar que nós somos bons porque existe um Deus e porque se não fossemos bons e não nos comportarmos segundo os escritos sagrados seriamos castigados fortemente. Lembro que uma vez no programa Atheist Experience , onde você pode ligar para discutir algum questionamento de origem religiosa com dois Ateus convictos, um fundamentalista religioso havia ligado para discutir sobre a idéia da existência de Deus e a moralidade existente entre nós e em dado momento ele disse:

Se você não tem ninguém a quem responder você fica, tipo, numa posição onde pode pensar: "Eu não tenho ninguém a quem responder então posso fazer o que eu quiser". O que vier na minha mente eu vou lá e faço... Honestamente, se não tem ninguém a quem responder não vejo porque seria errado. É tudo bom, é bom sair roubando, não importa o que a lei diz.

Depois da fala do convidado os apresentadores do programa permaneceram chocados até que o anfitrião do programa Matt Dillahunty perguntou: "Se deus mandasse você matar seus filhos você o faria?", a resposta do convidado não poderia ser mais absurda: "Sim, eu faria, se ele me pedisse eu faria". A discussão fica mais acalorada depois desse comentário até que o convidado agride verbalmente o apresentador e desliga o telefone.
O que nós presenciamos com atitudes como essa em pessoas ditas religiosas, fanáticas ou não, é que elas entendem que todos os padrões de conduta são regidos por forças espirituais que planejam, ou não, o bem estar e que dessa forma estamos condenados a fazer o que é certo por que Deus pode vir a não gostar do que é errado, a ironia desse dilema é que não existe o certo ou o errado, o que existe em demasia é a conseqüência dos atos que doravante não foram elaboradas por homens invisíveis que vivem a nos espreitar em nuvens e sim por nós mesmos e a nossa atenuante capacidade de pensar e criar regras e sistemas de conduta diversos.

3. O Mito de Jesus Cristo

Os pesquisadores que se dedicaram ao estudo das origens do cristianismo sabem que, desde o Século II de nossa era, tem sido posta em dúvida a existência de Cristo. Muitos até mesmo entre os cristãos procuram provas históricas e materiais para fundamentar sua crença. Infelizmente, para eles e sua fé, tal fundamento jamais foi conseguido, porquanto, a história cientificamente elaborada denota que a existência de Jesus é real apenas nos escritos e testemunhas daqueles que tiveram interesse religioso e material em provála
La Sagesse

Não se pode criar uma religião sem antes criar um mito entorno dela, deve-se elaborar um história, uma epopéia, conto, relato, e neste relato imortal deve conter informações de toda natureza "transcendental" é claro, como caminhar sobre as águas ou sair voando pelos céus, mas tudo isso tem um propósito, fazer uma história fantástica para que ela se propague, e o melhor de tudo é que se trata de uma história religiosa, sendo assim fica ausente de criticas. Sobre a necessidade de se criar um mito explica Richard Dawkins em seu livro "O Relojoeiro Cego:
Quase todos os povos elaboraram seu próprio mito sobre a criação, e a história do Gênesis é apenas aquela que foi adotada por uma tribo especifica de pastores do Oriente Médio. Seus status não é superior ao da crença de uma determinada tribo da África Ocidental, para quem o mundo foi criado do excremento de formigas. Todos esses mitos têm em comum a dependência das intenções de algum tipo de ser sobrenatural (DAWKINS, 2001, p. 459.)

Desde o século II tem-se posta em cheque a existência de Jesus Cristo, tendo em vista as documentações que foram modificadas com o passar dos tempos e os choques históricos existentes em diversas passagens da Bíblia e pergaminhos diversos que simplesmente não relatam sua existência. Emílio Bossi em seu livro intitulado "Jesus Cristo Nunca Existiu" reuni uma serie de pergaminhos históricos e passagens de obras cientificas para explicar que a história de Cristo é nada mais do que uma releitura de diversas epopéias antigas de deuses milenares tanto do Egito Antigo quanto da Grécia, Índia e Roma.
A mais comum adaptação de história que já se sabe é com a história do deus Hórus 3.000 a.c, do Egito Antigo, o qual nasceu da virgem Isis-Meri, seu nascimento foi acompanhado por uma suntuosa estrela no Leste, também foi seguido por três reis magos que lhe trouxeram presentes, caminhou sobre as águas, foi batizado por uma figura conhecida como Anup (o batizador) começando dessa maneira o seu reinado juntamente com seus doze discípulos, no decorrer de sua vida a qual é detalhada nos trechos sagrados egípcios ele era considerado uma criança prodígio aos doze anos, aos trinta saiu com seus seguidores curando enfermos e realizando uma serie de milagres. Os egípcios o chamavam de "A verdade", "A Luz" ou "Filho adorado de Deus" entre outros nomes. Depois foi traído por "Tifão", sendo em seguida crucificado ressuscitando após três dias.
O que se tem hoje sobre documentações e pergaminhos da época, que possivelmente deixariam clara a existência da figura de Jesus Cristo não são fidedignas tendo sido adulteradas pela igreja católica e outras ordens religiosas cristãs.
Seguindo a análise sobre a figura de Cristo o escritor Emilio Bossi em seu livro "Jesus Cristo Nunca Existiu" utilizando o pseudônimo de "La Sagesse" para explicar essa necessidade de se criar um mito:

Jesus Cristo foi apenas uma entidade ideal, criada para fazer cumprir as escrituras, visando dar seqüência ao judaísmo em face da diáspora, destruição do templo e de Jerusalém. Teria sido um arranjo feito em defesa do judaísmo que então morria, surgindo uma nova crença. Ultimamente, têmse evidenciado as adulterações e falsificações documentárias praticadas pela Igreja, com o intuito de provar a existência real de Cristo. Modernos métodos como, por exemplo, o método comparativo de Hegel, a grafotécnica e muitos outros, denunciaram a má fé dos que implantaram o cristianismo sobre falsas bases com uma doutrina tomada por empréstimos de outros mais vivos e inteligentes do que eles, assim como denunciaram os meios fraudulentos de que se valeram para provar a existência do inexistente (BOSSI, Emílio).

Provar a existência do inexistente parede ser algo típico entre as religiões, a dificuldade encontrada hoje, em se tratando de cristianismo, é que a maior parte dos cristão entendem que a figura de Cristo é considerada para a história como algo criado por uma sociedade antiga a partir de diversas histórias.
Voltando para o deus Hórus do Egito Antigo a historiografia já evidencia que sua figura não foi apenas utilizada pelos hebreus na construção do mito de Jesus Cristo, mas outras sociedades antigas também utilizaram de fragmentos de sua história para fabricar seus deuses, como é o caso de Attis, da Phyrigia, nasceu da virgem Nana em 25 de dezembro, 1200 A.C, crucificado, três dias depois ressuscitou, a deusa Krishna da Índia, nasceu da virgem Devaki 900 A.C, também teve um estrela no Ocidente marcando sua chegada, fez milagres com seus seguidores e depois da morte ressuscitou. Dionísio da Grécia, nasceu de uma virgem em 25 de dezembro, 500 D.C., foi um peregrino e entres seus milagres esta o de transformar água em vinho, é referido como "Rei dos Reis", "Filho pródigo de Deus" e "Alpha e Omega, depois de sua morte ressuscitou. Mithra da Pérsia, nasceu de uma virgem em 25 de dezembro, 1200 D.C., teve doze discípulos, praticou milagres, após sua morte foi enterrado e ressuscitou, entre seus pseudônimos estão "A Verdade", "A Luz", entre muitos outros. O dia sagrado de adoração a Mithra era o domingo.
É importante salientar que essas características estão presentes entre a maioria dos deuses da antiguidade, elementos como: o dia 25 de dezembro, uma grande estrela no céu, ressuscitar após três dias, nascer de uma virgem, doze discípulos ou seguidores. Primeiramente a data de 25 de dezembro refere-se a estrela Sirius que em 24 de dezembro é a mais resplandecente no céu alinhando-se com as três estrelas do cinturão de Órion que hoje são chamadas de "3 Reis", todas as estrelas apontam para o nascer do sol no dia 25 de dezembro, daí o porque de os três reis seguirem a estrela ao Leste.
A virgem Maria é a constelação Virgo, intitulada "A virgem", também sendo conhecida como "A casa do pão", sua representação astrológica é a de uma virgem segurando um galho de trigo que por sua vez simboliza os meses de Agosto de Setembro (meses de colheita), traduzindo dessa maneira Bethlelem é "casa do pão" mais uma adequação para a cidade de Belém.
Em se tratando de astronomia talvez uma das maiores observações seja a dos doze apóstolos que na verdade são uma adaptação dos doze constelações principais onde Jesus representa o Sol, a cruz que aparece inserida no centro do circulo dos zodíaco foi adaptada para cristianismo. Jesus é descrito em várias passagens da Bíblia como: "Ora, ninguém subiu ao céu, senão aquele que de lá desceu, a saber, o filho do homem que está no céu" João 3:13, "Que renascerá assim como faz todas as manhãs" Mateus 28:6, "De trevas resplandecerá luz -, ele mesmo resplandeceu em nossos corações..." Corintios 4:6, "Saiu pós Jesus trazendo a coroa de espinhos..." João 19:5, a coroa de espinhos pode ser interpretada como "os raios de sol".
A Religião egípcia foi a base para a teologia Judaico-cristãs, e dela foram retirados não apenas as passagens extraídas da figura mitológica de Hórus, mas também os dez mandamentos que não passam de um plagio do "Feitiço 125 do livro dos mortos". Com muitas mudanças como: "Eu nunca roubei" tornou-se "Não roubarás", "Eu nunca matei" tornou-se "Nunca matarás", "Eu nunca menti" tornou-se "Nunca levantarás falsos testemunhos" entre outros.
Ao fim dessa pesquisa foi possível reunir um grande número de arquivos e documentos específicos que tiveram a "audácia" de informar sobre as bases do cristianismo, não para manchar a fé de alguns nem tão pouco denegrir pessoas, mas para alertar sobre o perigo de viver sobre o jargão de uma mentira e as falsas propostas que são propagadas por fanáticos religiosos que não tem a mínima capacidade de pesquisar sobre a única coisa que vale a pena se apoderar a qual chamamos de verdade.

Considerações Finais

Ao termino desse artigo podemos levantar inúmeros questionamentos sobre o poder que emana de nossa sociedade o qual sempre foi monitorado por suas instituições. As religiões encabeçaram essa pesquisa, o cristianismo aparece destacado por conta do grande número de seguidores existentes ao redor do mundo, a figura de Jesus é discutida tomando por base a falta de veracidade dos documentos que provariam sua existência.
Todos esse atributos, todos os questionamentos fazem parte de um emaranhado de pesquisas, diversos pesquisadores procuram entender o poder de controle social e quais são as articulações necessárias para a sua existência. Ateus ou não tais pesquisadores pretendem desmascarar mentirosos que envenenaram as mentes de muitos, através da ciência formaram teorias que ajudaram a compreender nossa existência tornando nossas vidas mais longas e cômodas, por meio da verdade foi-se criando um sentimento de descoberta que apoderou-se de nossos corações e mentes racionais objetivando essa necessidade humana de descobrir.
Esse artigo será encarado por fundamentalistas religiosos e fanáticos como mais uma das obras do diabo que tenta desesperadamente destruir a fé que existe nas pessoas, no entanto digo desde já que essa pequena pesquisa destina-se apenas aqueles "espíritos livres" nas palavras de Nietzsche, que destinaram suas vidas a entender o universo em que vivem destruindo as mentiras e rompendo os grilhões invisíveis da opressão gerada pelos que se utilizam do poder para beneficio próprio, ou nas singelas palavras do egiptólogo Gerald Massey: "Eles devem achar difícil... Aqueles que tomaram a autoridade como a verdade em vez da verdade como a autoridade"

REFERÊNCIAS

Livros:

FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder; organização e tradução de Roberto Machado. RJ: Edições Graal, 1979
_________. Vigiar e Punir: nascimento da prisão; tradução de Raquel Ramalhete. 37. Ed. Petropolis, RJ: Vozes, 2009.
DAWKINS, Richard. O Relojoeiro Cego: A teoria da evolução contra o desígnio divino; tradução Laura Teixeira Motta ? São Paulo: Companhia das letras, 2001
________________. Deus, um Delírio; tradução de Fernanda Ravagnani. ? São Paulo: Companhia das letras, 2007.

Disponível na internet:

Disponível em: . Acesso em: 01 de jan de 2011.
Disponível em:. Acesso em: 30 de dez de 2010.
Disponível em: . Acesso em: 01 de jan de 2011.

Documentário em vídeo:

Zeitgeist ? The Movie, Peter Joseph, USA, 2007.

Autor: Ailton Da Costa Silva Júnior


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