A mulher, o cachorro e a corda



Edson Silva

Ao ver na TV a cena do salvamento de uma mulher nas terríveis enchentes do Rio de Janeiro, tomo a liberdade de fazer esta recomendação: "Levem nos carros ou tenham em suas casas cordas resistentes, preferencialmente dotadas de nós ou outro artifício que, numa situação de emergência, facilitem a utilização por você ou alguém que precise de ajuda numa enchente, por exemplo",

A modesta recomendação é dirigida especialmente para quem mora, trabalha ou frequentemente passa próximo de área onde há notícia de alagamento. E não digo que são apenas bairros ribeirinhos, que existem na Região Metropolitana de Campinas (RMC) ou outros municípios próximos, como Piracicaba e Capivari, que não raramente sofrem com cheias de rios.

Há também alagamentos em centros urbanos, estão aí notícias de televisões, jornais, rádios, revistas ou sites sobre problemas nas marginais de São Paulo ou nas ruas centrais de Campinas. Portanto, acredito ser ato de cidadania dispor do equipamento (corda) para utilizar numa eventualidade e com a responsabilidade de manter a corda em bom estado. Vocês poderão passar anos e anos sem precisar usá-la, mas estejam certos de que se houver necessidade e puderem salvar uma vida, não há tesouro no mundo que pague por este gesto humanitário.

Assim como talvez bilhões de pessoas no Brasil e mundo, estou emocionado e comovido com o dramático salvamento, mostrado pelas TVs e sites, da moradora Ilair Pereira de Souza, a dona "Pelinha", 53 anos, em São José do Vale do Rio Preto, Região Serrana do Rio. A casa da mulher começa desmanchar como castelo de areia no meio da correnteza, de força absurda, formada por água e lama. A mulher resiste heroicamente, mantendo seu cachorrinho "Beethoven" sob o braço.

O socorro, com corda, vem do alto, da sacada de um sobrado, com dois rapazes, heróis anônimos, que a imprensa descobriu que um chama Daniel e mesmo com o pé machucado conseguiu ajudar no resgate. E dona "Pelinha", mesmo com fôlego prejudicado pelo vício de fumar desde nove anos, encontra força para segurar a corda e enfrentar a correnteza até ser içada à "infinita" altura de 10 metros.

Desesperado, o fiel amigo "Beethoven", que ela tentou salvar até o fim, lhe mordeu o braço, soltou-se e foi arrastado pela enchente. Minhas lágrimas e de bilhões de pessoas se juntaram as águas do rio barrento, mas com dona "Pelinha", que até então jamais tinha feito nó numa corda, lamentava a morte do amiguinho, mas agradecia a Deus e aos vizinhos que a salvaram de morte certa.

Edson Silva, 49 anos, jornalista da Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Sumaré
[email protected]


Autor: Edson Terto Da Silva


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