A Filosofia da História em Kant




A Filosofia da História nas teorias de Kant.
Carla Aparecida Lopes Silva

Resumo: o artigo presente tem como objetivo propor a discussão e reflexão sobre a compreensão do desenrolar do tempo, ou seja, a história da humanidade em diferentes contextos históricos fundada por um telos utópico, propondo a compreensão do que seja Filosofia da Historia e seus elementos constituintes correlacionando com a idéia Kantiniana de História Universal de um ponto de vista cosmopolita.


Palavras chaves: Filosofia da Historia, Kant, utopia.


Ao mensurar a concepção de Telos compreende ? se que toda teoria filosófica defende um ponto de chegada, e um destino inevitável, as quais podem correlacionar com algumas filosofias durante o passar do tempo histórico para interpretar qual esse sentido de telos na história, portanto vamos interpretar primeiramente Eva e Adão, pois a estrutura dessa história e explicitada pelos seguintes itens; porque neste período não se tinha noção de uma teleologia, uma noção de passado, presente, futuro o tempo que era exposto para Adão e Eva era o tempo da eternidade o do próprio Deus, não a percepção de um processo a qual se tem o ponto de partida, desenrolar do tempo, e o ponto de chegada, só será analisada com estas tais premissas quando ocorre a modificação do pensar de Adão e Eva, ou seja, quando ao comerem a fruta proibida, assim passa a se narrar um novo mundo, tempo de sofrimento, portanto ai nasce a História da humanidade e as filosofias históricas e seu telos.
Portanto houve uma queda com esse tempo eterno do próprio Deus no tempo edéio, no medievo a um telos que se caracteriza pela compreensão presente e passado para criar as hipóteses do ponto de chegada da humanidade, assim na Idade Medieval como antecedente havia a pureza, posteriormente houve a queda desse tempo eterno, e irá ocorrer retorno com a vida de messias a terra e garantindo, assim a salvação de todos os seres humanos e o retorno á esse tempo eterno em outro plano sobrenatural.
No entanto, no Iluminismo a identificação de outro telos, a qual o ponto de partida como análise é o período de trevas referido ao Medievo, esclarecimento através da razão e, portanto se tornando uma sociedade esclarecida. Por isso as estruturas dessas duas filosofias citadas acima vêem o passado humano como o ponto de partida, progresso e a defesa de um ponto de chegada, ou algo inevitável para humanidade para chegar a esse progresso assim a defesa de um Telos, portanto a teleologia tem a mesma forma estrutural, porém o que modifica é o conteúdo.
Torna - se eficaz analisar que o telos articula com duas dimensões a temporal e semântica, a respeito da dimensão temporal deve avaliar que o nosso corpo, ou seja, nosso cérebro não consegue reter todas as informações de uma experiência que assimilamos, porque não é capitada em sua totalidade, capitar tudo o que estava ocorrendo em sua volta e conseguir produzir com exatidão, como veio á acontecer, porque na realidade o que será capitado o que ficou marcado na memória.
Portanto, ao analisar a História Medieval colocou - se uma totalidade para a História humana naquele período, a qual havia como estrutura o drama humano que todos os seres humanos irão passar em razão da queda do tempo eterno e posteriormente a salvação o retorno a esse tempo tão desejado, portanto essa estrutura se torna uma dimensão temporal que abrange toda a humanidade do medievo essa é a totalidade da História Medieval e, portanto correlacionando com a outra dimensão do telos a semântica dando um sentido único a historia humana do medievo que é a queda do tempo eterno, sofrimento da humanidade, retorno. Dando assim o ponto de partida, progresso e um telos, ponto de chegada por isto pode se dizer que toda utopia é teleológica, porque tem um ponto de chegada, e ambas possuem a concepção da linearidade.
Ao propor a correlação da concepção de Kant a respeito da convicção de uma História Universal cosmopolita com a Filosofia da História, compreende ? se a sua defesa de um ideário de que a humanidade esta sujeita a um plano secreto, pois ocorre uma correlação de leis naturais que têm como objeção alcançar uma sociedade racional ao ponto de se tornar politicamente cosmopolita sem necessitar da apreensão da força de um Estado, no entanto ao expressar tais objeções, se verifica uma teleologia expressa em sua visão, pois analisa um ponto de chegada que é a essa visão cosmopolita que a humanidade toda irá alcançar, em um período lento de progressão evolutiva de aprimoramento em toda a espécie.
No entanto, Kant esclarece que ocorre na humanidade um antagonismo e que é graças essa condição oferecida pela natureza do homem ter inveja, ambição que possibilita o seu desenvolvimento e superar a sua tendência de preguiça afastando desta, o homem desenvolve suas potencialidades, Segundo Kant isso é obra de um criador sábio, e mesmo o homem querendo à concórdia a natureza sabe o que é viável para a espécie e mantém a discórdia, pois é a discórdia que produz o desenvolvimento de suas disposições naturais.

"O meio de que a natureza se serve para realizar o desenvolvimento de todas as suas disposições é o antagonismo delas na sociedade, na medida em que ele se torna ao fim a causa da ordem regula por leis desta sociedade." (Kant, Idéia de uma Historia Universal de um ponto ode vista cosmopolita. Pg. 8)

Portanto, tais pressupostos compreendem a concepção de Kant que existe um plano oculto para a espécie humana, a qual ele em seu texto diante a construção de sua narrativa perdura na concepção de que a natureza age e tem suas vontades sobre a espécie, e que o maior problema desta espécie para Kant é desenvolver uma sociedade civil que possibilite a administração universal do direito, sendo que ocorrerá uma sociedade, a qual a liberdade sob leis exteriores de um senhor para que seja válido nesta espécie humana á vontade coletiva e o respeito humano, mas, no entanto Kant coloca um problema a ser resolvido quem será o Senhor que dará a capacidade da justiça e a imparcialidade para o cumprimento das leis neste universo terrestre? Então Kant apresenta que esse senhor é nada mais que um ser humano que tentará buscar a aproximação desta justiça, pois será impossível ser 100%, porque essa espécie sempre abusará de sua liberdade estando um grau elevado, mas Kant pontua para outro problema desta constituição civil justa depende da relação entre Estados, pois vivem em sistema antagônico de correlação de forças e ambições, por isso as guerras as alianças, porque existe um processo de insociabilidade entre estes e a defesa de interesses de ambição, inveja e ganância, portanto a espécie utiliza dessa ordenação aparentemente selvagem para um aprimoramento da concepção de moralidade, mas mesmo que ocorrá um poder unificador que gere um Estado cosmopolita haverá a coerção de força que a espécie humana esta predestinada o antagonismo que a natureza impõe a espécie humana, para espécie alcançar o telos que é proposto para Kant que é a moralidade os Estados devem não ficarem frisando entre si as suas discórdias, mas propor a formação de cidadãos, ou seja, a visão Cosmopolita que Kant acredita ser o ápice da humanidade.

"Pode-se considerar a historia da espécie humana em seu conjunto como a realização de um plano oculto da natureza para estabelecer uma constituição política perfeita interiormente e quanto a este fim, também exteriormente perfeita, como o único estado no qual a natureza pode desenvolver plenamente na humanidade, todos assuas disposições." (Kant, Idéia de uma Historia Universal de um ponto ode vista cosmopolita. Pg. 17).

Então ao avaliar Kant e suas preposições á respeito da História em sua visão Cosmopolita percebe o ideário de uma filosofia histórica, pois ao tentar propor uma História universal com a proposição de um telos sendo este, a qual a espécie humana ao alcançar sua moralidade por completa alcançaria um Estado Cosmopolita, sendo que assim ele coloca uma totalidade que toda essa espécie humana esta sujeita à coerção das leis naturais e que desenvolveria no mesmo ápice esse sentido de moralidade exposta em seu argumento, que seria para Kant o desenvolvimento da razão onde o ser humano escolheria as coisas que concedessem como bem de toda a espécie e não o particularismo, não defendendo os seus interreses particulares, portanto a linha da filosofia da história que Kant propõe é que a espécie humana vive em um antagonismo, em um caos e não alcançou a moralidade completa e o caminho, ou seja, o progresso só ocorrerá através da capacidade de relação civil entre os Estados que ao invés de dar ênfase em suas disputas de poder desenvolverá um cidadão em sua moralidade plena e, portanto chegando a uma sociedade Cosmopolita, por isso pode - se interpretar que ao momento que Kant quis produzir uma Historia Universal ao viés Cosmopolita ele esta utilizando de artifícios da filosofia da história, a qual deu o telos criou a concepção do que seria necessário para alcançar o objetivo proposto á humanidade que seria atingido através do aprimoramento e evolução desta espécie através das leis naturais e de suas próprias disposições que lhe foram dadas naturalmente, e é necessário que sejam apenas trabalhadas e assim alcançando o seu estado maximo, uma espécie moral que convive em um estágio Cosmopolita, assim dando um sentido único para a espécie humana fazendo um viés linear de evolução como sucessiva e aprimorada ao longo do percurso exposto, de um modo sintético Kant utilizou o seguinte caminho para a sua concepção narrativa de um História universal, utilizando o seguinte método a Correlação da filosofia da história aos seus elementos como a teleologia para criar uma história da humanidade em um determinado contexto histórico, a qual reduz o ponto das diversidades da humanidade e da um sentido único, sobre uma meta narrativa, constrói uma narrativa histórica da História Humana acima das experiências particulares, dando um telos o ponto de chegada, sendo este para Kant á moralidade completa que traria o Estágio Cosmopolita na sociedade.
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Referencia bibliográfica:
Dosse, François. Tradução Marta Elena Ortiz Assumpção. O Telos da providencia ao progresso da razão. In: A História. Bauru, SP: Edusc, 2003, p.213 - 261.
Hegel, G.W.F. A razão na historia: introdução a filosofia da historia universal: edições 70,1995.
Kant, Immanuel. Critica da razao pratica. ( Tradução Artur Morão) Lisboa: Edições 70, 1994.
, idéia de uma historia universal de um ponto de vista cosmopolita. ( org / Tradução Ricardo R. Terra )São Paulo: Brasiliense, 1986.


Autor: Carla Aparecida Lopes Silva


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