Pode o Mito Grego estar Presente na Sociedade Contemporânea?
Durante muitos anos, desde que o homem começou a encontrar razões para seu surgimento, várias foram as explicações buscadas, entre elas, pode-se destacar o papel do mito como forma de compreensão do mundo e de tudo aquilo que nele existe.
Sobre a definição da palavra ??mito??, Everardo Rocha escreve:
"O mito é uma narrativa. É um discurso, uma fala. É uma forma de as sociedades espelharem seus paradoxos, dúvidas e inquietações". (ROCHA, 1996, p.3)
Foi por volta de 700 a.c que esse modo de pensar surge, principalmente com os gregos vindo de uma necessidade de explicação dos eventos do mundo. Tais explicações eram narrativas onde eram contadas histórias com um teor de sobrenaturalidade e com um fundo de ??moralismo?? em que predominava castigos de deuses contra mortais (imperfeitos) por suas atitudes equivocadas. Com isso surge o que defini-se como Mitologia, que é em seu sentido básico o conjunto das narrativas míticas.
Outro aspecto relevante acerca dos mitos é que estes na atualidade são ditos como ??fantasiosos?? ou ??inverdades?? como se todo o conteúdo nele implícito fosse algo desnecessário ou impróprio para os tempos modernos, já que hoje são disponibilizadas técnicas e comprovações científicas para obter uma resposta.
DESENVOLVIMENTO
Com o surgimento dos mitos na Grécia antiga as pessoas puderam ter acesso a certo tipo de conhecimento, porém, com o passar dos anos e com o advento das ciências naturais, esse tipo de explicação foi ocupada por outras que foram ditas como ??racionais??.
Contrariando o que se pensa atualmente, os mitos não desapareceram completamente, eles ainda permanecem arraigados em muitas culturas e até mesmo estudos avançados como no caso do médico neurologista fundador da Psicanálise Sigmund Freud cederam espaço a esse tipo de explicação, como no caso da teoria do "Complexo de Édipo?? baseado no mito de ??Édipo Rei??.
Mesmo a sociedade negando a existência do mito hoje, percebe-se que ainda assim ele está presente mesmo que de uma forma não tão notada como antes. Um exemplo disso foi o ??mito da raça ariana?? na época da Alemanha Nazista em que Adolf Hilter pregava a superioridade desta raça em detrimento das outras e fez com que milhares de pessoas o seguissem a ponto de acreditar que tal ??teoria?? estava certa.
Atualmente percebe-se uma supervalorização das imagens e comportamentos impostos principalmente pela mídia, o que também pode ser considerado como mito. O mito de que tal produto vai tornar o indivíduo melhor que o outro, sendo que entre uma marca e outra não existe a menor diferença no que se diz respeito de ??superioridade?? na sua forma original.
A total crença de que a vida de pessoas ??famosas?? é melhor que a daquelas não enquadradas nesse aspecto também acaba denotando uma forma de mito, pois acaba criando um certo glamour que as vezes pode até não existir, visto que geralmente essas pessoas acabam deixando de lado sua privacidade e suas vidas íntimas.
Todavia, o mito de hoje acaba sendo representado por pelo anseio do homem moderno, que consciente de suas limitações imagina um futuro diferente da realidade e que projeta ali uma busca de um dia se tornar diferente daquilo que ele realmente é.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base no que foi visto, pode-se afirmar que o mito ainda está inserido na sociedade moderna mesmo que seja de uma forma diferente daquela que existiu na época da Grécia antiga. Atualmente, ele traduz muito do que se é e do que se pensa sobre o mundo e principalmente sobre o que as pessoas são hoje em dia, os comportamentos e atitudes e o modo de vida de cada uma tendo interferência ou não de fatores externos, continuando essa busca por explicações desconhecidas e que fazem parte do mundo. Portanto, o mito está sim presente na sociedade contemporânea.
REFERÊNCIAS
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à Filosofia. 2ª edição. São Paulo: Moderna, 2002.
CREMONESE, Dejalma. O Mito nosso de cada dia. Disponível em: . Acesso em: 26 de abril de 2010.
ROCHA, Everardo. O que é Mito. São Paulo: Brasiliense, 1996.
Autor: Lígia Carolina Borges Faria
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