Diz, Menina
Diz, menina! Diz que me ama ao menos mais uma vez.
Como é lindo ouvir de você minha sina, meu bem querer!
Diz de mansinho, diz carinhoso, dengoso,
De corpo cansado, de perna bamba, de voz rouca.
Daquele jeito, lembra? Diz assim de saudade.
Diz como naquele dia quando gozou feito louca,
Diz como já ouvi menina que eu amo: Diz de felicidade.
Diz, menina! Mas não diz agora. Não diz porque pedi.
Deixa pra amanhã, depois, sei lá. Qualquer dia, qualquer hora.
Diz assim d’um repente. Diz de surpresa, de emoção.
Não precisa escolher as palavras, gestos, olhares.
Apenas fecha os olhos, não pensa, diz sem demora.
Faz como eu: Deixa apenas que os lábios, traduzam o coração.
Diz da forma mais bela, da forma mais natural.
Diz como quem pinta as unhas, penteia os cabelos,
Respira, anda de bicicleta, cavalga montada em pelo.
Diz como quem ri, como quem chora, diz assim de forma banal.
É, eu sei que parece difícil. Dizer um “ Eu te amo “ é coisa séria.
Reflexo do espelho da alma, às vezes parece mais uma rendição, né?
Eu sei que a gente pesa, mede, pensa, repensa, reluta, patina na matéria.
E às vezes conclui: - Pô, se eu disser assim, tô entregando tudo! Minha vida pra esse mané!
Não se preocupe menina. Isso é apenas o desejo de um apaixonado,
O “ Eu te amo “ que te pedi, um sonho. Pouco mais que uma brincadeira.
Quem sabe você já me diz todos os dias e não percebo, de tão fissurado.
Todos os que até hoje te ofereci, comprei a um centavo ali naquela feira.
Onde? Vem comigo, é bem ali. É a feira da Felicidade.
Lá, tudo custa barato. E tudo o que se compra, somente serve para entregar ao ser amado.
Lá só se vende, para quem está assim como eu: completamente de amor tomado.
Para quem não se cansa de dizer, menina, todo dia, toda hora, que te ama de verdade.
Para quem está sempre assim de você tão carente,
Sonhando em ouvir, um “Eu te amo”, de repente.
Vai! Diz?!
Autor: Ailton Ferreira
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