Furo com barriga não vale!
Edson Silva
A vida passa depressa. Parece que foi ontem, eu tinha 13 anos, nem sonhava ser jornalista, mas desenhava matérias e "fotos" do Jornal do Humor, feito artesanalmente com a caneta Bic preta. As "fotos" ganhavam texturas diferentes com o uso do lado áspero da prancheta. O exemplar original era xerocado para ser distribuído no antigo Ginásio Estadual do Jardim Aurélia, em Campinas, que continua no mesmo lugar, mas com outro nome.
Terminei o ginásio, o colegial e finalmente, em 82, ingressei na Comunicação Social, com posterior opção, em 84, para Jornalismo, na Puc de Campinas. E de lá pra cá já são, graças a Deus, pelo menos 36 anos, de "amadorismo-profissional" ou de "profissionalismo-amador", com direito a novas e antigas lições diárias, no fascinante mundo de coletar, processar, redigir e transmitir o vírus da informação. Agora com a velocidade e fronteiras ilimitadas da internet.
Bom, mas escrevi sobre tantos assuntos que decidi escrever sobre minha área. Nada de um tratado chato, mas alguns termos chamados jargões jornalísticos que um eventual leitor que se aventurar em nossa área ouvirá nas redações da vida e por isso é bom estar atento. Quem não pensa ser jornalista está convidado a ler pela curiosidade ou para ganhar mais conhecimento.
Em jornal, barriga é veicular notícia errada. Se sua matéria caiu não procure sob a mesa , pois matéria que cai é a que não será utilizada, foi derrubada pelo editor. Ah, mas não desanime, arquive o texto, quem sabe outro dia você não precisará cozinhá-lo, reescrever para que seja publicado, principalmente se um concorrente explorou o tema. Se o editor te pedir uns drops, não vá com balinhas de hortelã, ele quer algumas notas rápidas e curtas. Se pedir um pirulito é um texto curto.
Para melhor emplacar a matéria, ter um texto aprovado, enxugue as informações, que é eliminar o que for desnecessário. Não se esqueça furo, notícia dada com exclusividade, deve ser bem apurado para evitar constrangimento da barriga e posterior retratação. Ah, esteja sempre atento em conseguir ganchos numa notícia, ou seja, assuntos que rendam outras notícias. Se o assunto é bom, quem sabe não vale um iceberg, texto de página inteira? E não esqueça: jornalista de caráter jamais aceita jabá, ditos "presentes" oferecidos geralmente de maneira interesseira.
Se você chega na redação e dizem que o jornal empastelou nem pense que alguém o leu na pastelaria da esquina e sujou de óleo. A verdade é que elementos gráficos da página foram colocados erradamente. Ah, é durante o pescoço se antecipam (aos editores) matérias que serão publicadas. Com estas dicas, formação em faculdade de Jornalismo e a vida inteira dedicada a ler e escrever sobre tudo, quem sabe em dois ou três milhões de anos você, eu, qualquer pessoa, possamos bater no peito e dizer: "Agora sou verdadeiro Jornalista!"
Edson Silva, 49 anos, jornalista da Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Sumaré
[email protected]
Autor: Edson Terto Da Silva
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