Globalização! Dualidade ou Iguladade?



Globalização! Dualidade ou Igualdade?



Falar em globalização em nossos dias atuais está praticamente na moda entre os grandes pensadores e intelectuais. Desde a Jurgen Habermas, clássico por seus estudos sobre o funcionalismo, até Noam Chomsky que se tornou um ícone por seus trabalhos em lingüística e atualmente aventura-se em escrever sobre o fenômemo da globalização.
Entre outros intelectuais, a Globalização vem gerando uma série de discussões sobre a sua importância, que além de interligar todos os continentes através de computadores, meios de comunicação, transportes e outros fatores, contribui em muito para um elevadíssimo crescimento da pobreza e da miséria no mundo.
Afinal que tem direito a usufruir dos privilégios que a Globalização nos oferece?
Podemos citar que ela possibilitou uma eficiente desenvoltura nos designers das grandes cidades, praticamente transformando as metrópoles em seu formato físico delimitando o local certo para cada setor, isso devido em muito aos estudos de Bauhaus e Norman Foster. As cidades planejadas, que assim poderiam conter uma urbanização que possibilitasse uma qualidade de vida melhor, com sistemas de transportes coletivos eficientes e qualidade de vida aceitável e habitações construídas de forma adequada está sendo muito de longe uma realidade que esteja nos parâmetros dos projetos dos grandes designers e urbanistas do século XX.
É comum vermos nos noticiários engarrafamentos, criminalidade exorbitante, índice de crescimento humano fraco, fora a escassez de saneamento básico em bairros pobres de metrópoles como São Paulo, Nova Delhi e Cidade do Cabo, contrastando com modernos parques industriais, ou em metrópoles dos países desenvolvidos, Tóquio, Nova York, Paris, Londres, haverem taxas de suicídios na classe social mais alta por ecesso de trabalho, com longas jornadas de trabalho que vão de 15 a 18 horas diárias, e também sofrendo com a entrada em larga escala de contingentes de pessoas que procuram alternativas de sobrevivência, e na maioria das vezes terminam em sub-empregos se sujeitando a trabalhar por qualquer tipo de ordenado. Tem ainda que enfrentar a xenofobia que vem crescendo de maneira assustadora e o preconceito racial e étnico. Isso fica mais evidente em imigrantes de países que foram colônias das grandes potências da época do expansionismo naval, durante os séculos XV, XVI, XVII e XVIII.
Exemplos disso são imigrantes argelinos na França, sul americanos na Espanha, asiáticos na Inglaterra, devemos acrescentar também que muitos mexicanos sofrem nos Estados Unidos uma violenta discriminação, caminhando na maioria das vezes para o mundo da marginalidade e sendo facilmente assediados por gangues e agiotas.
A globalização nos mostra, que uma boa parcela da população mundial, não usufrui de seus privilégios, e ainda que ela tende aumentar ainda mais, devido a fatores como mecanização maciça das indústrias, aumento da taxa de natalidade, epidemias, guerras, criminalidade, falta de perspectiva de vida, etc. A globalização oferece uma massa de oportunidades que diferentes povos tenham relações entre si, e conheçam a pluralidade de diferentes culturas e que elas mantenham contato entre si. Porém não se pode descartar que, essa interligação, ocasionou diferentes conflitos no planeta, desde batalhas empresariais acirradas entre grandes multinacionais, podemos citar o caso da empresa canadense de aviação Bombardier e a Embraer brasileira, ambas se acusando de desrespeitar regras de comércio impostas pela organização mundial de comércio, que levou a embates cruciais entre as duas empresas e conseqüentemente deteriorando as relações diplomáticas entre os dois países, as intervenções humanitárias das super-potências para libertar países da tirania de líderes como Slobodan Milosevic na ex Iugoslávia e Saddam Hussein no Iraque. Isso também proporcionou a violação da soberania de muitas nações, e esse grupo de países liderados pelos Estados Unidos, vem cometendo milhares de atrocidades em diferentes pontos do planeta, determinando assim uma nova ordem mundial sob liderança do mundo capitalista. Alguns membros do antigo bloco comunista resistem ainda ao avanço do capitalismo, todavia demonstra sinais de declínio como a abertura comercial da China oferecendo um vasto mercado consumidor a multinacionais das grandes potências, mas ainda o poder do PC chinês se faz intransponível praticamente não havendo opositores ao seu governo.
Talvez o país que mais se exclua dessa ocidentalização, seja a Coréia do Norte, que demonstra assiduamente sua indiferença perante os americanos e sua doutrina de levar a democracia a todos os cantos do globo, e na amplitude das vezes tendo em uso sua avassaladora maquina de guerra.
Há que se fazer uma ressalva nesse ponto. Os Estados Unidos desitina-se aproximadamente para sua defesa, 400 bilhões de dólares de seu PIB (Chomsky: 2001), é o país que mais investe em armamentos no mundo, tendo as indústrias bélicas apoio restrito do governo Bush, que foi uma de suas principais aliadas em sua campanha para chegar á Casa Branca.
Aliás, os Estados Unidos tem uma longa história de guerras no século XX, podemos citar com exemplo as duas guerras mundiais, Guerra da Coréia, a desastrada campanha no Vietnã, milhares de intervenções ocorridas no continente africano e na América Latina com participação direta ou indiretamente de Washington, e mais recentemente temos as frustradas invasões do Afeganistão e do Iraque.
Com o desenvolvimento dos meios de comunicação, o mundo pode assistir confortavelmente as violações dos direitos humanos, causados pelo exército americano nessas regiões aos quais se fez e faz presente e também ver seus soldados serem mortos no campo de batalha, mostrando a situação de desespero que muitos deles enfrentaram diante do front de batalha. Muitas dessas imagens foram ou arquivadas pelos serviços de segurança dos Estados Unidos, ou simplesmente destruídos.
Nesse âmbito, as imagens via satélites nos revelaram as decadentes condições humanas de refugiados de guerra fugindo dos campos de batalha, as crianças morrendo por desnutrição e doenças, os mutilados pelos ataques aéreos sendo socorridos em meio ao fogo cruzado.
Em uma analise de antemão, globalização além de revolucionar o globo com seus privilégios, ofereceu também uma conscientização de catástrofes humanitárias diretamente do local em que elas ocorrem, até o televisor na casa das pessoas.
Não podemos falar apenas da guerra como um aspecto de denúncia, que a globalização possibilita, mas também como um exemplo de alerta que ela vem a ser para desastres naturais, como terremotos, maremotos e tempestades naturais, que podem ser previstas com os milhares de detectores espalhados pelos quatros cantos do mundo como pelos satélites ao redor da terra.
Por esses dualismos, a globalização vem proporcionando uma onda manifestações, que se possa discutir seus pontos positivos como negativos, temos como exemplos os Fóruns Sociais Mundiais de Porto Alegre e Davos na Suíça, onde intelectuais, lideres de governo, representantes de Ongs, discutiram entre diversos temas como pobreza, problemas ambientais, como a Globalização pode ser um fator de ajuda mútua entre as nações, e não um caso de conflito.
Porém, as diversas formas culturais não está oferecendo uma alternativa que se possa chegar a um consenso, sobre de que forma apropriada se pode ter uma cooperação mútua, que ofereça uma saída que agrade a todos os setores.
A idéia de uma sociedade global, que teve com um de seus eminentes defensores o sociólogo Octávio Ianni, contradiz em muitos aspectos a morte da cultura regional e nacional, como adverte Antônio Cândido, no seu clássico livro "Os Parceiros do Rio Bunito"(2003), sobre a morte da cultura caipira causado pelo êxodo rural.
Em um aspecto mundial, vários povos estão sofrendo com esse choque cultural, mas já existe leis de mecanismos de proteção a cultura nacional. Exemplos disso vem do distante Uzbesquistão na Ásia, que mesmo sendo um país de importância no cenário mundial nula, tem sua arte artesanal e milenar preservada e mantida com incentivos governamentais.
A preservação da cultura regional e nacional em virtude da inexpugnável expansão da cultura globalizada, pode ser verificada no Brasil, citando o exemplo da Funai que protege tanto o povo indígena, como suas tradições e cultura. Pode-se salientar, que muito da tradição e da cultura indígena foi destruída devido a colonização dos países europeus, que substitui os costumes dos índios pelo seu modo de vida, deixando poucos redutos pra que esse povo pudesse conservar suas tradições. Esse aniquilamento cultural pode ser percebido também, em outras regiões e também em diferentes períodos da história.
Os romanos destruíram muita coisa do Cartago, que poderia vim a servir de fonte de estudo hoje para arqueólogos e palentologos, a Inquisição combateu ferozmente povos que fossem contra a doutrina da igreja católica queimando tanto livros como documentos e pessoas, Napoleão saqueou muitas riquezas de suas conquistas tanto material como cultural o que possibilitou que a França viesse a se tornar um ícone nas artes e no conhecimento mundial, o Nazismo espoliou e arruinou muito da cultura judaica, os chineses perseguem implacavelmente os tibetanos reprimindo tanto fisicamente como culturalmente podendo minar completamente sua identidade, os iranianos são avessos a praticamente a qualquer tipo de cultura que possa vim do ocidente. Em relação a educação, a globalização além de um abrir um vasto leque de possibilidades para se ter acesso a diferentes tipos de estudo, ela paradoxalmente está destruindo a sociabilidade de crianças e adolescentes. As brincadeiras de antigamente, como jogar bola na rua, esconde-esconde, está sendo substituído por jogos da Internet, que vem criando uma geração de pessoas alienadas socialmente, O individualismo e a carência de contato social são marcantes na população jovem atualmente, que também deixa bastante registrado o aumento de consumo de alucinógenos e pessoas depressivas, tendo como fatores para isso a solidão e a falta de uma perspectiva de sentir-se valorizado humanamente em mundo cada vez mais informatizado. "As brincadeiras de antigamente, estão sendo substituídas pelas telas em 3d". (ANDERSON: 1999).
No aspecto político, a globalização vem sendo um aliado e um inimigo das soberanias nacionais. Muitos chegam até afirmar que a era dos Estados-Nacionais está em franco desaparecimento, isso devido á intromissão de muitos elementos como multinacionais e interesses de nações ricas, em espoliar o potencial enérgico de países emergentes, como o caso da floresta Amazônia no Brasil e das reservas de petróleo no Iraque. Porém com abertura de mercados, e a expansão de empresas poderosíssimas como a Toyota, Panasonic, Coca-Cola, entre outras oferece uma grande oportunidade de arrecadação de impostos e empregos.
Em relação ao fim da soberania nacional, os Estados Unidos vem enfrentando uma grande quantidade de manifestações, por sua política intervencionista e arbitrária, passando por cima de organizações como a ONU e a OMC, colocando em muito o índice de validade e legitimidade do seu poder de manter as relações econômicas e sociais dos países em constante harmonia.
O que se poderia afirmar-se então a respeito da globalização? Enquanto ela interliga os povos, ela também causa a desigualdade social, exigindo cada vez mais uma renovação na mão de obra dos trabalhadores, minando relações sociais que estão se restringindo a programas de bate-papo na internet, e um aumento inevitável da pobreza, devido em muitos pontos a exploração das nações ricas pelas nações pobres.
A igualdade está cada vez mais difícil, e uma globalização desenfreada está em marcha pelo globo, dando privilégios a uma quantidade mínima de pessoas e destruindo a chance de crescimento de outras.



Bibliografia.
ANDERSON, P. "As Origens do Pós-Modernismo", Jorge Zahar Editor. RJ: Tradução Marcus Penchel. 1999.
CANDIDO, A . "Os Parceiros do Rio Bunito", Editora 34. SP: Décima Edição. 2003.
CHOMSKY, N. "11 de Setembro", Editora Bertrand Brasil. RJ: Quinta Edição. Tradução Luiz Antonio Aguiar. 2002.
IANNI, O. "A Era do Globalismo", Editora Civilização Brasileira. RJ. Sexta Edição. 2001.
Autor: Clayton Zocarato


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