ELEIÇÕES 2010: A DISPUTA ENTRE "TUCANOS" E PETISTAS
A presente dissertação busca fazer uma discussão a cerca da história política brasileira, especificamente da disputa eleitoral entre petistas e "tucanos" na eleição presidencial de 2010, representados pelos candidatos José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT). Nessa perspectiva, visamos apresentar e discutir suas propostas, tendências políticas e possíveis planos de governo.
O Partido Social da Democracia Brasileira (PSDB) foi fundado no ano de 1988 por políticos que saíram do PMDB por discordarem dos rumos que o partido estava tomando na elaboração da Constituição daquele ano. Políticos como Mario Covas, Fernando Henrique Cardoso, José Serra e Ciro Gomes defendiam o parlamentarismo e o mandato de apenas quatro anos para Sarney. De base social-democrata, defende o desenvolvimento do país com justiça social. O partido cresceu muito durante e após os dois mandatos na presidência de Fernando Henrique Cardoso. Nos dias atuais, é a principal força de oposição ao governo Lula.
O Partido dos Trabalhadores (PT) surgiu junto com as greves e o movimento sindical no início da década de 1980, na região do ABC Paulista. Apareceu no cenário político para ser uma grande força de oposição e representante dos trabalhadores e das classes populares. De base socialista, o PT defende a reforma agrária e a justiça social. Atualmente, governa o país através do presidente Luis Inácio Lula da Silva.
De acordo com a reportagem publicada no Jornal Gazeta no último dia sete do corrente mês,
historicamente, a relação entre PT e PSDB não foi pautada pela empatia. Ânimos acirrados entre os partidos sempre ilustram as notícias sobre a Capital Federal. E agora, ainda faltando três meses para o início da campanha oficial para Presidente da República, mais uma polêmica coloca tempero nesse embate. Tucanos e Petistas protagonizam uma "judicialização" do debate político, um apresentando ações na justiça contra o outro. (Agência Graffo, 2010)
Nesse contexto, podemos perceber que a política brasileira ainda encontra-se mergulhada numa profunda crise de democracia, nossos lideres políticos continuam recorrendo as atos que violnam a Constituição no que diz respeito a liberdade de expressão, incorrem em atos de politicagem ao tentar denegrir a imagem do candidato da oposição.
Por outro lado, o objetivo permanente de um governo democrático e popular é a construção de um poder alternativo, fundado no compromisso de promover a igualdade social e orientado pela busca radical de liberdade. Um poder que faça da democracia não um compromisso discursivo e legitimador de práticas formais e alienantes de uma pseudo-participação política, mas que estimule a criação de novas esferas públicas de participação política e afirmação da cidadania, que respeite e resguarde os direitos das posições minoritárias, que assuma a noção de pluralidade de sujeitos políticos, que impulsione a diversidade, um poder, que se coloque o desafio de dirigir a sociedade e romper com todas as formas de dominação.
Destacamos algumas propostas de governo do candidato à presidente da República Brasileira José Serra, apresentadas a empresa sendo elas: criar o Ministério da Segurança Pública, transformar a Zona Franca de Manaus (ZFM) numa área de livre comércio permanente, ampliar o Polo Industrial de Manaus e reestruturar a agência que substituiu a antiga Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), continuidade de Programa Bolsa Familia, criar uma Polícia Federal uniformizada e ter o PT do lado do governo, caso ele seja eleito.
Algumas de suas propostas são criticadas, a exemplo, da proposta de criar o Ministério da Segurança Pública,
A solução não está em nada que se possa fazer com medidas burocráticas ou factóides como a criação de um Ministério ou Secretaria"... Vai custar muito tempo, trabalho e recursos materiais e humanos. Para mudar esse quadro precisa, principalmente, vontade política. E essa os tucanos e seus aliados não tiveram nos últimos 27 anos que governaram São Paulo.(DIRCEU José, 2010)
Outra crítica surge da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, disse ter achado "um pouco estranho" a sugestão do tucano José Serra, que indicou que espera ter o PT no governo em caso de vitória da oposição nas eleições. "Acho que temos projetos distintos. Eles foram contra o presidente Lula durante tanto tempo, fizeram oposição tão raivosa e agora que temos 75% de aprovação para o governo e mais de 90% para o presidente Lula, isso soa um pouco estranho", disse Dilma.
Segundo Dilma Rousseff, serão privilegiados em seu governo caso seja eleita os eixos do projeto sob análise do PT: ciência, tecnologia e inovação, pré-sal, meio ambiente e matriz energética, educação, sáude, reconstrução do sistema de saúde, programas de moradia, como o Minha Casa, Minha Vida, transporte de massas e saneamento básico.
Segue algumas de suas propostas: ampliar Programa Bolsa Família, priorizar a qualidade da educação, contemplando medidas como o treinamento e a remuneração de professores e salas de aula informatizadas e com acesso à banda larga, aprimorar a eficácia do sistema de saúde, garantindo mais recursos para o SUS, reforçando as redes de atenção à saúde e unificando as ações entre os diferentes níveis de governo,profundar os avanços da política industrial e agrícola, enfatizando a inovação, o aperfeiçoamento dos mecanismos de crédito e o aumento da produtividade e manter a transparência dos gastos públicos e aperfeiçoar seus mecanismos de controle, combatendo a corrupção, utilizando todos os mecanismos institucionais.
Vale ressaltar, que Dilma também sofreu algumas criticas da oposição, segundo entrevista dada na TV Universitária pelo senador e pré-candidato ao governo de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), afirmou que Dilma Rousseff (PT) "não tem competência" para ser presidente da República. Aliado de José Serra (PSDB-SP), o peemedebista reiterou a confiança na eleição do tucano à presidência. De acordo com Jarbas "Serra vai ganhar a eleição. Dilma não tem preparo e nem competência política pra comandar o País. O Brasil pode até ir para o imponderável, para o lado que ninguém sabe o que vai acontecer".
Não se pode negar que as propostas apresentadas aqui de ambos os candidatos, são importantes para a continuidade do crescimento do país, porém é preciso lembrar que na história política da nossa sociedade sempre se promete muito e pouco se faz.
Por outro lado, neste clima de otimismo e criticas o eleitorado vem declarando nas pesquisas sua preferência em votar na continuidade, onde mais de 50% já declararam estar disposto a votar na candidata apoiada pelo presidente Lula
Os dois mandatos do presidente Lula que se encaminham para terminar deixarão como legado um ciclo virtuoso com forte viés nacionalista-desenvolvimentista mais à feição da social-democracia do tipo europeia, diferenciando-se drasticamente do período getulista (nos dois mandatos) e do regime militar, por terem sido altamente conservadores. O que lhe dá esta marca, mais à esquerda, são o viés em favor das classes mais baixas através das políticas de desenvolvimento social e uma política econômica de rígido controle monetário, para o controle da inflação, da mesma forma que caracterizou os partidos sociais-democráticos europeus. Por esta razão Lula mantém recorde de popularidade e o PT tornou-se o mais preferido junto ao eleitorado, independentemente de seus seguidores terem consciência ideológica desta natureza. ( FIGUREDO Marcus, 2010).
Numa análise histórica "a eleição presidencial que se avizinha tem algumas características importantes. É a primeira pós-88 sem a presença de Lula como candidato. Desde 1989, Lula se apresentou como oposição à hegemonia liberal-conservadora que sempre governou o país, com o interregno do Presidente João Goulart, 1962-64", disse Marcus Figueredo.
Segundo pesquisas realizadas os candiodatos estão tecnicamente empatados, comprovando que a disputa entre petistas e tucanos, neste momento eleitoral, está mais na alta taxa de competição política entre as candidaturas de Serra e Dilma, do que na competição eleitoral propriamente dita.
Em suma, um ano eleitoral é sempre um momento significativo na sociedade. Neste sentido, conhecer as propostas dos candidatos, a história política do país, identificar as tendências políticas são critérios imprescindíveis para a escolha do voto. Não se pode perder de vista que o melhor para o país é o desenvolvimento, por isso é preciso analisar as possibilidades de continuidade e mudanças em relação a administração do governo atual.
Referências:
A eleição presidencial 2010 e as atuais tendências. Disponível em
http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/a+eleicao+presidencial+2010+e+as+atuais+tendencias/n1237595934813.html
Dilma diz não ver importância na proposta de Serra de criar Ministério da Segurança Pública. Disponível em
http://www.infojus.com.br/noticias/governo-serra-vai-apresentar-nova-proposta-para-tentar-acabar-com-greve-de-policiais/relacionadas/
Diretrizes para a elaboração do programa de governo. Disponível em
http://www.fpabramo.org.br/uploads/diretrizesparaaelaboracaodoprograma.pdf
Multas eleitorais viram motivo de disputa entre PT e PSDB. Disponivel em
http://www.gazzeta.com.br/edicao/?edicao=1783&id=540
Propostas de Dilma Rousseff. Disponível em
http://www.fabianocoury.com.br/visualizar.php?idt=2208008
Autor: Lucival Fraga Dos Santos
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