Considerações Gerais Sobre O ódio Versus Medo



CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O ÒDIO VERSUS MEDO
Dr.Wagner Paulon
1986 - 2008

Jamais poderemos ter esperança de compreender e controlar o ódio, até que aprendamos a compreender e controlar o medo. As pessoas se odeiam porque se sentem inseguras. A pessoa mais propensa a odiar é aquela que abriga sentimentos de inferioridade. Ela é frustrada, ansiosa, desconfiada e medrosa.

As pessoas que odeiam passam pela vida com os punhos cerrados. Estão constantemente na defensiva. É mais do que provável que estiveram expostas a padrões de ódio durante a infância. São condicionadas ao ódio e em muitas ocasiões estão apenas imitando as reações de ódio dos pais.

As pessoas odeiam porque foram e ainda são privadas do amor que desejavam e do amor de que tinham necessidade. Sentem-se rejeitadas. Abrigam a triste desilusão de que para sobreviver precisam odiar. São encorajadas nas suas convicções pela cínica filosofia de que este é o mundo do "homem lobo do homem" — que todos são desonestos, egoístas e que o único meio de progredir neste mundo é conservar-se em luta e ultrapassar em ódio o semelhante. Para elas a vida torna-se um círculo vicioso de insegurança que leva ao ódio e o ódio dá em resultado uma maior insegurança. Cada dia se torna uma luta competidora para sobreviver. A sobrevivência, não importa como, torna-se uma obsessão. Compreendem a tragédia do seu falho raciocinar quando o tiro da sua cínica filosofia da vida sai pela culatra. Infelizmente aprendem através de triste experiência que o ódio gera o ódio, que a vingança e o espírito vingativo são qualidades fúteis.

Os ódios epidêmicos são geralmente característicos das guerras. Mesmo as nações estão finalmente acordando para a fria compreensão de que não existe vitória em nenhuma guerra.

Sintetizando, as pessoas odeiam por causa do medo. Sentem medo da morte, de Deus, dos indivíduos e do maior de todos os medos - o medo do próprio medo.

Muitas pessoas que consultam psicanalistas, por varias vezes demonstram ser pacientes difíceis somente porque estão saturadas com sentimentos de indignidade pessoal e com encurralados sentimentos de hostilidade. Aborrecem-se facilmente e zangam-se por terem de pagar o tratamento psicanalítico numa condição em que são propensos a culpar os outros. Não gostam que se lhes diga que os seus problemas de infelicidade são autoprovocados.

Quando o psicanalista se esforça para ser bondoso e compreensivo, o paciente neurótico, cheio de amargura e de ódio, muitas vezes se torna abusivo. Está incapacitado de aceitar a bondade e o amor que o psiquiatra irradia. Isto faz que ele se sinta mais culpado. Tenho tido pacientes que me disseram que não podiam suportar alguém que demonstrasse bondade para com eles. Esta demonstração tornava-os hostis ou fazia-os chorar. Quando o psicanalista é firme, o paciente interpreta mal, considerando esta firmeza como rejeição. Torna-se desconfiado e como conseqüência toma uma atitude abusiva de defesa. O psicanalista transforma-se em alvo da antipatia que seu paciente cultivou durante anos, com relação aos pais.

Todo psicanalista experimenta este mecanismo de amor e ódio entre os seus pacientes. Quando o paciente principia a ter fé no tratamento (transferência positiva) em direção ao cultivo de um amor normal a si próprio, logo começa a desprender-se da sua rija casca de defesa e pela primeira vez compreende que o ódio não conduz a parte alguma. A sua saúde melhora à medida que as suas atitudes se modificam. Finalmente convence-se de que o ódio tem sido um obstáculo dispendioso.


Autor: WAGNER PAULON


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