ANÁLISE DE PROPORÇÃO HARMÔNICO-RUÍDO EM MULHERES,
ANTES E APÓS A INGESTÃO DA MAÇÃ
MIRIAN RENATA FOLMANN. Aluna do curso de graduação em Fonoaudiologia da Faculdade Ingá-Uningá.
LUCIANA FRACALOSSI V. LUQUE. Professora Mestre da Faculdade Ingá-Uningá.
A voz é a emissão sonora produzida pela laringe, gerando sons e as palavras, colocando em prática a codificação e decodificação, necessárias para a troca de mensagens entre os seres humanos. Assim, durante a fonação, tem-se a vibração das pregas vocais, mas, para que exista uma boa qualidade vocal e harmonia, é preciso elasticidade e flexibilidade no movimento muco-ondulatório da túnica mucosa que depende do ar transglótico. Entende-se, portanto, que é importante o cuidado com a harmonia, já que sem esta, têm-se um som de má qualidade para aqueles que ouvem e dificuldade e desconforto para aqueles que falam. Na busca da qualidade vocal, a maçã é apontada como favorecedora da elasticidade e flexibilidade da túnica mucosa, por torná-la mais fina. Este artigo teve como objetivo analisar os resultados proporção harmônico-ruído em mulheres, antes e após a ingestão da maçã Fuji, mediante pesquisa com 28 mulheres de idades de 20 a 30 anos, coletando-se as vozes em teste com emissão das vogais prolongadas (/a/, /e/, /i/, /u/) e fricativas surda /s/ e fricativa sonora /z/, contagem de números, entre outros recursos, com análise das vozes por meio do programa Dr Speech, versão 4.0 da Tiger Elemetrics, viu-se que, 22 mulheres tiveram melhoria da qualidade harmônico-ruído de suas vozes após a ingestão da maçã. Conclui-se com este, que a maçã tem benefícios para a qualidade harmônica da voz e do bom funcionamento do trato vocal, cabendo melhores estudos sobre o tema e suas vantagens na prática de fonoaudiologia.
Palavras-chave: voz; proporção harmônico-ruído; uso da maçã.
Abstract
The voice is the noise produced by the larynx, producing sounds and words, putting into practice the encoding and decoding necessary for the exchange of messages between humans. Thus, during speech, there is the vibration of the vocal cords, but for which there is a good vocal quality and harmony, we need flexibility and elasticity in the wavelike movement of the mucous layer that depends on the air transglottal. It is understood, therefore, it is important to care for harmony, since without it, have a poor quality sound for those who hear and difficulty and discomfort for those who speak. In search of vocal quality, the apple is seen as favoring the elasticity and flexibility of the mucosa, by making it thinner. This article aims to analyze the results of harmonic-noise ratio in women before and after ingestion of Fuji apple, through research with 28 women aged 20 to 30 years, collecting the voices on the issue of testing with prolonged vowels ( / a /, / e /, / i /, / u /) and fricative / s / and fricative / z /, counting numbers, among other resources, with analysis of the voices through the Dr Speech program, version 4.0 Tiger Elemetrics, it was seen that 22 women had improved quality-harmonic sound of their voices after eating the apple. It concludes with this, that the apple has benefits for the quality of voice and harmonious functioning of the vocal tract, being the best studies on the subject and its advantages in the practice of speech therapy.
Words key: voice; harmonic-noise; use of the apple.
1 INTRODUÇÃO
A comunicação é a forma pela qual o indivíduo consegue expressar seus sentimentos, idéias e experiências a outro ser humano. Tal é a capacidade de transmissão de informação, tanto, falada e escrita, quanto representativa ou gestual. Então, segundo Penã-Casanova (1999) mediante a comunicação os seres humanos transmitem informações de natureza diferente e através de diferentes sistemas. Esta age como processo onde se dá transferência de uma mensagem de um emissor, para um receptor, podendo ser verbal, não-verbal, química, eletromagnética entre outros.
O ato de se comunicar seria a maneira por intermédio do qual o indivíduo expõe suas experiências, idéias, conhecimentos e sentimentos a outro ser humano. Logo, através desta, uma mensagem é codificada e mesmo decodificada utilizando-se sistemas e signos ou símbolos sonoros, iconográficos ou gestuais entre outros (PENÃ-CASANOVA, 1999).
Tal pode ser utilizada com comunicação verbal, manifestação audível, na forma da fala, mas também não-verbal, como de forma escrita, na linguagem corporal, entre outras. É importante, ressaltar, no entanto, que, dentre os seres humanos a transferência da mensagem oral, envolve um falante e um ou mais ouvintes. Por conseguinte, os indivíduos são programados desde cedo para comunicar-se. Composta de sistemas de transmissão de mensagens, na sua forma oral a comunicação tem a linguagem, que por sua vez tem a fala como elemento principal (PENÃ-CASANOVA, 1999). Logo, a linguagem e a fala permitem a transmissão da mensagem.
A fala, conforme Guedes (1997) é uma função da respiração, ligada às mudanças neurofisiológicas dos reflexos laríngeos, da musculatura da articulação que recebe impulsos voluntários dos nervos cranianos por onde se criam sons audíveis e significados, ou seja, palavras. Assim, em sua produção os movimentos podem ser complexos e variáveis, se modificando de acordo com o contexto fonético, com carga emocional ou com a formalidade ou informalidade da situação, tornando a articulação em algumas situações mais acurada e mais inteligível.
Na fala, a voz é a emissão sonora produzida pela laringe, gerando sons e as palavras, colocando em prática a codificação e decodificação, necessárias para a troca de mensagens entre os seres humanos. Portanto, a linguagem exige o desenvolvimento de quatro sistemas que se relacionam e mantém dependência, que são o pragmático, o fonológico, o semântico e o gramatical (PENÃ-CASANOVA, 1999).
No que se refere aos fonemas na fala, tais podem se classificar pela modificação da voz produzida na laringe e com ressonância nasal ou oral, e pela obstrução total ou parcial da passagem do ar nas pregas vocais e ainda, pelo contato do palato, língua ou lábios e pela combinação de ambos. O som produzido na laringe é ampliado, sendo a cavidade oral a caixa de ressonância mais importante (GUEDES, 1997).
A produção da fala, conforme Zemlin (2000, p. 48) é "descrita como constituída por quatro fases: respiração, fonação, articulação e ressonância". Acontece que, este autor apresenta divisão simplista, pois além destas fases, estão envolvidos na fala o mecanismo da audição e outras vias de feedback, ligados direta ou indiretamente com todos os sistemas do corpo para sua produção. Na fala está, portanto, a exalação, fonação, articulação, ressonância dentre outros elementos orgânicos humanos, cuja comunicação se dá por intermédio de meios acústicos e auditivos.
A voz é produzida através da vibração do ar expulso dos pulmões pelo diafragma e que passa pelas pregas vocais e é modificado pela boca, lábios e língua. Então, a voz é uma característica da espécie humana, sendo produto de sua evolução, mas que requereu aperfeiçoamento do trabalho do sistema nervoso, respiratório, digestivo, dos músculos, ligamentos e até ossos faciais (PENÃ-CASANOVA, 1999).
Durante a fonação, por conseguinte, tem-se a vibração das pregas vocais, mas, para que exista uma boa qualidade vocal e harmonia, é preciso elasticidade e flexibilidade, no movimento muco-ondulatório da túnica mucosa que depende do ar transglótico. Então a voz, pode ser diagnosticada como saudável, ou alterada (disfonica), já que tanto esta pode ser afetada orgânica, ou funcionalmente, ou manifestar estas duas situações negativas (BEHLAU; AZEVEDO; MADAZIO, 2001 apud BEHLAU, 2001).
É importante o cuidado com a harmonia, já que segundo Boone (1996) quando a harmonia não é mantida, têm-se um som de má qualidade para aqueles que ouvem e dificuldade e desconforto para aqueles que falam. Por conseguinte, problemas quanto à voz merecem cuidados, uma vez que, esta apresenta o indivíduo ao mundo.
Assim, sempre o cuidado com a voz é necessário, cabendo cuidados quanto à higiene vocal entre outros. Este trabalho, por conseguinte, tem como objetivo geral analisar os resultados proporção harmônico-ruído em mulheres, antes e após a ingestão da maçã Fuji. Isto é feito, pois a maçã é apresentada na literatura como possuidora de propriedades que melhoram a mucosa da laringe e do trato vocal.
Tal afirmação é vista em Behlau e Pontes (1999), pois os autores colocaram a maçã como favorecedora da ressonância vocal e articulação. Estes mesmos, afirmaram que a maçã é indicada na limpeza do trato vocal, pois suas propriedades adstringentes agem auxiliando a limpeza da boca e da própria faringe, permitindo uma voz com melhor ressonância.
Mesma posição é vista em Vander; Sherman e Luciano (1981), uma vez que estes recomendam a ingestão de maçã antes e nos intervalos de atividade de uso da fala, já que esta contribui para a articulação e melhora na ressonância, possuindo ainda propriedades adstringentes. Logo, a pesquisa traz estudo da proporção harmônico-ruído antes e após a ingestão da maçã, pois a fruta, em especial a maçã Fuji, além de ter boa consistência e trabalhar a musculatura, em função de suas propriedades adstringentes, pode agir conforme o que Gilman, Hardman e Limbird (2006) apontam.
Para estes autores citados acima, as propriedades dos adstringentes podem influenciar na voz, pois agem contraindo os tecidos orgânicos moles e vasos sanguíneos, das quais a mucosa faz parte. Os adstringentes ao contraírem tais tecidos e vasos sanguíneos, fazem com que as substâncias tenham pouca penetrabilidade, agindo somente nas superfícies das células afetadas, daí alterando a consistência da secreção da mucosa.
A melhora na voz se deve ao fato da fonação se dar com a vibração das pregas vocais, que promove o deslocamento de sua túnica mucosa e formação de onda de baixo para cima, até que as bordas livres venham a se tocar novamente. Logo, a qualidade vocal e riqueza dos harmônicos, com base em Behlau e Pontes (1995) apud Figueiredo et al (2002) requer uma elasticidade e flexibilidade da túnica mucosa. A maçã melhorando a consistência da saliva, ou tornando-a mais fina, permite tal elasticidade da mucosa do trato vocal.
Esta capacidade da maçã é mencionada por Pinho (2002), pois conforme ela muitas dietas podem trazer secreções que banhando as pregas vocais geram irritação das mesmas. A maçã, por sua vez, conforme a autora tem a capacidade de diminuir o efeito causado pelo tipo de alimentação, já que sua propriedade adstringente deixa a saliva mais fina, e ao se comer tal fruta dá-se uma melhora na articulação das palavras e a vibração das pregas vocais.
Por conseguinte, esta pesquisa se justifica, na medida em que traz novos conhecimentos sobre as formas de trabalhar a voz, no que se refere à qualidade de harmonia e ruído. Tal serve para demonstrar que na relação fonoaudiologia, voz e maçã existem benefícios, mas não especificamente os efeitos desta, nas pregas vocais. É importante abordar a proporção harmônico-ruído, pois conforme Behlau et al (2001) apud Behlau (2001), esta é uma medida de ruído na qual contrasta o sinal regular das pregas vocais com o sinal irregular destas pregas e do trato vocal, permitindo o estabelecimento de um índice que relaciona o componente harmônico versus o componente de ruído da onda acústica. Além desta, existem a proporção sinal-ruído (PSR) e a energia de ruído glótico (ERG).
A proporção sinal-ruído (PSR), conforme Yamasaki e Behlau (2001) é medida em decibel e contrasta a energia total do sinal com o ruído, mas é pouco utilizada na prática clínica, apesar de que a maioria dos programas extraia o seu valor. A energia de ruído glótico (ERG), também expressa em decibel medindo o ruído da onda sonora ao nível da glote através da subtração do componente harmônico da energia total do sinal acústico efetuado por filtros cujos valores são indicados por números negativos, sendo o limite de normalidade até
-10dB. Tendo-se tal medida como base, vê-se que valores maiores que -5dB, são indicativos de aperiodicidade fonatória.
A energia de ruído glótico baseia-se no componente ruído, pois este aparentemente é um índice mais adequado a diferenciação de vozes normais e disfônicas do que a proporção harmônico-ruído. Assim, quando o componente ruído é maior, quanto menores forem os componentes harmônicos da emissão (ZITTA, 2005).
Estudar a proporção harmônico-ruído é importante, porque é algo que pode ser feito observando vozes normais, pois tal é mais útil neste tipo de vozes, enquanto que outra medida de ruído como a energia de ruído glótico, uma variante sua, é apontada por Behlau et al (2001) apud Behlau (2001), como mais indicada para vozes disfônicas.
A defesa da proporção harmônico-ruído também é vista em Baken (1996), uma vez que este a considera como um dos melhores parâmetros de aplicação clínica, no que se refere à quantificação de desvios vocais. Isto ocorre visto esta contrastar o sinal regular das pregas vocais com o sinal aperiódico, não apenas vindo da vibração das pregas vocais, mas de todo o trato vocal. A proporção harmônico-ruído expressa em decibel a amplitude da onda média dividida pela amplitude do componente ruído isolado para cada série de ciclos analisada. Outro dado importante visto, é que esta proporção é diferente em homens e mulheres.
Isto acontece, pois de acordo com Pretto e Behlau (2006) apud Behlau e Gasparini (2006) a altura normal da voz falada é definida em especial pelo tamanho e pela massa das pregas vocais. Então, o homem tem altura vocal próxima de 125 ciclos por segundo, enquanto que a mulher apresenta 200 ciclos por segundo. A este respeito, expressam Boone e Mcfarlane (1994) que homens e mulheres dispõem de comprimento e espessura das pregas vocais diferentes, o que influencia na altura da voz, fazendo com que a freqüência fundamental para indivíduos do sexo masculino seja por volta de 125 Hz e para aqueles do sexo feminino, em torno de 215 Hz. Neste artigo, portanto, o estudo da proporção harmônico-ruído direciona-se para o estudo da voz nas mulheres.
Vê-se a importância da pesquisa, pois a maçã altera a consistência da saliva, melhorando a mucosa do trato vocal, por conseguinte, o uso da medida de ruído aplicando-se a proporção harmônico-ruído é útil, uma vez que, como explica Behlau et al (2001) apud Behlau (2001), permite o contraste do sinal regular das pregas vocais com o sinal irregular das pregas e do trato vocal, daí expressando um índice na qual se relaciona o componente harmônico versus o componente ruído da onda acústica. Esta medida então favorece a identificação de melhora ou não do ruído na voz analisada após a ingestão da maçã.
Isto é possível, visto que segundo Silva e Behlau (2001) a voz rouca, ou com maior rigidez da mucosa apresentará um ruído diverso da voz, cuja mucosa tenha a elasticidade considerada adequada. Entende-se então, que a voz rouca tem ruído aumentado proporcionando uma voz desarmoniosa, apresentando um ruído diverso da voz normal, indicando aperiodicidade de vibração das pregas vocais (alteração da adução das pregas vocais).
O estudo da proporção harmônico-ruído, portanto, é útil, por demonstrar se a voz teve o ruído aumentado ou diminuído, e se apresentou melhora ou não da harmonia após a ingestão da maçã. A seguir, portanto, apresenta-se o estudo feito com pacientes do sexo feminino, no qual se procedeu à utilização da medida de proporção harmônico-ruído antes e após a ingestão da maçã, visando conhecimento prático para a utilização desta fruta como procedimento terapêutico.
Muitas pessoas utilizam a maçã em seu dia-a-dia, mas não sabem os benefícios para sua voz, muitos profissionais utilizam, pois as informações obtidas é que a maçã auxilia na limpeza do trato vocal, sua indicação que por sua propriedade adstringente auxilia a limpeza da boca e da faringe, favorecendo uma voz com melhor ressonância entre outros benefícios observados, mas qual é o efeito da maçã? O que ela vem promover nas pregas vocais além dos bens que causa para o organismo?
2 PRESSUPOSTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa contou com a participação de 28 mulheres de 20 a 30 anos, sendo realizada na Clínica de Fonoaudiologia de Uningá, utilizando-se a sala de áudio, visto esta ser acusticamente vedada e tratada, objetivando evitar qualquer tipo de interferência que viesse a prejudicar a qualidade dos resultados. A escolha de pacientes do sexo feminino justificou-se, face Behlau et al (2001) apud Behlau (2001) expressar que a proporção harmônico-ruído é menor nos homens e maior nas mulheres.
A amostra aleatória de pacientes foi escolhida tendo-se o critério de que as vozes fossem consideradas normais. Porém, não foram efetuados exames para verificação formal da normalidade das vozes, havendo somente observação da normalidade destas, por intermédio da audição da pesquisadora, pois isto é procedimento admitido por Behlau et al (2001) apud Behlau (2001) já que segundo esta a voz normal é difícil de ser definida, pois sua variação é ilimitada e os protótipos para a adequação vocal são amplos. Então, a observação por meio da audição de vozes pode ser feita, apenas considerando a musicalidade da voz, a ausência de ruídos ou atonalidade, aspectos que podem mostrar a disfonia.
Escolhida a amostra, foi marcado o dia para aplicação da pesquisa e informado às mesmas como se procederia a coleta de dados. Uma vez feito isso, no dia da aplicação da pesquisa, deu-se o registro das vozes em duas etapas, sendo a primeira, a gravação da voz sem ingestão da maçã Fuji e a segunda, gravação da voz após a ingestão da referida fruta. Na primeira etapa, ou seja, na gravação da voz sem ingestão da maçã, para o teste foi pedida a emissão das vogais prolongadas (/a/, /e/, /i/, /u/) e fricativas surda /s/ e fricativa sonora /z/. Requereu-se ainda, que as pacientes pronunciassem os dias da semana, meses do ano, contagem de números de 01 a 20 e ao final, que cantassem a música Parabéns para você.
Na segunda etapa, deu-se a gravação das vozes após a ingestão da maçã, cujo tamanho e qualidade foi igual para todos os participantes, escolhendo-se a maçã Fuji devido suas vantagens nutricionais e de consistência, bem como maior concentração de pectina do que a encontrada na maçã Gala. É importante destacar, no entanto, que primeiramente, as pacientes foram orientadas quanto à mastigação. Para a gravação das vozes, foi aplicado o mesmo procedimento da primeira etapa, cabendo ser esclarecido que para registro das vozes, o estudo contou com o uso de uma máquina fotográfica Samsung 7.2, pois apresentou melhor qualidade de gravação para análise das vozes.
Após a gravação das vozes, procedeu-se o uso do programa Dr Speech, versão 4.0 da Tiger Elemetrics, visto este ser apontado por Behlau et al (2001) apud Behlau (2001) como útil para a efetuação da medida de proporção harmônico-ruído em vozes normais. Este programa permite a análise do sinal regular das pregas vocais, com o sinal irregular das pregas vocais e do trato vocal.
Durante a fase de análise das vozes com uso do Dr. Speech, apesar da gravação contar com a emissão das vogais prolongadas (/a/, /e/, /i/, /u/) e fricativas surda /s/ e fricativa sonora /z/, somente foi procedida análise do som das vozes na fala da vogal /a/. Assim, procedeu-se, visto tal ser uma vogal sustentada oral aberta neutra, cujo som não tem variação, tal qual foi visto na pronuncia da vogal /e/, que durante a aplicação do teste para gravação assumiu sons diversos, como "é" e "e". Com a vogal /a/ o som deu-se igual, daí permitindo um padrão para todos. Uma vez de posse das vozes, a gravação é colocada no programa Dr. Speech, que processa análise, emitindo resultados em dBs. Ao término da análise os dados foram apresentados em tabelas, procedendo-se a análise e discussão dos resultados, que a seguir serão expostas.
3 RESULTADOS
Tabela 01 ? Distribuição numérica individual dos dados quanto à proporção harmônico-ruído pré e pós a ingestão da maçã
SUJEITO PRÉ PÓS
1 6,1 7,4
2 7,3 4,4
3 9,6 9,8
4 7,2 5,6
5 10,6 11,1
6 10,5 10,7
7 10,0 11,2
8 8,9 9,2
9 5,7 6,0
10 11,7 7,5
11 10,1 8,7
12 8,9 6,3
13 10,2 10,9
14 7,4 7,9
15 8,5 9,2
16 10,2 10,8
17 8,0 9,2
18 7,1 10,1
19 7,4 7,6
20 5,8 6,9
21 7,5 7,7
22 10,3 11,2
23 8,1 10,3
24 5,7 4,4
25 10,2 11,8
26 9,5 10,2
27 9,0 10,8
28 7,1 8,2
Fonte: Dados coletados pela autora, 2010.
Tabela 02 ? Distribuição numérica da situação de melhora ou piora da proporção harmônico ruído no antes e após a ingestão de maçã
Situação N. %
Indivíduos com melhora na proporção harmônico-ruído 22 78,6%
Indivíduos com piora na proporção harmônico-ruído 06 21,4%
Fonte: Dados coletados pela autora, 2010.
4 DISCUSSÃO
A observação dos resultados encontrados neste artigo destacou que a maçã pode ser um instrumento útil na higiene vocal, bem como na melhora da proporção harmônico-ruído, pois o estudo efetuado demonstrou uma melhora vocal na qualidade harmônica da voz depois da ingestão da fruta, tal qual expresso por Behlau e Pontes (1999), bem como ainda em pesquisas de Vander; Sherman e Luciano (1981).
A tabela 01 demonstrou que teve uma melhora na qualidade da voz após a ingestão da maçã, pois, por exemplo, o sujeito 01, tinha um ruído na voz de 6,1dB antes de ingerir a fruta, passando a apresentar 7,4dB, após o consumo da mesma, o que pode ter vindo a significar benefícios para a voz de melhora da mucosa, proporcionados pela maçã. O mesmo pode ser visto também nas outras 21 mulheres, pois seus índices ficaram entre 6,1dB até 11,7dB nos resultados pré ingestão da maçã, e 4,4dB até 11,8dB, pós ingestão da mesma.
Assim ao todo, 78,6% das mulheres cujas vozes foram analisadas tiveram melhora na proporção harmônico-ruído depois de fazerem uso da maçã Fuji, enquanto que do total pesquisado, 21,4% destas apresentaram índice iguais, ou piores aqueles registrados antes da administração da fruta.
Isto pode ser exemplificado na observação dos resultados do sujeito 02, pois tal antes da ingestão da maçã apresentava 7,3 dB de proporção harmônico-ruído, mas após ingeri-la seu total de dB teve queda, sendo registrado 4,4dB. Tal também ocorreu com o sujeito 11, visto que este tinha 11,7dB antes de ingerir a maçã, passando a possuir 7,5dB logo depois de comer a fruta. Portanto, observando a tabela 01, vê-se que houve maior número de indivíduos analisados com melhora na proporção harmônico-ruído mediante a ingestão da maçã, comparado ao total deste cujo ruído não teve melhora.
Através da tabela 02, vê-se que 22 (78,6%) das pacientes apresentaram melhora, enquanto que 06 (21,4%) destas tiveram piora, mesmo com a ingestão da maçã. Isto foi registrado, pois dentre as 22, aquelas que expressaram melhora tiveram uma média de PHR de 7,1 dB para 10,1 dB, enquanto que as pacientes com piora possuíam uma média de PHR de 7,3dB a 4,4dB.
Com tudo, este trabalho demonstrou melhora com a ingestão da maçã após análise de PHR confirmando a importância quanto ao cuidado com a harmonia na voz, já que segundo Boone (1996) quando a harmonia não é mantida, têm-se um som de má qualidade para aqueles que ouvem e dificuldade e desconforto para aqueles que falam. Por conseguinte, problemas quanto à voz merecem cuidados, uma vez que, esta apresenta o indivíduo ao mundo.
Quanto à piora apresentada nos dados de PHR isto é expresso demonstrando que algumas vozes podem apresentar pioras na voz mesmo com a ingestão da maçã demonstrando algumas alterações aparentes na produção vocal, mesmo sendo favorecedora como procedimento terapêutico em fonoaudiologia, visto que segundo Silva e Behlau (2001) a voz rouca, ou com maior rigidez da mucosa apresentará um ruído diverso da voz, cuja mucosa tenha a elasticidade considerada adequada. Entende-se então, que a voz rouca tem ruído aumentado proporcionando uma voz desarmoniosa, apresentando um ruído diverso da voz normal, indicando aperiodicidade de vibração das pregas vocais (alteração da adução das pregas vocais). Esta aperiodicidade, pode ser causada por qualquer tipo de alteração, até mesmo por refluxo gastrosofágico.
Então a eficiência no processo de fonação serve para uma melhor avaliação entre as duas componentes que traduz proporção harmônico-ruído, pois conforme Behlau et al (2001) apud Behlau (2001), esta é uma medida de ruído na qual contrasta o sinal regular das pregas vocais com o sinal irregular destas pregas e do trato vocal, permitindo o estabelecimento de um índice que relaciona o componente harmônico versus o componente de ruído da onda acústica evidenciando neste estudo de PHR que quanto maior for a eficiência na utilização do fluxo de ar expelido pelos pulmões e em conseqüência a vibração das pregas vocais, quanto mais íntegro for a vogal prolongada como o exemplo exposto do fonema /a/ avaliado melhor será o ciclo vibratório das pregas vocais e maior será a relação PHR. Inversamente, quanto menor for aquela eficiência ou quanto mais anômalo for o ciclo vibratório, maior será o ruído glótico resultando uma baixa relação de PHR.
Uma voz considerada saudável como destacou o presente estudo quanto as melhoras de PHR deve assim, caracterizar-se por uma PHR elevada, a que se associa a impressão de voz sonora e harmônica. Já uma baixa PHR denota possivelmente uma voz disfonica, pois segundo Behlau et al (2001) apud Behlau (2001), existe uma outra medida de ruído como a energia de ruído glótico, uma variante sua, é apontada por Behlau et al (2001) apud Behlau (2001), como mais indicada para vozes disfônicas.
Assim, mesmo que o estudo não tenha sido mais profundo, contando com aplicação de questionário para observação do perfil das pacientes pesquisadas, ou o tipo de alimentação ingerida antes do teste, ponto a ser desenvolvido em um trabalho futuro, o mero registro das vozes, tidas como normais por meio da verificação auditiva da pesquisadora, destacou a mudança positiva no processo fonatório, tendo-se melhor harmonia com a ingestão da maçã.
Os dados coletados ao expressarem que 22 mulheres participantes, demonstraram que a maçã com suas funções adstringentes melhoraram conforme na tabela 02 onde expressa os resultados de melhora demonstrando que 78,6% obtiveram melhora nos índices de proporção harmônico-ruído de suas vozes, destacaram aquilo que Gilman, Hardman e Limbird (2006), tal qual Behlau e Pontes (1999) afirmaram, que é a sua capacidade de aumentar a saliva e ajudar na maior eficiência do processo de fonação, por fazer com que o ar dos pulmões vibre de forma mais integra nas pregas vocais.
O estabelecimento de padrões de base de PHR com a utilização e ingestão da maça como procedimento terapêutico serve para guiar o fonoaudiólogo em relação às vozes com a melhora do ruído, além das diferentes formas de avaliação entre as vozes consideradas normais auditivamente e que estas medidas que podem ser obtidas por diferentes softwares, verificando que há grande variabilidade em vozes consideradas normais, possivelmente esse fato se deva ao grande numero de diferenças individuais, uma vez que a voz é uma característica pessoal, não existindo uma perfeitamente igual a outra, como explicou a autora a seguir que observação da voz por intermédio da audição da pesquisadora, pois isto é procedimento admitido por Behlau et al (2001) apud Behlau (2001) já que segundo esta a voz normal difícil de ser definida, pois sua variação é ilimitada e os protótipos para a adequação vocal são amplos. Então, a observação por meio da audição de vozes pode ser feita, apenas considerando a musicalidade da voz, a ausência de ruídos ou atonalidade, aspectos que podem mostrar a disfonia.
A produção da voz depende, também, do adequado funcionamento do sistema respiratório, cardiovascular, músculo-esqueletal, neurológico e psicossocial de cada indivíduo, isto esta de acordo, pois conforme Zemlin (2000, p. 48) a produção da fala, é "descrita como constituída por quatro fases: respiração, fonação, articulação e ressonância".
Portanto, a pesquisa tendo como objeto as vozes normais, destacou ao analisar de forma breve resultados proporção harmônico-ruído em mulheres, antes e após a ingestão da maçã Fuji, expressou que mudanças podem ser registradas com a ingestão da fruta quanto à harmonia da voz, ou periodicidade. A maçã, pelos resultados obtidos, melhora a elasticidade e flexibilidade da túnica mucosa dando melhor qualidade harmônica da voz humana.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os dados reunidos neste estudo, portanto, mostraram as possibilidades de melhoria do movimento muco-ondulatório da túnica mucosa através da ingestão da maçã Fuji, pois a maioria das vozes pesquisadas teve melhoria na harmonia, quando comparados os resultados do antes e depois da ingestão desta fruta.
Ao final, os resultados expressos destacaram a relevância das pesquisas quanto o uso da maçã, pois ao se analisar a proporção harmônico-ruído em mulheres com voz ditas como normais antes e após a ingestão da maçã Fuji, serviu para mostrar que devido as suas propriedades adstringentes, tal melhora a mucosa da laringe e o trato vocal, daí advindo suas vantagens para a harmonia da voz daquelas que dela fizerem uso.
Vê-se então, que este artigo é base para uma pesquisa maior a ser desenvolvida posteriormente, pois seus resultados servem de prévia para demonstrar a importância de estudos sobre as vantagens da maçã para a qualidade vocal, principalmente no que se refere à proporção harmônico-ruído em vozes normais. Tal, no futuro, pode ser complementado por diferentes instrumentos de pesquisa que irão trazer dados mais completos, mas que no momento, já serve para destacar a aparente melhoria na qualidade harmônica das vozes após a ingestão da maçã.
Através da tabela 02, vê-se que 22 (78,6%) das pacientes apresentaram melhora, enquanto que 06 (21,4%) destas tiveram piora, mesmo com a ingestão da maçã. Isto foi registrado, pois dentre as 22, aquelas que expressaram melhora tiveram uma média de PHR de 7,1 dB para 10,1 dB, enquanto que as pacientes com piora, possuíam uma média de PHR de 7,3dB a 4,4 dB.
Em relação às medidas acústicas de vozes de mulheres com melhoras de PHR, pode-se concluir que são passíveis de serem utilizadas como procedimento terapêutico na higiene vocal em fonoaudiologia, como valores-base de interpretação de melhoras com o consumo da maçã.
REFERÊNCIAS
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Autor: Mirian Renata Folmann
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