É Física Ou é Matemática?



SOUZA, C. M.

Segundo os PCNs (1997), O ensino de qualidade que a sociedade demanda atualmente expressa-se aqui como a possibilidade de o sistema educacional vir a propor uma prática educativa adequada às necessidades sociais, políticas, econômicas e culturais da realidade brasileira, que considere os interesses e as motivações dos alunos e garanta as aprendizagens essenciais para a formação de cidadãos autônomos, críticos e participativos, capazes de atuar com competência, dignidade e responsabilidade na sociedade em que vivem.

Entretanto, a maioria dos professores e escolas não se encontram preparados o suficiente para criar as condições práticas necessárias com o objetivo de formar cidadãos capazes de atuar com competência e consciência na sociedade. Segundo Machado (1997), a ciência escolar torna-se algo muito distante de suas ocorrências jornalísticas, e os alunos parecem incapazes de compreender minimamente não a solução, mas até a própria formulação dos problemas de que se ocupam os cientistas, de vislumbrar o significado dos resultados que alcançam.

Justo (1973), afirma que muito poucos professores acreditam que o estudante possui a potencialidade e o desejo de aprender, desde que haja um ambiente favorável, e continuam sendo o astro central da constelação da escola, adotando um modelo de ensino que Kastrup (2005) chama de modelo do tubo, ou seja, o processo de transmissão é de mão única – o professor detém as informações e as transmite ao aluno, que as recebe, processa, armazena e utiliza em seus desempenhos futuros. Tal modelo choca-se com as idéias ensino de Paulo Freire para o qual deve-se saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.

Segundo Machado (2000), a justificativa dos conteúdos disciplinares a serem estudados devem ser fundamentados em elementos mais significativos para os estudantes. O autor afirma ainda que nada é mais adequado para isso do que a referência aos projetos de vida de cada um deles, integrados simbioticamente em sua realização aos projetos pedagógicos das unidades escolares.

Em se tratando de alfabetização científica, é notório o desinteresse por parte dos alunos do ensino fundamental e médio. Muitos fatores contribuem para este desinteresse, entre eles, a metodologia de ensino adotada. Grande parte dos professores resistem às mudanças ocorridas na área da educação, arraigando-se a uma metodologia, onde a ciência, em especial a Física é apresentada não só aos estudantes, como à maioria da população, como um emaranhado de equações matemáticas, que na moiria das vezes não fazem nenhum sentido para estes. Não sendo possível assim, no decorrer das aula saber se o que lhes é apresentado é Física ou é Matemática.

Física é a ciência que trata dos componentes fundamentais do Universo, as forças que eles exercem e os resultados destas forças. O termo vem do grego (Physike), que significa natureza. Em muitos sentidos a Física é a mais fundamental das ciências naturais, e é também aquela cuja formulação atingiu o maior grau de refinamento. Como ciência, a Física faz uso do método científico, ou seja, baseia-se essencialmente na Matemática e na Lógica quando da formulação de seus conceitos.

Entretanto, embora a Física deva grande parte do seu sucesso como modelo de ciência natural ao fato de sua formulação utilizar uma linguagem que é ao mesmo tempo uma ferramenta muito poderosa, a matemática. A utilização excessiva da linguagem matemática, torna-se responsável pelo distanciamento entre os conceitos científicos aprendidos em sala de aula e as questões científicas verdadeiramente relevantes para a vida das pessoas.

Rosso e Sobrinho (1997) afirmam que a ciência e o ensino de ciência tem sido discutido por filósofos, antropólogos, epistemológicos e educadores como uma das diferentes formas de se ver e conhecer o mundo. Principalmente levando-se em consideração a continua evolução pela qual vem passando o ser humano, fez-se necessário também um avanço na arte de ensinar, de tal modo a não fazer do passado apenas um espelho de nosso tempo. Desse modo, faz-se necessário que o professor  reavalie o método de ensino utilizado em sala de aula, visando construir uma visão da Física voltada para a formação de um cidadão contemporâneo, atuante e solidário, com instrumentos para compreender, intervir e participar na realidade (PCNs, 2002).

A visualização dos conceitos físicos e sua relação com o coditiano das pessoas tornar-se-á mais fácil e prático, a partir do momento em que o professor adotar em sala de aula  uma metodologia diferenciada de ensino, baseada principalmente na apresentação dos conceitos físicos, sendo a utilização da linguagem matemática empregada sem excessos, á medida que se torne necessária.
 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um dos pontos centrais da LDB/96 é a nova identidade dada ao Ensino Médio como sendo a etapa final do que se entende por educação básica. Ou seja, espera-se que ao final desse nível de ensino o aluno esteja em condições de partir para a realização de seus projetos pessoais e coletivos.

Entretanto, para que haja uma formação mais completa de jovens preparados para a cidadania, os temas atuais do mundo contemporâneo deverão necessariamente estarem presentes em sala de aula, como por exemplo: conhecimentos de Física que permitam compreender os avanços tecnológicos, ou a contribuição da Física aos desenvolvimentos atuais da área de diagnóstico médico, bem como os aspectos cotidianos relacionados ao funcionamento dos aparelhos, como geladeiras, condicionadores de ar, motores etc.

Segundo Einstein (1981) Não basta ensinar ao homem uma especialidade. Porque assim, este se tornará uma máquina utilizável, mas não uma personalidade. Faz-se necessário que este adquira um sentimento, um senso prático daquilo que vale a pena ser empreendido, daquilo que é belo, do que é moralmente correto.

Nota-se que entre a Física dos Físicos e a Física do ensino médio há um longo percusso. Isso, porém não impede que ocorra uma mudança na seleção dos conteúdos, nas formas de se trabalhar ou nos objetivos propostos para a Física a ser trabalhada no ensino médio, cabendo esse papel aos professores e aos cursos de formação dos mesmos. Pois de acordo com Lacey (1998), os cursos de formação de professores de ciências deveriam se empenhar em preparar profissionais capazes de saber programar atividades de aprendizagem que despertem uma visão interdisciplinar da ciência, uma certa familiaridade com o contexto entre valores e atividades científicas como a idéia de neutralidade da ciência.
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Albert Einstein, Como Vejo o Mundo (Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1981).

Brasil. PCNs+ Ensino Médio: Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais (MEC, SEMTEC, Brasília, 2002).

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Introdução (1º e 2º ciclos). Vol. 1 / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997.

Freire, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à pratica educativa. São Paulo 1996.

Justo, H. Carl Rogers: Teoria da personalidade, Aprendizagem centrada no aluno. Livraria S. Antonio Porto Alegre RS 1973

Kastrup, V. Ensinar e aprender: falando de tubos, potes e redes. Boletim arte na escola nº 40 dez. 2005 disponivel em: http://www.artenaescola.org.br/pesquise_artigos_texto.php?id_m=42 ac. Em 26/05/08.

LACEY, H. Valores e atividade científica. São Paulo: Discurso Editorial, 1998

MACHADO, Nilson José. Ensaios transversais: cidadania e educação. São Paulo: Escrituras Editora, 1997.

NUSSENZVEIG, H. M. Mecânica. Curso de Física Básica. Vol 1 4ª ed.  Editora Edgard Blucher LTDA. SP 2003.

Rosso, A. J., Mendes Sobrinho, J. A. C. O senso comum, a ciência e o ensino de ciências. Revista Brasileira de ensino de física Vol. 19 N 3 Setembro 1997


Autor: Cleber Moreira de souza


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