Causos de cumpadi



Causos de cumpadi *


- Dia, cumpadi!
- Dia, cumpadi!
-Eu já contei pro cumpadi o causo do finado Zé?
-Contô não, cumpadi.
- Pois, intão. O cumpadi Zé se apaxonô.
-Não me diga cumpadi.
-Digo sim!
-E eu posso sabê quem era a moça?
- Ele se ingraçô com aquelas moça do má.
-Uai, e aqui na roça tem esse tar de má?
- Tem não. Mas disse, que o cumpadi Zé encrontô a moça lá no poço do cumpadi Mané.
- E foi?
-Foi. A danada era formosa pur demais, tinha uns cabelo loro, loro que era uma belezura. O rabo dela era inorme cheinho de iscama, pareceno um pexe. E o cumpadi ia visitá a danada todo santo dia. Tinha inté bêjo.
-E esse namoro deu certo?
-Inté que tava dano. Inté o dia que a danada ficô furiosa, ninguém sabe dá conta porquê. Mas quando ela ficava furiosa se transformava em ôtro bicho do má.
- E era?
-Era. Nesse dia o cumpadi chegô no poço nadô, nadô e quando encrontô a danada, ela tava furiosa. Quando o cumpadi foi bejá a tar da serêa, ela tinha virado uma balêa. E lascô o cumpadi no dente. Ninguém nunca mais deu notíça, nem do cumpadi e nem da tar serêa.
-É isso que eu falo cumpadi, mulé de dois pé já dá trabaio, quanto mais mulé de rabo iscamoso?
-Pois é. Tem fumo aí cumpadi?
- Ô, se tem.

Autor: Ione Barbosa De Oliveira


Artigos Relacionados


As Crônicas De Táviano: Fala Ai Mudinho

Sedentos Por Deus

Óculos Para Ver A Verdade

Prematuro

A Boa Mentira

Saia Fora Do Forró Se Avistar Ana Toró

Acontece Cada Uma!