Sacro ou profano? Apenas Raul Seixas..



Edson Silva

Muita gente brinca (ou fala sério,sei lá! ) que o pai mundial do Rock Elvis Presley, que transformou o Blues em Rock, não morreu. E ocorre o mesmo no Brasil em relação ao grande discípulo brasileiro de Elvis, o roqueiro baiano Raul Seixas que, em agosto de 1989, deixou a Terra e conduzido talvez numa nave espacial está em lugar onde são guardados segredos do universo e ali canta seus versos feitos da terra, do fogo e do ar.

É engraçado, ouvimos músicas de Raul Seixas em rádios, casas, bares, ruas, nem parece que o roqueiro nos deixou há 21 anos. Também não é raro ouvir discussões sobre a arte dele. Uns afirmam ser ela profana e argumentam que o roqueiro era ligado à magia, ocultismo ou feitiçaria. E Raul literalmente gostava de por lenha na fogueira, não para ver bruxas pegar fogo para pagarem pecados. Enchendo a pança com "porco vivo", o roqueiro afirmava em música ser o Rock filho do próprio diabo.

Mas é preciso lembrar que "Raulzito" era metamorfose ambulante e suas músicas podiam comportar em harmonia profano e sacro, bem e mal, tal e qual não é raro ocorrer na vida real. Aliás, quem analisar profundamente obras raulseixistas se convencerá que a maioria das músicas fala com fé, respeito e admiração sobre Deus, Jesus e tantas figuras bíblicas, refletindo que Raul era o típico ser humano em sua eterna busca.

Busca com a esperança inabalável de achar equilíbrio, o lado bom da força, desvendar o mistério da escuridão revelá-lo no segredo da luz, que como ele disse: "... gargalha do medo do escuro que é onde meus olhos não podem enxergar..." O transparente Raul, que era luar aos avessos, mostrava seus momentos de fé e devoção, transmitia em músicas e de maneira vasta como nas estrofes recolhidas da clássica "Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás", que vindo de Raul até o pleonasmo musical virou usual, já que há dez mil anos só pode ser passado e não precisaria do atrás, não é Silvia, minha professora no antigo Ateneu Campinense?

Eis um pouco do Raul sacro: "... Eu vi Cristo ser crucificado/ O amor nascer e ser assassinado... / Eu vi Moisés/ Cruzar o Mar Vermelho/ Vi Maomé/ Cair na terra de joelhos/ Eu vi Pedro negar Cristo/ Por três vezes/ Diante do espelho... / Eu vi as velas/ Se acenderem para o Papa.../ Eu vi a arca de Noé/ Cruzar os mares / Vi Salomão cantar/ Seus salmos pelos ares... / Eu vi a estrela de Davi / Brilhar no céu / E pr'aquele que provar/ Que eu tô mentindo/ Eu tiro o meu chapéu..."

Edson Silva, 49 anos, jornalista da Assessoria da Imprensa da Prefeitura de Sumaré

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Autor: Edson Terto Da Silva


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