Escrever Para Crer E Ver



Todo o texto que alguém, um dia escreveu, tem ali depositado, uma mensagem, de melhor ou pior qualidade, de menor ou maior profundidade, mas tem o sentimento de alguém, naquele momento.

E fica eternizado.

A interpretação do que foi escrito é que faz a diferença para a apreciação do texto.

Frases com duplo sentido, parágrafos que são antagônicos, conclusões que desdizem a introdução, tornam o texto ainda mais complexo e, por isso mesmo, mais sujeito às múltiplas interpretações.

Às vezes isso ajuda muito o escritor, pois quando sua intenção, que era apenas a de descrever uma simples dor de barriga, por exemplo, dependendo das palavras usadas em seu texto, por acaso, podem acabar interpretadas como a explicação do sentido da vida.

Daria mais trabalho se desculpar e explicar que o que se pretendia escrever não era tão profundo.

Mas o próprio autor já começa a se convencer, após os comentários dos leitores, de que não tem muita diferença entre as duas coisas: ambas iniciam com um banquete de prazeres que, com a convivência e a mistura de interesses levam a uma grande fermentação de ânimos, que culmina com um grande expurgo, finalmente perecendo tudo o que acumulamos em nossa vida, debaixo da terra.

Logo, deixa assim e leva de lambuja uma crítica positiva, considerando-o genial. Fica pelas críticas injustas que recebeu por textos muito bons.

A diferença entre o gênio e o louco é medida apenas pelo resultado que a experiência obteve. Quantas vezes, por um simples termo ou frase que colocamos no texto apenas para dar maior ênfase, acabamos sendo acusados por uma suposta ofensa ou preconceito?

Os escritos sagrados têm essa característica de ter passagens e textos dúbios que dão margem a interpretações das mais variadas, geralmente, vigorando a mais repetida.

Fica mais fácil escrever assim, por metáforas, longe da objetividade, sem correr nenhum risco, apenas de receber uma interpretação do que escreveu muito mais abrangente do que sequer sonhou.

Como esse texto, por exemplo.

Se por acaso eu receber, como apreciação dele, uma interpretação mais rica do que pretendi escrever, não posso aceitar. Não seria justo!

Está bem! Está bem!

Só mais essa vez.

Sérgio Lisboa.


Autor: Sérgio Lisboa


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