A Cigarra e a Formiga













A CIGARRA E A FORMIGA





Aos meus sobrinhos: Fernandinho, Raíssa, Ricardinho, Daniel, Marisinha, Maria Rita e, a minha afilhada ? Maria Eduarda, pelo alegrar constante em minha vida.



Num lugar chamado Alegria moravam duas criaturinhas: a formiga e a cigarra. A formiga tinha por nome "Trabalho" e por sobrenome "Muito". Ela adorava passar o dia no campo a colher alimentos para armazenar em sua despensa. Já a cigarra, conhecida por "Celebridade", vivia feliz a cantar.

A formiguinha e a cigarra conviviam harmoniosamente, cada uma a sua maneira. Quando a noite chegava, ambas estavam cansadas, mas felizes por terem vivido mais um dia.

A cigarra era muito engraçada e a formiguinha ficava muitas vezes chateada quando a amiga cantarolava um frevinho da terra, cuja letra era a seguinte: "Hora de comer, comer / Hora de dormir, dormir / Hora de descansar, descansar / Hora de trabalhar, pernas pro ar, que ninguém é de ferro!".

Mas, numa tarde ensolarada, a cigarra passou dos limites, ao insinuar, em tom de brincadeira, que a formiguinha só laborava por não saber cantar, o que deixou esta muito irritada. Para piorar, a cigarra, a gargalhar, fez alusão à lentidão da formiguinha, e, com zombaria, perguntou-lhe se ela não era irmã do vento ou parente do trem. De tanta raiva, a formiguinha não conseguiu nem terminar seu trabalho, e saiu fumaçando para casa.

Naquela noite, a formiguinha ? muito aborrecida com as brincadeiras da amiga ? ao adormecer, sonhou que estava em casa num inverno muito rigoroso, quando a cigarra lhe pedia abrigo. A formiguinha, muito chateada, não teve dúvida em negar guarida à amiga. A cigarra partiu desolada. O inverno acabou. A formiguinha voltou ao trabalho. Só que, para sua tristeza, a amiga cigarra não se encontrava mais naquele lugar cantarolando. O silêncio, ao contrário do esperado, invadiu a alma da nossa querida formiguinha. Foi quando, já em desespero, acordou com o bater da porta, e, assim, percebeu que era apenas um pesadelo.

A formiguinha, ao ver a cigarra em pé, à sua porta, tremendo de frio e pedindo guarida, agora não mais em sonho, mas sim ao vivo e em cores, não teve nenhuma dúvida... e saiu correndo para abrigar a sua grande amiga.

Elas passaram o inverno aquecidas pela alegria contagiante do poder que é aceitar as diferenças numa amizade, e, assim, deliciaram-se com um menu apetitoso, acompanhado de belas melodias.

Naquele instante, entendeu a formiguinha que o trabalho faz parte da vida, mas há tantas outras coisas importantes que desfrutar: a alegria de uma grande amizade, o gosto por uma boa música, o saborear uma deliciosa refeição, a felicidade de compartilhar a vida... Percebeu, dessa maneira, que a vida é como um filme ? tem que ter enredo, mas, para ser completa, é preciso que haja a trilha sonora. Aprendeu, também, a cigarra a respeitar as opções de vida de cada um.

E, a partir daquele inverno, elas foram verdadeiramente felizes para sempre.


FIM

Recife, inverno de 2010.

Ridete Marçal de Barros




Autor: Ridete Marçal De Barros


Artigos Relacionados


A Cigarra E A Formiga

A Formiga Má - De Monteiro Lobato

Ah, Cigarra!

Homem E Formiga

Aprendizagem Significativa

George Bush E A Formiguinha

Formigas Corruptas