INTERNET E INFORMÁTICA EDUCACIONAL: USOS E DESUSOS EM ESCOLAS DO MUNICÍPIO DE SÃO GONÇALO/RJ






UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO "LATO SENSU"
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE





INTERNET E INFORMÁTICA EDUCACIONAL: USOS E DESUSOS EM ESCOLAS DO MUNICÍPIO DE SÃO GONÇALO/RJ



Por: Valéria Pedro da Silva




Orientador
Prof. Mary Sue



Rio de Janeiro
2010

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO "LATO SENSU"
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE






INTERNET E INFORMÁTICA EDUCACIONAL: USOS E DESUSOS EM ESCOLAS DO MUNICÍPIO DE SÃO GONÇALO/RJ





Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Tecnologias Educacionais
Por: . Valeria Pedro da Silva




AGRADECIMENTOS
















A minha irmã Abilene e aos ensinamentos de Nitiren Daishonin.











DEDICATÓRIA
















Dedico esta pesquisa ao meu esposo e filhos, por acreditarem sempre em mim.










RESUMO

Com o rápido desenvolvimento das Tecnologias da Informação e Comunicação, especialmente nas últimas décadas, são profundas as mudanças no dia-a-dia da sociedade, tanto nos ambientes de trabalho, quanto no lar, principalmente no que diz respeito ao acesso a informações; aos recursos que possibilitam que as idéias expressas atinjam maior número de espectadores e a eficiência e praticidade com que se realizam tarefas complexas quando ainda não estão automatizadas.
Sendo esta uma realidade que requer conhecimentos específicos que quando não adquiridos constituem motivos à exclusão, a perda de autonomia e realização pessoal e profissional do cidadão, é também problema da escola.
A velocidade de tais mudanças, não acompanhadas pela escola e consequentemente pelo professor, abre um abismo entre escola e aluno. Partindo da pesquisa bibliográfica e associando os resultados com a realidade encontrada nas escolas onde houve a pesquisa de campo, busca-se obter uma visão do quadro que compõem professor/escola/aluno no uso da internet e informática com fins educacionais. O texto aqui apresentado destaca a urgente necessidade de capacitação dos professores, a mudança de paradigmas e consequentemente a abordagem dos conteúdos escolares.








METODOLOGIA

Este trabalho é baseado em pesquisa bibliográfica. Os principais autores utilizados na realização desta pesquisa foram José Armando Valente, Glaucia da Silva Brito, Ivonélia da Purificação e Maria José Araújo. Além da revisão bibliográfica também foi utilizada a pesquisa de campo, onde foram entrevistados cinco professores e cinco diretores de diferentes escolas particulares do Município de São Gonçalo, que atuam no ensino fundamental. Os professores entrevistados foram escolhidos aleatoriamente e responderam as seguintes questões:
? Quais os recursos de internet ou informática você utilizou em sala no ano de 2010?
? Você concorda que as TICs com uso do método adequado podem ser ótimos auxiliares no processo ensino/aprendizagem?
? Com que frequência costuma acessar a internet?
? Já fez algum curso online?
? Qual a maior dificuldade encontrada para a utilização das TICs em classe?

Os diretores entrevistados, responderam apenas duas perguntas:
? Quais os recursos de Informática e Internet, há disponíveis para o uso em aula nesta instituição?
? Como a escola se organiza para colocar a disposição das classes os recursos mencionados?





SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Tecnologias Informática e Educação 11

CAPÍTULO II - A Escola e o Professor, ambos em adaptação 17

CAPÍTULO III ? Professores X Alunos 27

CONCLUSÃO 47

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 52

BIBLIOGRAFIA CITADA (opcional) 55

ANEXOS 58

ÍNDICE 59

FOLHA DE AVALIAÇÃO 63














INTRODUÇÃO

A ciência e tecnologia, interferem fortemente no destino da sociedade, fazendo com que a educação sofra fortes pressões no que diz respeito ao uso das mesmas, ou no preparo de seus alunos para esse uso, tornando-os hábeis suficientemente para que tenham seu lugar garantido na rotina do cidadão trabalhador, atualizado e a par das constantes transformações a que estão sujeitos todos os conceitos e ferramentas de apoio para a execução das tarefas diárias e das diversas formas de acompanhar o constante desenvolvimento dos recursos tecnológicos como usuário dos mesmos em sua rotina de trabalho.
Além do aspecto funcional para o mundo do trabalho, há de se considerar também a vida social, cada vez mais presente no ciberespaço. As trocas de informações entre amigos e parentes, as possibilidades de resolução de problemas diversos da vida diária com uso da internet, enfim, a inclusão digital é uma necessidade inerente ao mundo atual e nenhum grupo deve ser esquecido de fora dessa realidade. Nisso também, vemos o valor da escola em integração com o mundo digital. Por isso há um grupo que não é esquecido nesse trabalho, trata-se dos portadores de necessidades especiais, principalmente os que sofrem de déficit de visão.
Há tempos a escola vem tentando colocar a informática a serviço da educação. Buscando mediar o uso dos recursos tecnológicos em busca de tornar a aprendizagem mais prazerosa e de apresentar aos alunos meios de adquirir conhecimentos através de sua própria iniciativa, através de mecanismos de busca, de pesquisas diversas, vencendo o desafio da dispersão e da acomodação, para alcançar os objetivos desejados. O uso do computador com fins de preparar o cidadão para o mundo em constante transformação, derrubando paradigmas como a visão de um mundo fragmentado, como a percepção apenas do seu grupo, é a proposta central do uso das tecnologias de informação e comunicação com fins educacionais. Hoje, é impossível pensar um adulto preparado para o mundo do trabalho, sem conhecimentos do uso de tecnologias de informação e comunicação, e é função da escola preparar esse indivíduo, ou corre o risco de tornar-se obsoleta.
Vencer os desafios de um mundo em rápida transformação, ao mesmo tempo em que leciona para várias turmas e leva tantos trabalhos para casa, é um grande desafio para professores de todos os anos letivos. O principal desafio muitas vezes é, manter-se atualizado, quando já está em déficit de conhecimentos dos recursos tecnológicos há anos. Discutir, refletir e pesquisar sobre um tema que não domina, sabendo que poderia facilitar em muito seu trabalho, sem saber sequer por onde começar.
Os primeiros passos para adoção de computadores em instituição escolar, como instrumento para aquisição de conhecimentos das disciplinas, vencendo a barreira que impõe a informática como uma disciplina isolada, esse é o desafio proposto nesse trabalho. Para isso, busca-se descobrir as reais expectativas dos professores sobre a prática docente com uso dos recursos de informática e internet no Município de São Gonçalo/RJ. Sabe-se que não há fórmula que garanta o sucesso em todos os casos, quando o tema é informática educacional, porém, conhecendo o público, suas habilidades, anseios e conceitos a respeito do tema, é muito mais provável o sucesso na implementação dos recursos tecnológicos, pois há de começar o processo de escolha dos métodos e meios que serão utilizados, partindo da própria realidade, contextualizando não só para o aluno, mas também para o professor e a instituição a qual se destina, melhorando assim, não só a qualidade do ensino, como a da própria vida dos professores.
As escolas particulares do Município de São Gonçalo/RJ, responsáveis pela educação de milhares de alunos, utilizam recursos didáticos variados e possuem um grande número de professores que ainda não estão familiarizados com o uso da Internet e Informática Educacional, tornando necessária a pesquisa para que se obtenha o real índice desses professores, suas necessidades e aspirações em relação ao aprimoramento desses conhecimentos, que segundo os próprios professores, só atingiria os profissionais, já que por suas deduções, os estudantes, jovens em sua maioria, estão profundamente familiarizados com tais recursos tecnológicos e utilizam alguns deles diariamente com fins diversos mas não educativos. O conhecimento obtido através de pesquisa de campo, é de grande valia para esta região, pois proporciona a visão geral do quadro, bem como da disponibilização e interesse real das escolas e permite a oferta, por parte de especialistas, de técnicas para o uso das Tecnologias de modo adequado para essas salas de aula, para complementação dos conteúdos e desenvolvimento pleno por tais meios, do cidadão e profissional que estará no mercado em poucos anos. Esta é a razão que leva a autora deste trabalho às escolas, em busca de respostas que permitam visualizar o quadro real que compõem a tríade aluno-professor-escola, no uso da Internet e Informática com fins educacionais.
Como base teórica para a realização deste trabalho, a autora utiliza publicações de um prazo máximo de dez anos, em uma pesquisa bibliográfica com a finalidade de responder questões levantadas a partir da pesquisa de campo, encontrando possíveis soluções para o problema levantado como ponto de partida para o texto a seguir.








CAPÍTULO I
HISTÓRIA DA INFORMÁTICA
NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
A tecnologia faz parte da história da humanidade: na construção de ferramentas e utensílios para facilitar o trabalho e promover o conforto e em todos os âmbitos da vida, o homem sempre procurou criar e construir recursos que pudessem servir como extensões do corpo, que lhe garantissem mais força, velocidade, conforto. "Tecnologia é tudo aquilo que criamos: literatura, pintura, música, bibliotecas, as leis, e assim por diante. As milhares de letras de um código de computador e as milhares de letras de uma obra de Shakespeare são ambos formas de tecnologia" (KELLY, 2010, p. 53)
A tecnologia é uma consequência natural da vida humana e evolui com base em seus próprios desejos e instintos inerentes, para Kelly (2010), a evolução da tecnologia é cumulativa, inevitável e inexorável.
O mesmo autor, sugere que se o homem der atenção ao que a tecnologia "quer", poderá preparar melhor a si e também aos seus filhos para as tecnologias que inevitavelmente virão, adotando princípios de pró-ação e empenho, o que permitirá que esse homem oriente a tecnologia para o melhor desempenho e alinhando-se com os imperativos de longo prazo deste sistema ao qual o autor refere-se por "quase-vivo", será então capaz de aproveitar plenamente seus recursos. Entre as tecnologias atuais, tão comentadas e polêmicas está principalmente a informática e internet.
A informática, representa um passo importante no desenvolvimento tecnológico. De acordo com o Dicionário Eletrônico Priberam, é uma ciência que trata da informação que servirá como base para conhecimentos e para a comunicação, quando diz respeito ao computador e seus programas.
O computador tornou mais veloz e preciso o cálculo e possibilitou tanto o armazenamento de dados, quanto o rápido acesso aos mesmos. Seu uso para guardar importantes informações, tornou necessária a criação de um sistema que descentralizasse essas informações durante a guerra fria, assim, de acordo com SALUS (2008), surgiu a ARPAnet (Advanced Research Projects Agency Network), que mais tarde passou para o ambiente acadêmico e científico e finalmente ao comércio e ao uso particular.
A ARPAnet, segundo o mesmo autor, que mais tarde passou a se chamar internet, nada mais é que redes de computadores interligadas que tornam possível ao usuário usufruir de serviços de informação e comunicação de alcance mundial em tempo real. A internet proporcionou o meio de minimizar as defict temporal que sofriam as informações, provocando uma verdadeira revolução na comunicação.
Esta revolução, tornou-se destaque entre diversos estudos, provocando inúmeras discussões e as Tecnologias de Informação e Comunicação passaram a ser chamadas de "novas tecnologias".
As Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), foram aos poucos abrangendo um espaço maior na sociedade e acabaram tornando-se necessárias mudanças também na educação para adequar-se ao seu tempo.
Conhecendo o processo que sofria a educação em relação às novas tecnologias em países como França e Estados Unidos, educadores de algumas universidades brasileiras sentiram-se motivados a desenvolver a informática aplicada a educação também no Brasil. Passaram então a receber na década de 70, segundo Valente (1999), educadores representantes desses países em seminários e conferências, a fim de conhecer um pouco mais sobre os usos da informática educacional nesses países. Foram produzidos diversos softwares de instrução, porém sua utilização era dificultada por serem utilizados computadores de grande porte, o que restringia seu uso às universidades.
Mas foi com a proliferação do microcomputador, que o uso da informática na educação pode ser verdadeiramente difundido, utilizada em escolas em todos os níveis da educação nos Estados Unidos. Este fato deu-se na década de 80, de acordo com Valente (1999). No mesmo período, segundo Brito e Purificação (2006), no Brasil tiveram início os projetos governamentais EDUCOM (Educação e Computador), com objetivo de criar centros de pesquisa sobre informática na educação, formando profissionais habilitados a usar o software LOGO; FORMAR (Curso de Especialização em Informática na Educação), que formou especialistas na área de informática para a educação, a fim de que estes promovessem a formação de outros docentes, tornando-se então, multiplicadores; o PRONINFE (Programa Nacional de Informática Educativa),que criava laboratórios e centros para a formação de professores e a implantação dos CIEDS (Centro de Informática em Educação), que entre outros, descreve a atuação do Ministério da Educação na área de informática na educação.
Inicialmente, o uso da informática nas escolas, iniciou pelas secretarias, para uso administrativo, buscando acompanhar o desenvolvimento tecnológico e melhorar a qualidade e pontualidade dos processos no âmbito organizacional. E com o passar do tempo, o computador foi também tomando outro ambiente escolar, normalmente chamado "laboratório de informática".
A evolução do uso dos computadores no ambiente escolar migra, da secretaria para os laboratórios de informática, Valente (1999) afirma que, "as políticas e propostas pedagógicas da informática na educação, no Brasil sempre foram fundamentalmente em pesquisas realizadas nas Universidades em função das escolas da rede pública" começando, na década de 1970, a se desenvolver através de movimentos que Simão Neto (2002), chama de ondas.
A primeira onda, para o autor, foi o LOGO e programação. O LOGO é uma linguagem de programação criada por Seymour Papert, que contribui para a aprendizagem de conceitos matemáticos.
Seymour Papert, segundo Gregolin (1994) trabalhou com Piaget durante cinco anos investigando a evolução e natureza do pensamento infantil. Em 1964 mudou-se para MIT (Massachussets Institute of Technology/EUZ, onde planejou uma linguagem que poderia ser utilizada pelas crianças tendo ao mesmo tempo capacidade de processamento e recursos disponíveis ao usuário como as linguagens profissionais. A essa linguagem chamou LOGO.
Para Papert (1985), o recurso deve ser utilizado para desenvolver a habilidade do uso do computador e conhecimentos aplicáveis à própria vida.
"O papel que atribuo ao computador é o de um portador de germes ou sementes culturais cujos produtos intelectuais não precisarão de apoio tecnológico uma vez enraizados numa mente que cresce ativamente." (PAPERT, 1985, p. 23)
O LOGO tem uma proposta pedagógica construcionista orientado para uma visão epistemológica.

"Os ambientes intelectuais oferecidos àws crianças pelas sociedades atuais são pobres em recursos que as estimulem a pensara sobre o pensar, aprender a falar sobre isto e testar suas idéias através da exteriorização das mesmas. O acesso aos computadores pode mudar completamente esta situação. Até o mais simples trabalho com a tartaruga pode abrir novas oportunidades para tornar mais acurado nosso ato de pensar sobre o pensar: programar a tartaruga começa com a reflexão sobre como nós fazemos o que gostaríamos que ela fizesse; assim, ensiná-la a agir ou pensar pode levar-nos a refletir sobre nossas próprias ações ou pensamentos." (PAPERT, 1985, p. 45)

A criança que utiliza o LOGO, interage com uma tartaruga, explorando conceitos antes mesmo de sua apresentação formal pelo professor, possibilitando a exploração e descoberta de forma intuitiva, os problemas podem ser propostos pelo professor ou pelo aluno e o erro não gera qualquer bloqueio, permitindo múltiplas tentativas e várias formas de encontrar a solução. De acordo com Brito e Purificação (2008, p. 65), "mesmo com a comprovação da potencialidade desse software na aprendizagem, na criatividade e na autonomia dos alunos, sua implantação não ocorreu como se previa."
O LOGO tem inúmeras versões. No Brasil, a versão gratuita, Super Logo 3.0, de acordo com Gregolin (1994), foi traduzida para a língua portuguesa pelo Núcleo de Informática Educacional (NIED), da Unicamp ? SP e encontra-se disponível para download em www.nied.unicamp.br, onde também pode-se encontrar artigos sobre essa linguagem.
A segunda onda, segundo Simão Neto (2002), informática básica. Este tem início fora dos muros da escola, pressionadas pelo mercado de trabalho. Trata-se das escolas de informática básica, onde os alunos aprendem a utilizar principalmente os recursos do Microsoft Office. Surgem também, as empresas de consultoria e assessoria que atendem escolas públicas e particulares para a implantação da informática. Nesse contexto, a principal preocupação era a necessidade de possuir habilidades necessárias ao mercado de trabalho.
A terceira onda, de acordo com o autor é o software educativo. Nesse contexto a proposta era integrar o trabalho realizado no laboratório de informática com os conteúdos apresentados em classe. Segundo Brito e Purificação (2006), teve maior adesão entre as escolas particulares. As mesmas autoras afirmam que "a proposta era integrar o trabalho nos laboratórios de informática com as disciplinas curriculares, proporcionando ao educando a construção do conhecimento." (BRITO E PURIFICAÇÃO 2006, p. 67). Paralelamente, segundo as autoras, ocorre um movimento impulsionado pelo mercado de trabalho que é o surgimento das escolas de informática básica, que preparam para o uso principalmente do microsoft office e internet, sugerindo que a informática instrumental compõe o rol das habilidades básicas para o ingresso no mercado de trabalho e integração no mundo globalizado.
A quarta onda, para Simão Neto (2002), internet. Teve início nos anos 90, um grande movimento que ainda se encontra em expansão nas escolas públicas brasileiras e que leva diversos questionamentos como os mencionados por Brito e Purificação (2006, p. 69), "existe uma nova forma de aprender com o uso da internet? Como fica a cópia virtual? Qual a melhor metodologia?" Dos questionamentos surgem inúmeras pesquisas realizadas entre as universidades por equipes multidisciplinares e escolas públicas através de experiências concretas, que de acordo com Valente (1999) fundamentam as políticas educacionais. O que para o mesmo autor, caracteriza a forma particular de atuação nessa área, sem ignorar o que ocorre nos outros países, o Brasil possui experiência e informação próprias, frutos do trabalho desenvolvido em seu próprio território.
Quinta onda, o autor denominou aprendizagem colaborativa. Onde todos interagem e buscam aprender a aprender no ambiente virtual. De acordo com Silva e Santos (2006), na aprendizagem colaborativa, todos são responsáveis pela aprendizagem de cada componente do grupo. Os alunos constroem conhecimento através da reflexão a partir da discussão em grupo, trocando informações e provocando questionamentos, o que permite que alcancem melhores resultados do que quando estudam individualmente.
Todas as "ondas" mencionadas pelo autor, de acordo com Cox (2003), não fazem simplesmente parte da história da informática na educação brasileira, mas também do seu uso na atualidade. O LOGO, por exemplo, ainda é largamente utilizado, muitas instituições de ensino ainda priorizam o ensino do uso do microsoft office e discutisse ainda a importância enquanto se desenvolve a aprendizagem colaborativa em outras instituições de ensino.

CAPÍTULO II
A ESCOLA E O PROFESSOR, AMBOS EM ADAPTAÇÃO
O uso do computador e internet na escola têm sido alvo de inúmeros textos e reflexões. É inegável a necessidade da escola de acompanhar o desenvolvimento, se é na escola onde se prepara o cidadão para o mundo.
[...] "a escola, com as redes eletrônicas, abre-se para o mundo; o aluno e o professor se expõem, divulgam seus projetos e pesquisas, são avaliados por terceiros, positiva e negativamente. A escola contribui para divulgar as melhores práticas, ajudando outras escolas a encontrar seus caminhos. A divulgação hoje faz com que o conhecimento compartilhado acelere as mudanças necessárias e agilize as trocas entre alunos, professores, instituições. A escola sai do seu casulo, do seu mundinho e se torna uma instituição onde a comunidade pode aprender contínua e flexivelmente." (Moran, 2007, p. 12)

De acordo com Cox (2003), a escola brasileira encontra-se em diversos estágios no que diz respeito ao uso do computador e internet aplicada à educação:
"Enquanto em algumas escolas se discute sobre a educação a distância, bibliotecas virtuais e otimização da velocidade das redes de computadores, há outras em que as máquinas estão subutilizadas, em desuso ou sequer dispõem de bibliotecas tradicionais, laboratórios com computadores ou mesmo energia elétrica." (COX, 2003, p.34)
Segundo Moran (2007), as escolas que têm acesso a computadores e internet, costumam seguir as seguintes etapas em sua implantação: a) Tecnologias para fazer melhor o mesmo; b) Tecnologias para mudanças parciais e c) Tecnologias para mudanças inovadoras.
Para o autor, as tecnologias são usadas inicialmente para fazer melhor o que já era feito, ou seja, como ferramenta organizacional, com banco de dados para organização das informações, automatizando as rotinas, ao mesmo tempo que os alunos encontram nas tecnologias ferramentas de apoio à aprendizagem; depois criam-se novos espaços e atividades que convivem com os tradicionais, como o vídeo para ilustrar a aula, realização de projetos e exposição de atividades de professores e alunos, professores propõem atividades virtuais em grupo, listas de discussões, fóruns, blogs, podcasts e produção de vídeo, sendo consideradas estas, atividades complementares, o que vale de verdade são as aulas presenciais e as notas; por fim, na terceira etapa a escola e universidade sofrem mudanças no modo como são dirigidos os conteúdos, há uma flexibilização da organização curricular, da gestão do ensino/aprendizagem. Tal adaptação ainda encontra obstáculos como a tradição e expectativas sociais.
Segundo Valente (1993), um uso comum da informática e internet nas escolas é em projetos ou atividades extraclasse, que não altera o modo como os conteúdos são ministrados. Essas formas de utilização do computador na escola, segundo o mesmo autor, evidenciam o reconhecimento da importância de sua utilização e ao mesmo tempo o desinteresse em enfrentar as implicações que acarretam seu uso nas disciplinas, como investimento na formação de professores. Essa forma de utilização dos recursos é chamada Informática Educacional.
A Informática Educacional, constitui a utilização dos recursos de informática como internet, editores de imagens e os recursos do Microsoft Office, para desenvolver atividades sob determinado tema, normalmente de escolha do professor.
Neste contexto, a utilização de tais ferramentas, comumente está associada a realização de projetos, gincanas e outros eventos e não ao uso diário na instituição de ensino ou fora dela como atividade complementar. Sendo assim, o aluno recebe uma tarefa que pode incluir utilização de recursos do Microsoft Office, de recursos da web 2.0 ou ambos, a fim de alcançar objetivos pré-determinados.
A utilização da internet e recursos do Microsoft Office, através do Windows, que é o sistema operacional de uso mais comum, estão quase sempre conjugados.
Além disso, muitas escolas no Brasil, têm, segundo Valente (1993), utilizado o ensino da informática como uma disciplina, a fim de levar ao aluno conhecimentos do uso do computador.
Valente (1993, p.16), afirma que "na educação de forma geral, a informática tem sido utilizada tanto para ensinar sobre computação, o chamado computer literacy, como para ensinar praticamente qualquer assunto por intermédio do computador". As escolas investem em salas de informática, onde os alunos normalmente têm uma aula semanal, acompanhados pelo professor de informática ou um estagiário de curso superior ligado à área.
No município alvo da pesquisa de campo realizada para este trabalho é bastante comum, que ofereça-se introdução à informática. Este tipo de oferta caracteriza em muitos casos um marketing para a escola. O conteúdo de informática básica é ensinado pelo professor de informática, como tradicionalmente são repassados os conteúdos das demais disciplinas, ou seja, através da oralidade, leitura e atividades, tendo o aluno como sujeito passivo e o professor como detentor do conhecimento. Em algumas escolas, o material didático inclui o conteúdo de informática básica e dificilmente há uma flexibilidade em relação ao modo como são ministradas as aulas por falta de autorização da direção do estabelecimento de ensino. Além disso, o professor não é contratado pela escola como no caso das outras disciplinas, recebendo um valor entre cinco e quinze reais por hora/aula.
Quanto ao uso do computador e internet, ainda segundo o autor, nas disciplinas curriculares, há duas abordagens a considerar: o uso deste para transmitir informações ao aluno ou para criar condições de o aluno construir seu conhecimento.
A primeira abordagem, sem nenhuma interação, tem como exemplo, os textos em pdf, apresentações em power point ou vídeos do youtube, quando o aluno assume o papel de mero espectador, como no ensino vigente. Entre os professores que foram entrevistados, todos os que utilizam a informática em seu trabalho em classe, optam por este tipo de abordagem. Geralmente esses professores só dispõem de um computador para a sala de aula, ou precisam reservar com antecedência um horário na sala de informática. E afirmam não terem tempo para desenvolver atividades práticas a aplicar na sala de informática.
A segunda abordagem, tem como exemplo linguagens de programação, como o LOGO; sistemas de autoria de multimídia e aplicativos como processadores de texto. Essa abordagem, para Valente (1999), implica profundas modificações na escola, na mentalidade de pais e professores e na abordagem pedagógica e metodológica. Dos profissionais entrevistados para este trabalho, todos afirmaram não utilizar essa abordagem. 85% por não conhecerem o uso de tais linguagens e 15% alegam dificuldades de adaptação da escola e do próprio professor.
A Informática Educativa, que é caracterizada pelo uso da informática como ferramenta em sala de aula, onde o professor utiliza os recursos disponíveis, simulando a realidade, praticando e vivenciando situações que permitem ao aluno conhecer os conceitos de forma prática, construindo o conhecimento.
Segundo Valente (1993, p. 01), "para a implantação dos recursos tecnológicos de forma eficaz na educação são necessários quatro ingredientes básicos: o computador, o software educativo, o professor capacitado para usar o computador como meio educacional e o aluno", nenhum sobressaindo aos outros. Afirma ainda que, "o computador não é mais o instrumento que ensina o aprendiz, mas a ferramenta com a qual o aluno desenvolve algo e, portanto, o aprendizado ocorre pelo fato de estar executando uma tarefa por intermédio do computador" (p. 13)
Existem inúmeras vantagens que justificam o uso do computador em sala de aula, dentre estas, Ferreira (2002), apresenta a sete a seguir:
"a) ser ?sinônimo? de status social, visto que seu usuário, geralmente crianças e adolescentes, experimentam a inversão da relação de poder do conhecimento que consideram ser propriedade dos pais e professores, quando estes não dominam a Informática; b) possibilitar resposta imediata, o erro pode produzir resultados interessantes; c) não ter o erro como fracasso e sim, um elemento para exigir reflexão/busca de outro caminho. Além disso, o computador não é um instrumento autônomo, não faz nada sozinho, precisa de comandos para poder funcionar, desenvolvendo o poder de decisão, iniciativa e autonomia; d) Favorece a flexibilidade do pensamento; e) estimula o desenvolvimento do raciocínio lógico, pois diante de uma situação-problema é necessário que o aluno analise os dados apresentados, descubra o que deve ser feito, levante hipóteses, estabeleça estratégias, selecione dados para a solução, busque diferentes caminhos para seguir; f) Possibilita ainda o desenvolvimento do foco de atenção-concentração; g) favorece a expressão emocional, o prazer com o sucesso e é um espaço onde a criança/jovem pode demonstrar suas frustrações, raiva, projeta suas emoções na escolha de produção de textos ou desenhos." (FERREIRA, 2002:29)
O uso do computador como ferramenta educacional contribui para o aumento da motivação do aluno, tornando a aprendizagem mais fácil e prazerosa, pois "as possibilidades de uso do computador como ferramenta educacional está crescendo e os limites dessa expansão são desconhecidos" (VALENTE, 1993, p. 01)
Atualmente, as escolas públicas estão ainda discretamente, sendo atendidas pelo Projeto UCA (Um Computador por Aluno). O projeto pretende disseminar o uso do computador em sala de aula por todos os alunos, o que permitirá uma dinâmica muito diferente do que se tinha com uso do laboratório de Informática. Valente (2010), acredita que será muito difícil, manter o computador desligado dentro da mochila por duas horas. O que forçará a integração das atividades com o uso do computador. Porque antes, era giz e quadro e vez em quando se fazia uma visita á sala de informática para fazer atividades que não tinham muitas vezes, nenhuma relação com o conteúdo trabalhado em sala de aula. Ou se tinham alguma relação, acabavam se perdendo porque eram tratados em momentos diferentes, quando o assunto já passou para o aluno.
A tecnologia digital está incorporada ao dia a dia de jovens e adultos, o que caracteriza a cultura digital, segundo Valente (2010). O autor cita o uso do celular, que permite a captura de imagens e troca de mensagens a qualquer momento. Pois está completamente incorporada à sua rotina. A escola, acredita o autor, vai precisar adaptar-se a esse hábito, dando ao aluno a chance de usar essas tecnologias do modo que achar mais adequado, dentro de uma abordagem curricular que está sendo desenvolvida pelo professor. O aluno torna-se autor do seu projeto ou atividade, gera informações. A isso, o autor chama "escola digital". Na "escola digital" o professor não passa conteúdos prontos, ao invés, administra os conteúdos produzidos por seus alunos, pois não podem ser feitos de qualquer maneira. O professor estabelece os parâmetros, coordena e administra os projetos e relatórios produzidos pelos alunos. Isso, para o autor, significa mudança curricular, não nos conteúdos, mas na abordagem. E acrescenta:
[...] "temos que sair da era do lápis e do papel, e passar para a era digital. Do ponto de vista tanto da tecnologia como a usamos, como das abordagens pedagógicas, e o currículo vai ter que sofrer essa transformação de passar a ser o currículo da era digital."(VALENTE 2010)
O professor é um profissional, que como todos na atualidade, precisa lidar com o desenvolvimento tecnológico que permeia a vida do homem pós-moderno em diversas situações. Hoje, todo profissional está em constante atualização e adaptação. Por que o professor seria um caso à parte, se é da escola que se espera a formação do cidadão para o mundo? Os saberes construídos necessitam ser também acrescidos, reconstruídos se necessário, a fim de acompanhar o desenvolvimento tecnológico, que faz parte do desenvolvimento das sociedades.
O professor, como ser humano, socialmente construído de acordo com suas vivências e o meio em que vive, tendo adquirido habilidades e competências para sua função, busca partilhar seus conhecimentos de acordo com o que aprendeu em sua própria experiência como aluno e cidadão. Segundo Brito e Purificação (2006), algumas características problemáticas da formação do professor são: a falta de domínio sólido dos conteúdos que precisa transmitir, dificuldade em contextualizar os conteúdos que ensina com a realidade do aluno, baixa remuneração, a falta de individualização do ensino. Segundo Behrens (1995, p.15), "neste momento de globalização mundial, continuamos a tratar a formação do professor com discursos vazios de uma prática apropriada e significativa. Reverter esse papel perante a sociedade é uma tarefa árdua".
Atualmente, todo trabalhador que não se mantém atualizado, tende a perder seu espaço no mercado de trabalho. O mesmo não ocorre com o professor. O que favorece a estagnação do meio educacional. A reflexão sobre este fato traz a lembrança textos de Paulo Freire (1996), onde afirma que "não há ensino de qualidade, nem reforma educativa, nem inovação pedagógica, sem uma adequada formação de professores".
Ainda, segundo as autoras Brito e Purificação (2006):
"Nenhuma intervenção pedagógica harmonizada com a modernidade e os processos de mudanças que estão implícitos será eficaz sem a colaboração consciente do professor e sua participação na promoção da emancipação social (...) O processo de incorporação desta tecnologia no trabalho do professor deve ser efetivado em fases. Inicialmente, o professor necessita ter contato com esta tecnologia de uma forma voltada fortemente para o seu cotidiano. Este é um pré-requisito para que o processo de incorporação desta tecnologia se dê efetivamente, caso contrário, o processo será artificial e superficial, onde o professor se limitará a utilizar alguns jogos para desenvolver algumas habilidades ou reforçar alguns conteúdos." (Brito e Purificação, 2008, p. 30)
As constantes mudanças culturais e sociais decorrentes do desenvolvimento tecnológico que tem se intensificado sobretudo nas últimas décadas, requerem a mudança também dos paradigmas educacionais. Nesse contexto cada dia se torna mais inviável a tentativa de ignorar a necessidade da utilização do e-mail, e-banking, as compras online, etc. que tornam a vida mais prática, as atividades mais rápidas e a organização e controle dos compromissos assumidos mais eficientes.
Para Araújo 2008(, apesar de se ter conhecimento de diversos projetos e métodos educacionais ainda não está devidamente estudada e explorada a forma como, no ambiente escolar os professores intervêm nos processos de apropriação dos conteúdos estudados via internet por seus alunos.
De acordo com Lèvy (1998), o papel do professor não é transmitir saberes, mas estimular seus alunos a compartilharem entre si, seus conhecimentos. Para o autor, não se deve usar a tecnologia a qualquer custo mas, acompanhar de forma consciente as mudanças que ocorrem na civilização, questionando profundamente as formas institucionais, as mentalidades, a cultura dos sistemas educacionais e os papéis do professor e aluno. Tais afirmações remetem a Freire (1996), para quem "divinizar ou "diabolizar" a tecnologia ou a ciência é uma forma altamente perigosa de pensar errado". Freire (1996), afirmou diversas vezes, a importância do espírito crítico tanto para o aluno quanto para o professor e ainda, referiu-se ao professor e aluno como "co-autores do conhecimento".
"A mudança da função do computador como meio educacional acontece juntamente com um questionamento da função da escola e do papel do professor. A verdadeira função do aparato educacional não deve ser a de ensinar, mas sim a de criar condições de aprendizagem. Isso significa que o professor precisa deixar de ser o repassador de conhecimento ? o computador pode fazer isso e o faz tão eficientemente quanto o professor ? e passar a ser o criador de ambientes de aprendizagem e o facilitador do processo de desenvolvimento intelectual do aluno." (VALENTE, 1993, p. 06)
Partindo desses pensamentos, pode-se perceber que muitas e profundas são as mudanças necessárias tanto ao professor, quanto ao próprio ambiente físico de trabalho e administração. A sociedade atual, espera que a escola prepare o cidadão, o profissional, o ser humano apto a viver e conviver com os iguais de forma autônoma. Nesse contexto, segundo Valente (1999), entre os saberes que se espera construir no ambiente escolar estão "aprender a aprender", "saber pensar", "saber tomar decisões", "saber buscar as informações que necessita" entre muitos outros, além de criar um ambiente motivador e desafiador para o aluno, apesar de todas as implicações e dificuldades.
Para Lèvy (1998), é importante que o professor promova a oportunidade ao aluno, de ser gerenciador do seu próprio saber, o autor acredita que há um risco evidente de confundir o processo de ambientação online com um mero adestramento técnico-operacional. Freire, afirmou que "transformar a experiência educativa em puro treinamento técnico é amesquinhar o que há de fundamentalmente humano no exercício educativo: o seu caráter formador". (FREIRE, 1996, p. 33)















CAPÍTULO III
PROFESSORES X ALUNOS
Freire (1996), ao afirmar que o aluno e professor são co-autores do conhecimento, acrescenta que enquanto ensina, o professor também aprende e enquanto o aluno aprende, também está ensinando, o que representa a interação indispensável ao ambiente online e que tem influenciado fortemente o ambiente social tanto no ciberespaço quanto no ambiente físico.
O educador brasileiro necessita, para atender a proposta de mudança pedagógica no programa brasileiro segundo Valente (1999), de uma formação ampla e profunda. Pois, o professor brasileiro não deve simplesmente saber utilizar o computador ou o software. Necessita saber também de metodologias de acordo com a disciplina que ministra. De acordo com o autor, o preparo dos docentes não acompanha o desenvolvimento tecnológico que é veloz e oferece uma vasta gama de possibilidades de usos do computador, o que exige muito mais do professor, paralisando-o.
Esse processo de formação, segundo (VALENTE, 1999, p. 22), tem passado por três fases caracterizadas "pela abordagem educacional adotada, pela disseminação e tipo de computadores utilizados."
Devido ao rápido desenvolvimento da informática, é necessário o aprimoramento constante dos professores. Os Centros de pesquisa, como EDUCOM e os Centros de Informática Educativa (CIEDs) têm dedicado especial atenção a essa necessidade desde sua criação. Estes Centros oferecem formação continuada, que acarretam dificuldades para o exercício do trabalho em sala de aula, pois o professor terá que se ausentar para o estudo, também implicam o deslocamento desse professor para locais fora de seu trajeto, normalmente longe de casa e do local de trabalho. Além disso, os cursos não contextualizam a realidade do professor tanto no aspecto físico quanto pedagógico, segundo Valente (1993), isso fica extremamente claro nos cursos FORMAR. Segundo o autor, os professores nunca tiveram a chance de vivenciar o que aprenderam no curso.
Moura (apud BRITO e PURIFICAÇÃO, 2006, p. 74), aponta em reflexão sobre os cursos que pretendem preparar os professores para usar o computador nas escolas, falhas de três ordens: falha de propósito, de método e de significação.
1. A falha de propósito, consiste na compreensão de que a tecnologia deva ser simplesmente adquirida, ao invés de compreendida enquanto instrumento para o ensino.
2. A falha de método existe quando a aprendizagem consiste somente no uso da informática, ao invés de incluir estudo das capacidades cognitivas envolvidas na construção do conhecimento com auxílio dos recursos de informática.
3. Há falha de significação quando não se privilegia a construção do sentido sobre o uso da informática e sobre suas aplicações nos processos educativos.
Porém, os projetos também estão se desenvolvendo, amadurecendo formas de atuação que aumentem sua eficiência em relação aos objetivos. De acordo com o Ministério da Educação (2010), o Projeto UCA (Um Computador por Aluno), selecionou alguns municípios para receberem um total de 15.000 laptops para distribuição entre alunos do ensino fundamental. O que permite o uso do computador na própria sala de aula, ao invés de laboratórios de informática. Essa mudança de ambiente de uso do computador, para Valente (2010), fará grande diferença e exigirá uma adaptação do professor, porque o aluno vai ter acesso a essa tecnologia no momento em que desejar. Uma vez que estarão conectados, as informações poderão ser acessadas em tempo real, permitindo ao aluno corrija, complemente e até traga uma nova informação.
Segundo Valente (2010), A questão da apropriação tecnológica em sala de aula, existe em vários níveis:
1º Nível: O professor saber ligar a máquina, ter consciência de que ela existe e pode fazer algo diferente;
2º Nível: Se apropriar dessa tecnologia para seu próprio uso;
3º Nível: Começar utilizar a tecnologia para fazer algo com seus alunos em sua disciplina;
4º Nível: Começar a integrar a tecnologia, não só com a sua disciplina mas com outras disciplinas; desenvolver projetos, fazer uso da tecnologia procurando ampliar sua disciplina realizando um trabalho mais transdisciplinar.
5º Nível: O último estágio, é quando tanto professor quanto aluno, começam a usar o computador para desenvolver coisas no dia a dia.
Porém, é necessária a compreensão de que são muitas mudanças para o professor e por isso ele não vai se apropriar instantaneamente de todas elas. Provavelmente começará fazendo algo próximo do que sempre fez que é o giz e o quadro. O que o professor precisará é ter um espírito crítico, buscando desenvolver-se, avançar. Nesse sentido, para Valente (2010), os alunos podem ajudar muito, porque eles estão vivendo, numa rapidez muito grande, esse desenvolvimento tecnológico, se apropriando mais rapidamente que o professor. Essa parceria entre professor e aluno é importante, a observação de como o aluno está usando a tecnologia, para incorporar isso na sua prática. E, gradativamente, ir avançando nos níveis de apropriação.
Porém, para que o professor de fato, se aproprie das tecnologias Valente (2010) afirma que é muito importante a formação continuada, porque a tecnologia desenvolve-se rapidamente, por exemplo, antes não era viável o uso do vídeo e som, porque eram pesados, levavam muito tempo para carregar, hoje não é mais tão problemático seu uso. Por isso, para o autor, é importante primeiro que o professor conheça os recursos que tem à disposição e depois entender como pode incorporar esses recursos em suas atividades. Essa incorporação, segundo o autor, necessita de assessoria para que seja atingido, ou vai-se continuar na banalidade de acreditar que porque se está utilizando o power point para substituir o quadro e giz, já se está fazendo um grande avanço. A formação continuada é importante também pela interação entre os sujeitos envolvidos, por exemplo em comunidades, onde o professor acabará vendo que muitas coisas podem ser feitas de diversas maneiras. Poderá perceber que o que ele já conhece pode ser incrementado com uso de outros recursos. Porém, não basta deter-se às relações em comunidades e entre aprendizes, mas é igualmente importante a intervenção de pessoas formadas, pesquisando, criticando, incrementando o que já está sendo feito. Para que então, haja verdadeira apropriação desses conhecimentos.
Assim, sendo flexível para adaptar-se aos novos tempos e contando com o companheirismo de seus alunos, o professor pode garantir um desenvolvimento pessoal e profissional. As crianças e jovens têm uma relação muito dinâmica com a tecnologia. Segundo pesquisa realizada pela Millward Brown Brasil em doze países, as crianças brasileiras de 4 a 12 anos, são as que mais utilizam a internet no mundo todo.
O rápido desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação, muitas vezes não consegue ser acompanhado pelos adultos, de acordo com Valente (1999), que não tiveram acesso desde o início da comercialização do micro computador e acabaram se perdendo em meio a tantas funcionalidades.
Porém, quando as pesquisas informam que pouco mais da metade das crianças entrevistadas utilizam o computador, vê-se que não é um privilégio infantil o seu uso, mas um privilégio de aproximadamente metade das crianças.
De acordo com pesquisa realizada pelo Comitê Gestor de Internet no Brasil (CGI.br), que entrevistou mais de duas mil e quinhentas crianças brasileiras entre 21 de setembro e 27 de outubro de 2009, 57% das crianças entre cinco e nove anos de idade já usaram o computador. Dessas, a maior parte aprendeu a utilizar na escola, no entanto, utilizam com mais frequência em suas próprias casas, conforme o gráfico abaixo.
USO DO COMPUTADOR POR CRIANÇAS BRASILEIRAS
%

FONTE: Comitê Gestor de Internet no Brasil (CGI.br) Pesquisa sobre o uso das tecnologias da informação e da comunicação 2009

A mesma pesquisa elucida as atividades principais realizadas no computador por essas crianças:
PRINCIPAIS ATIVIDADES REALIZADAS POR CRIANÇAS BRASILEIRAS
%

FONTE: Comitê Gestor de Internet no Brasil (CGI.br) Pesquisa sobre o uso das tecnologias da informação e da comunicação 2009

Quando conectadas à internet, as atividades passam a ser na proporção de 97% para jogos e 55% em redes de relacionamento. Os jogos aos quais se refere a pesquisa, são para entretenimento. Não se trata de jogos educativos. Quanto às redes de relacionamento, não se trata de aprendizagem colaborativa ou algo similar, mas de conhecer pessoas que gostem ou aleguem gostar das mesmas coisas, para compartilhar atividades.
A escola, como formadora de cidadãos conscientes e preparados para o mundo, deve a criança também o preparo para as armadilhas do ciberespaço, levando a ela informações sobre segurança, cidadania e ética digital. Em reportagem do jornal Futura, intitulada "Criança e Internet", a Promotora do Ministério Público Federal (MPF) adverte quanto às aproximadamente duas mil denúncias que o MPF de São Paulo recebe mensalmente de casos de pornografia infantil na internet.
A utilização das mídias sob orientação dos professores é muito importante para a criança, principalmente se essa orientação é uma mediação entre o conhecimento do uso, das possibilidades que oferece e dos riscos, da interpretação e reinterpretação do que se lê ou vê na internet, favorecendo o "espírito crítico" como diz Paulo Freire (1999), referindo-se à educação como todo. O professor que se nega conhecer as tecnologias (já não tão novas) e omite-se em relação a esses saberes está negando ao seu aluno esse enriquecimento tão importante para sua vida.
No Seminário "Criança e Internet: Desafios e oportunidades na sociedade da informação", realizado no Itamaraty, Guilherme Canela, da UNESCO, concorda com as afirmações acima e diz ainda que, a escola brasileira não está preparando as crianças para as novas mídias, apesar de o Brasil promover as maiores eleições eletrônicas do mundo. Esse fato é injustificável, quando vê-se em resultado da pesquisa mencionada, que a escola é o segundo lugar em que as crianças acessam a internet. Valente (1999), também menciona a cobrança social da mudança do paradigma educacional, onde é exigido dos cidadãos uma postura autônoma, criativa, crítica e reflexiva, onde o indivíduo precisa aprender a aprender, buscar a informação que necessita, construir o próprio conhecimento para perceber a sua importância e seu papel na sociedade.
Se por um lado, há riscos no uso da internet sem orientação adequada, por outro há muitos benefícios para aqueles que a utilizam, principalmente quando conhecem alguns recursos além dos jogos e bate-papos. Para GARY SMALL e VORGAN (2008), diretor do Centro de Memória e Envelhecimento da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, pesquisar no Google ativa áreas no cérebro mais extensas que normalmente não são estimuladas durante a leitura do livro tradicional. De acordo com seus estudos, as crianças que utilizam essas tecnologias são melhores tomadoras de decisões e têm capacidade maior de lidar com vários estímulos sensoriais ao mesmo tempo.
É relevante lembrar que, antes mesmo da criança utilizar habitualmente o computador, já lida com outro importante recurso, o celular, o que tem incluído hoje a mídia de áudio, vídeo, imagens, jogos e até a própria internet. Porém a pesquisa não especifica o modelo de celular, referindo-se somente ao uso geral. Os dados estão representados na tabela abaixo:
USO DO CELULAR ENTRE CRIANÇAS DE 5 A 9 ANOS E SUAS PREFERÊNCIAS
%

FONTE: Comitê Gestor de Internet no Brasil (CGI.br) Pesquisa sobre o uso das tecnologias da informação e da comunicação 2009
Segundo Valente (2010), é importante que o professor utilize os recursos para os alunos desenvolverem atividades, trabalharem. Não necessariamente em sala de aula, afinal não estarão presentes todos os recursos que o aluno precisa. Mas ao sair da escola o aluno pode fotografar, filmar, buscar informações entrevistando, buscando pessoas e organizar todos esses dados gerando assim um produto. Este produto pode ser um relatório ou projeto com começo, meio e fim, que o professor acessará e verificará em que poderia melhorar. Para Valente (2010), deter-se à atividade em aula é limitar-se.
As Tecnologias da Informação e Comunicação, de acordo com Barra (2004), modificaram as formas de relacionamento entre as crianças que as utilizam. Elas são capazes de utilizar som, imagem, texto, e todos os recursos a que tem acesso, e esses recursos as cativam possibilitando a aprendizagem adaptada a sua individualidade, seu ritmo e perfil. A forma não linear de organização das informações, dá a criança diversas opções de formatos para acessar as mesmas informações, o que lhe dá o poder de controlar e gerenciar prioridades de acordo com o que busca, atendendo suas necessidades, motivações e interesses.
O brincar e jogar, quando relacionados a escola e educação, aparecem, segundo Araújo (2008), sempre como atividades secundárias, apesar de todo conhecimento que se tem da importância do jogo e da brincadeira para o desenvolvimento infantil.
De acordo com Aguiar (2004), Froebel, que foi o primeiro pedagogo a incluir o jogo no sistema educativo, para Froebel, o brincar é um instrumento que promove a educação. O mesmo autor afirma que para Piaget a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo por isso parte indispensável à prática educativa e ainda, Decroly classifica os jogos em três grandes categorias: jogos relacionados ao desenvolvimento das percepções sensoriais e da motricidade, jogos de idéias gerais ou de associações indutivas e dedutivas e jogos didáticos. Os jogos, para Decroly auxiliam o desenvolvimento das funções mentais e introduzir novos conhecimentos, podendo ser realizados individualmente em duplas ou grupos.
A escola infelizmente, segundo Araújo (2008), ainda é vista como autoridade nas questões do saber e transmissora de uma cultura válida, e as atividades que estão fora da grade curricular são consideradas menos importantes. Esta visão conservadora, impede a valorização de atividades próprias da infância, suas particularidades. A partir do momento em que o professor vence essa barreira, cria cumplicidades educativas com as crianças. Pois as crianças não estão preocupadas em apropriar-se de competências tecnológicas, com as TICs, ou com a Sociedade da Informação, elas só querem brincar.

CONCLUSÃO


Dentre os professores Escolas Particulares do Município de São Gonçalo/RJ que responderam a pesquisa, muitos estão aptos a utilizar as tecnologias mas encontram barreiras como a falta de recursos na instituição ou de apoio a essa forma de utilização que traduz em bloqueios; falta de horários disponíveis e até a proibição de utilização da sala de informática quando o instrutor de informática está ausente, todos os entrevistados têm dificuldades na utilização de softwares ou da internet como recursos que podem ser utilizados pelos próprios alunos para construir o conhecimento, por desconhecerem métodos para esse uso. Todos os professores entrevistados concordam que as TICs, com uso do método adequado podem ser ótimos auxiliares no processo ensino/aprendizagem. E todos mostraram-se dispostos a aprimorar seus conhecimentos, não encontrando no entanto, essa assessoria a seu dispor.
A falta de sincronia entre o desenvolvimento tecnológico e o fazer escolar é reversível, se houver esforço comum e participação de todos no sentido de integrar os usos das tecnologias em sua rotina, o que seria muito natural para os alunos e toda sociedade. Um desenvolvimento natural, óbvio, mais que esperado por todos.
A humildade do professor, em reconhecer que o aluno pode auxiliá-lo muito na utilização das TICs; a busca constante por atualização e desenvolvimento profissional; a oferta acessível e adequada dessa atualização em forma de cursos que apresentem possibilidades tangíveis e aplicáveis ao ambiente onde esse professor trabalha e a mudança de paradigmas das instituições escolares, sobretudo quando se trata de perceber que não é uma autoridade, mas uma fonte onde o aluno e professor interagem como co-autores do conhecimento; são as principais necessidades atuais para que se obtenha a mudança necessária no perfil da escola atual de acordo com a pesquisa aqui apresentada.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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WEBGRAFIA
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VALENTE, Jose Armando (org). O computador na sociedade do conhecimento. UNICAMP/NIED, 1999. data de acesso: 20/12/2010.
VALENTE, Jose Armando. Entrevista para o programa Salto para o Futuro TVEBrasil, 2010. Disponível em data de acesso: 21/12/2010.


ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I
HISTÓRIA DA INFORMÁTICA
NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA 11

CONCLUSÃO 48
ANEXOS 49
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 52
BIBLIOGRAFIA CITADA 54
ÍNDICE 55


FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Título da Monografia:

Autor:

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito:




Autor: Valeria Pedro Da Silva


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