O COORDENADOR ESCOLAR E A GESTÃO DEMOCRÁTICA



POR
VLADISLAU DE SOUSA NERI


SALVADOR, FEVEREIRO DE 2011
RESUMO


O presente trabalho trata do coordenador pedagógico na gestão democrática escolar. A gestão democrática escolar tem sua origem nos anos 70 e 80, quando o estado descentralizou seu poder. É importante que esta gestão ocorra, para que os elementos envolvidos sinta-se parte dos processos decisórios e soluções de problemas, exercendo a democracia em busca do benefício coletivo. O coordenador pedagógico tem papel fundamental neste tipo de gestão, não devendo ser chefe nem autoridade, mas um líder articulador, que harmoniza as relações entre escola, aluno, professor, diretor, comunidade, pais e demais envolvidos, prezando sempre pela proposta pedagógica decidida pela equipe e pela qualificação do processo ensino aprendizagem.

INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo principal fazer uma reflexão sobre o perfil do coordenador pedagógico no ensino moderno. A importância de quebrar paradigmas sobre a figura e a necessidade da presença desse profissional que foi durante anos estigmatizado historicamente pelo conservadorismo do ensino tradicional onde tinha o coordenador como um detentor das decisões e do gerenciamento do processo pedagógico na escola , e mostrar que no mundo de constantes transformações não cabe mais uma gestão sem a participação de todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem,onde deve haver uma integração entre professores,alunos, pais e comunidade valorizando as trocas de experiências e propondo uma gestão participativa e completamente democrática.

O COORDENADOR EDUCACIONAL E A GESTÃO DEMOCRÁTICA

Há quatro concepções de gesta escolar, que cabem ser explanadas brevemente. A primeira é a concepção técnico-científica, fundamentada na hierarquia de cargos e funções, regras e procedimentos administrativos, que busca a racionalização do trabalho e eficiência dos serviços escolares. (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2005 apud FURQUIM; BRAGA; IRGANG, 2009)
A segunda seria a autogestionária, que se fundamenta na responsabilidade coletiva, na descentralização da direção, na ênfase em participação direta de todos os membros da instituição. (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2005 apud FURQUIM; BRAGA; IRGANG, 2009)
A interpretativa, terceira forma de gestão, prioriza, na análise dos processos de organização e gestão, questões subjetivas, intenções, interações entre indivíduos. (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2005 apud FURQUIM; BRAGA; IRGANG, 2009)
A quarta e última, que mais apropria-se ao tema aqui abordado, é a democrático-participativa, que se baseia na relação entre direção e participação dos membros da equipe, onde se toma decisões de maneira coletiva. (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2005 apud FURQUIM; BRAGA; IRGANG, 2009)
É importante, para que nos situemos, traçar uma breve trajetória de como se deu o pensamento da gestão escolar democrática no Brasil.
A princípio, a educação no Brasil esteve entregue á iniciativa privada, que oferecia escola de qualidade para pequena parte da população. Depois, ampliadas as oportunidades educacionais pelo Estado, a qualidade ainda faltava, devido à ausência de preocupação deste com o fator. (ALMEIDA, 2008)
Nos anos 70, a escola era vista como um instrumento formador de ideologia do Estado, que reproduzia as desigualdades sociais características do aapitalismo. Não se acreditava mais no mito da ascensão social através do saber; a escola entrou em crise, tornando-se urgente uma reconfiguração da sua função. (ALMEIDA, 2008)
Entre 1970 e 1980, a reforma educacional trouxe indícios de vínculo com o modelo econômico liberal, pois as políticas públicas no Brasil são orientadas por interesses econômicos, não estando as educacionais excluídas desse meio. Assim, o Estado, antes mais centralizador de funções, passou a intervir menos, dando abertura às privatizações. (ALMEIDA, 2008)
Foi nesse período que surgiu o pensamento da escolar autogestionária, parte do processo de descentralização do Estado. Em 1980, com o início das reivindicações por participação e autonomia, essa exigência passou a permear também as escolas. (ALMEIDA, 2008)
Foi assim que a gestão democrática foi incluída na Constituição Federal de 1988, após debates de educadores, que resultaram na promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a LDB, Lei 9393 de 1996, como também ao estabelecimento do Plano Nacional de Educação, o PNE, no ano de 2001. Nota-se, então, que é recente o pensamento da gestão escolar democrática. (ALMEIDA, 2008)
O artigo 12 da LD prevê que os estabelecimentos de ensino, desde que respeitadas as normas comuns e o funcionamento do sistema de ensino, ficam incumbidos da elaboração e execução da sua própria proposta pedagógica, que deverá contar com a participação dos profissionais da Educação, conforme os artigos 13 e 14. Foi assim que a LDB trouxe mais ênfase ao papel da escola e dos educadores na elaboração de projetos de educação. (ALMEIDA, 2008)
A busca pela gestão democrática na escola veio se concretizar quando ocorreu a descentralização do poder do diretor, e criou-se os Conselhos Escolares, com eleição direta dos dirigentes e a autonomia das escolas na construção do projeto político-pedagógico. (ALMEIDA, 2008)
Vivemos numa sociedade em que a escola não tem o devido valor como deveria. A falta de estrutura das escolas, de capacitação do docentes, e de interesse dos alunos,fazem com que a escola não alimente perspectivas para quem a freqüenta. As resistências às inovações e as fragilidades na formação docente, são apenas alguns motivos que comprometem a qualidade no processo pedagógico.
A escola é lugar de livre articulação de idéias e deve procurar a socialização do conhecimento, da ciência, da técnica, das artes; deve ser capaz de interpretar e compreender as diferenças presentes na sociedade e atender às suas demandas sendo politicamente comprometida. Essa socialização só é possível através de uma gestão democrática e participativa, onde, tanto nas decisões quanto na solução de problemas, a democracia esteja presente. (PAULA; SCHNECKENBERG, 2008)
É importante que a gestão escolar seja vista como um meio de emancipação. A participação é o que gera a gestão democrática e torna possível o envolvimento de todos os integrantes da escola nas decisões e no funcionamento do estabelecimento escolar. (PRANDI; FREITAS; BONIFÁCIO, 2010)
Deve-se refletir sobre a função central do coordenador pedagógico, enquanto um profissional que possibilita a democratização da escola. Isto é essencial para que a gestão democrática se concretize. É preciso que os estudos na área sejam mais aprofundados, já que é a gestão democrática que dá voz aos envolvidos para que estes discutam soluções para questões vivenciadas no dia-a-dia escolar. (PRANDI; FREITAS; BONIFÁCIO, 2010)
"Com base nos pressupostos da gestão democrática, as instituições de ensino passaram a ser concebidas como espaços no qual todos devem participar do planejamento e execução de ações, onde o conjunto de valores, normas e relações obedeçam a uma dinâmica singular" (VEIGA, 1995 apud PRANDI; FREITAS; BONIFÁCIO, 2010).
A democratização escolar requer participação de todos na tomada de decisão: alunos, professores, pedagogos, gestores, funcionários da administração e apoio, pais, representantes da comunidade, afinal, todos esses juntos, constroem a história da instituição. (PRANDI; FREITAS; BONIFÁCIO, 2010)
A gestão democrática envolve planejamento cuidadoso de todas as ações de forma coletiva e democrática, onde todos tenham oportunidade de participar do desenvolvimento de um projeto que na verdade tem influência sobre todos os envolvidos no processo, visto que se trata de educação. (PRANDI; FREITAS; BONIFÁCIO, 2010)
Werle (2003 apud PRANDI; FREITAS; BONIFÁCIO, 2010) afirma que a gestão democrática:
[...] não traz alterações apenas para a dinâmica interna e para o fortalecimento de espaços participativos das instituições de ensino. Se a escola, os professores, as comunidades escolar e local impõem-se com atores importantes, o sistema de ensino precisa revisar suas posições, assegurando às escolas autonomia pedagógica, administrativa e de gestão financeira.

A gestão democrática não pode ser vista somente como um novo paradigma, mas como uma meta que deve ser buscada diariamente, sendo alcançada e sempre aprimorada, numa prática que se estabelece cotidianamente. Conforme Bordignon e Gracindo (2008, p. 163-164 apud PRANDI; FREITAS; BONIFÁCIO, 2010) a gestão democrática deve ser:

- voltada para a inclusão social;
- fundada no modelo cognitivo/afetivo;
- com clareza de propósitos, subordinados apenas ao interesse dos cidadãos a que serve;
- com processos decisórios participativos e tão dinâmicos quanto a realidade, geradores de compromissos e responsabilidades;
- com ações transparentes;
- com processos autoavaliativos geradores da crítica institucional e fiadores da construção coletiva.

Com base nesses pressupostos, a tarefa do coordenador pedagógico deve ser ativa e reflexiva, construindo-se sobre a interação e o diálogo com os envolvidos, principalmente a administração acadêmica, educadores e educandos, para que a prática educacional institucional mude e o ensino se qualifique. O autoritarismo deve ser evitado. (PRANDI; FREITAS; BONIFÁCIO, 2010)
Desenvolver os mecanismos de participação no ambiente escolar trará a oportunidade de aprendizado coletivo, que resultará no fortalecimento da gestão democrática na instituição. Não é possível exercer a gestão democrática sem a participação, nem haverá participação sem gestão democrática; um fator depende do outro. (PRANDI; FREITAS; BONIFÁCIO, 2010)
Embora a formação docente inicial seja essencial, sabemos que ela por si só não é suficiente para o exercício da prática pedagógica, e é na formação continuada que podemos garantir a qualidade no processo de ensino e aprendizagem. É por meio da formação continuada que o docente vai ampliando seus saberes e quebrando paradigmas e dogmas introduzidos pelo sistema de ensino. Um professor comprometido com a qualidade da sua prática pedagógica precisa desconstruir os modelos do ensino tradicional que o induz a resistir às mudanças tão necessárias para o ensino moderno.
Para o Professor Coordenador Pedagógico se faz necessário transformar aquela imagem de "detentor do poder" para passar um sentimento de igualdade, e proporcionar um ambiente saudável onde todos possam participar coletivamente e contribuírem com os resultados positivos de uma gestão escolar. Afinal gerenciar e educar não devem ser uma ação individual e sim uma ação coletiva onde devem ser valorizados os debates, as idéias, as críticas e o senso comum.
É essencial que o profissional da educação ao exercer a função de coordenação escolar tenha a consciência que sua prática pedagógica deve e tem que ser constantemente questionada, pois ao fazer uma reflexão da sua prática o professor estará contribuindo para um bom desenvolvimento da sua atuação e qualificando os resultados obtidos junto ao alunado e o corpo docente. A
Ao assumir o cargo de coordenação, o professor deve estar ciente dos desafios e enfrentamentos que ele terá ao exercer o papel de mediador com os pais, funcionários, corpo docente, e da responsabilidade de incentivar a construção do projeto pedagógico, além de procurar manter a própria formação, seja qual for a instituição. É freqüente, a escola e o próprio coordenador escolar questionarem sobre a real necessidade da presença dessa função e concluírem que esta pode promover relevantes mudanças, pois ela trabalha com a qualidade da formação e informação dos professores principalmente.
A escola deve ser dinâmica e a prática pedagógica reflexiva é crucial para a superar os obstáculos, e socializar as experiências . O coordenador pedagógico é a figura principal na escola, pois ele busca interagir com os envolvidos no processo ensino-aprendizagem tentando manter sempre as relações interpessoais de maneira saudável, valorizando a formação do professor e a sua, desenvolvendo habilidades para lidar com as diferenças com o objetivo de ajudar efetivamente na construção de uma educação de qualidade.
O professor, ao valorizar o papel do coordenador, compreende as transformações necessárias ao processo educativo e com isso passa a perceber o quanto essa evolução identifica os problemas enfrentados no dia a dia do espaço escolar. Por mais que o coordenador pedagógico seja um profissional capacitado e democrático, ele não conseguirá resolvê-los sem a participação de todos os envolvidos no âmbito escolar.
Portanto, é extremamente importante que o professor coordenador seja um profissional que atue de forma democrática e proporcione a todos os envolvidos no processo educacional, uma reflexão continua da sua prática, provocando uma dialética constante.
Com isso temos a figura daquele que deve ser o foco principal do educador: o aluno. Este necessita constantemente do acompanhamento para tornar-se um sujeito inserido na sociedade e cidadão do mundo. Assim, se faz necessário a presença do Coordenador Pedagógico, procurando sempre fazer as intervenções pertinentes aos alunos, docentes e pais.
Ele tem o papel de incentivador e mediador nas relações entre pais, professores, e alunos, procurando sempre evitar os impasses entre eles, tanto na escola, como fora dela e buscando sempre o equilíbrio, orientando cada um e visando a melhor forma para solucionar os problemas. O coordenador pedagógico ao delegar atribuições e decisões, favorece o exercício da democracia, pois assim ele contribui com a escola para que esta progrida cada vez mais e venha a oferecer uma educação com mais qualidade.
No contexto histórico, o coordenador pedagógico sempre uma atuação profundamente controladora e, por conta disso, percebemos um certo desconforto quanto à prática desse profissional dentro das escolas. É imprescindível que o coordenador pedagógico durante a sua gestão procure conquistar a confiança dos professores no intuito que seu trabalho colha bons frutos.
Para Freire (1982) o coordenador pedagógico é, primeiramente, um educador e como tal deve estar atento ao caráter pedagógico das relações de aprendizagem no interior da escola. Ele deve levar os professores a ressignificar suas práticas, resgatando a autonomia sobre o seu trabalho sem, no entanto, se distanciar do trabalho coletivo da escola.
Diante dessas primícias, a atuação do Coordenador Pedagógico deve favorecer um ambiente puramente democrático e participativo, em que sempre haja o incentivo, a produção e reprodução do conhecimento de toda comunidade escolar( alunos, professores e todos os setores do âmbito escolar).
Com as freqüentes transformações que hoje ocorrem no mundo a seja de ordem econômica, política, social, a escola, como importante instituição de ensino e de práticas sócio-educacionais, confronta-se com diversos desafios, colocando em risco a sua ação frente às imposições da sociedade moderna . Desta forma, os atores que compõem o Sistema Educacional precisam estar cientes de que os discentes devem ter uma formação cada vez mais abrangente, e possam promover o pleno desenvolvimento das capacidades desses sujeitos.
Com todas essas mudanças que se pode observar, é crucial que o Coordenador Pedagógico perceba a importância de seu papel, da necessidade da qualidade da sua formação continuada, para que possa desempenhar com qualidade a sua função. Santos (1989: 1) afirma que:
É a estrutura organizacional - nos seus aspectos de divisão de tarefas, de distribuição hierárquica de poder, de seleção, organização e distribuição de conteúdos, de distribuição de períodos e horários escolares, de processo de exame e avaliação, ou de diferentes procedimentos didático - pedagógico ? que condiciona e determina a prática docente.

Conforme Chiavenato (1997, p.101 apud, NOGUEIRA, Vanessa), não se trata mais de administrar pessoas, mas de administrar com as pessoas. As organizações cada vez mais precisam de pessoas produtivas, responsáveis, dinâmicas, inteligentes, com habilidades para resolver problemas, tomar decisões.
Nessa perspectiva, devemos identificar as necessidades dos professores e com eles encontrar soluções que priorizem um trabalho educacional de qualidade. Esse trabalho é desenvolvido pelo coordenador pedagógico.
O trabalho do coordenador pedagógico desenvolve-se em torno da mediação, e busca comprometer o corpo docente com o processo de ensino-aprendizagem dos educandos. Conforme Libâneo; Oliveira e Toschi (2005 apud FURQUIM; BRAGA; IRGANG, 2009) são responsabilidades deste profissional de educação:

[...] coordenar, acompanhar, acessorar, apoiar e avaliar as atividades pedagógico-curriculares. Sua atribuição prioritária é prestar assistência pedagógico-didática aos professores em suas respectivas disciplinas, no que diz respeito ao trabalho interativo com os alunos.

No entanto, nem sempre a função do coordenador é bem definida no espaço escolar, conforme cita Bartman (1998, p. 1):

[...] o coordenador pedagógico não sabe quem é e que função deve cumprir na escola. Não sabe que objetivos persegue. Não tem claro quem é o seu grupo de professores e quais as suas necessidades. Não tem consciência do seu papel de orientador e diretivo. Sabe elogiar, mas não tem coragem de criticar. Ou só critica, e não instrumentaliza. Ou só cobra, mas não orienta.

O coordenador pedagógico deve trabalhar em conjunto no momento da superação dos problemas trazidos por políticas alheias às necessidades educacionais inerentes à sua função. (PRANDI; FREITAS; BONIFÁCIO, 2010)
Os coordenadores pedagógicos são capazes de trazer mudanças. Essas mudanças são importantes e atingem toda a comunidade escolar. Desta forma, concordâncias e discordâncias, resistências a mudanças e as próprias propostas de inovação devem ser vistas como uma oportunidade de exercício da democracia que transformará a escola. É por esta causa que coordenador constitui-se num agente transformador e, conforme se transforma, transforma a realidade de forma dinâmica, reflexiva, trazendo à luz a compreensão do fenômeno educativo. (MERCADO, 2010)
A construção de um ambiente democrático é uma tarefa complexa, portanto não pode ser feita apenas por um indivíduo. O profissional que ocupa um cargo de liderança, como um coordenador pedagógico ou um diretor, deve se afastar da postura autoritária que normalmente predomina em tais funções e buscar propiciar um ambiente em que todos possam contribuir e participar com idéias, críticas, sugestões, reflexões, já que gestão e participação pedagógica requerem educação democrática, indo além do simples estabelecimento do urgente e prioritário, passando pelo ouvir, pelas sugestões com fins de benefício de todos, pela reflexão sobre posicionamentos quando preciso. (FARIA, 2010)
A educação democrática prioriza a análise e o desdobramento do que é extremamente relevante ao processo ensino-aprendizagem , à formação continuada do educador e aos objetivos da escola, conforme sua circunstância e realidade. (FARIA, 2010)
O coordenador deve enfatizar e garantir momentos e espaços para debates. Muitas oportunidades são vistas dentro da escola para tal articulação, como, por exemplo, as reuniões pedagógicas, o conselho escolar, onde diretores e seus adjuntos, coordenadores pedagógicos participam como defensores da democracia organizacional. (LIMA; SANTOS 2007)
Sabe-se que administrar conflitos é uma tarefa complexa, porém, divergências podem ser algo enriquecedor quando existe na relação respeito e entendimento de que a formação continuada só é possível com a contribuição do outro sujeito. (FARIA, 2010)
O coordenador deve agir primeiro compreendendo a realidade da instituição em que trabalha; em seguida, analisando as raízes de cada problema a ser solucionado, sempre guiado pelos limites da realidade escolar, e então, deverá elaborar propostas de intervenções coletivas. Estas etapas descritas envolvem uma consciência de todo o contexto e elementos envolvidos no processo ensino-aprendizagem, as condições em que este se concretiza, sem, no entanto, deixar de lado as delimitações do cargo, e sempre considerando as suas possibilidades de contribuição dentro do cotidiano escolar. (FARIA, 2010)

Entende-se que o coordenador pedagógico constitui-se em um sujeito que assume o papel de coordenador de ações voltadas para objetivos coletivamente estabelecidos. Ou seja, aquele gestor que por sua articulação e integração desempenha juntamente com os demais gestores o trabalho pedagógico-curricular. (FURQUIM; BRAGA; IRGANG, 2009)

Este profissional constitui uma peça fundamental no espaço escolar, devendo portanto atuar para possibilitar a integração dos participantes do processo ensino-aprendizagem, manter as relações interpessoais de forma correta, como também valorizar o trabalho e conhecimento do professor e o seu próprio conhecimento. Deve desenvolver habilidades que o faça capaz de lidar com divergências, buscando sempre ajudar na construção de uma educação de qualidade e dar participação a todos. Para realização destes quesitos é necessário um espaço onde o diálogo e o debate coletivo seja eficaz. (FARIA, 2010)
No entanto, há outro ponto de vista que não concentra a responsabilidade da gestão democrática apenas no coordenador pedagógico, mas mantém fundamental o seu papel nesse processo. Conforme este posicionamento, tornar e/ou manter a gestão democrática e participativa na escola não é tarefa apenas do coordenador pedagógico, mas de todos os segmentos sociais dos quais a escola é composta. (PAULA; SCHNECKENBERG, 2008)
É por esta causa que a pesquisa é importante, pois esta revela quais processos estão funcionando como obstáculos à implantação e vivência da gestão democrática. (PAULA; SCHNECKENBERG, 2008)

A gestão democrática implica primeiramente o repensar da estrutura de poder da escola, tendo em vista sua socialização. A socialização do poder propicia a prática da participação coletiva, que atenua o individualismo da reciprocidade, que supera a expressão da autonomia, que anula a dependência, de órgão intermediário que elaboram políticas educacionais tais qual a escola é mera executadora. (PAULA; SCHNECKENBERG, 2008)
[...]
Os caminhos, buscados ou efetivados para democratização do ensino público, vêm sendo apontados com bastante ênfase, nas últimas décadas, principalmente por educadores e ou sujeitos envolvidos direta ou indiretamente com o trabalho pedagógico desenvolvido na escola. A democratização da gestão do sistema educativo amplia-se a gestão da escola, a qual prevê, entre outras ações, o envolvimento, a participação dos pais dos alunos, moradores e demais membros da comunidade local, como lideranças políticas, movimentos populares no processo de tomada de decisões, a partir do contexto escolar. (SCHNECKENBERG, 2005 apud PAULA; SCHNECKENBERG, 2008)

O coordenador pedagógico, atua simultaneamente em dois sentidos: no coletivo, para atingir os objetivos estabelecidos por todos, e no individual, buscando seu desenvolvimento profissional constantemente, já que a todo momento está reconstruindo os seus saberes e fazeres. (FURQUIM; BRAGA; IRGANG, 2009)



CONCLUSÃO

Através do presente estudo, pôde-se notar a importância da gestão democrática escolar e do coordenador pedagógico dentro desta gestão.
O coordenador pedagógico tem papel fundamental na gestão escolar. Garantir a gestão democrática na escola não é seu papel exclusivo, mas é dele que virá grande parte da responsabilidade pelo sucesso desta forma de gestão. Para que todos participem e se insiram no processo, é preciso que o coordenador lidere, não sendo chefe ou autoritário, mas um visionário, ouvinte, que zele pela igualdade e administração de conflitos de maneira saudável.
A importância da gestão democrática é notável, já que através dela os educandos e demais envolvidos terão noção de vivência democrática, experimentando a circunstância de membro envolvido, ativo, que opina e ouve opiniões, para que, mais tarde, saiba como exercer este papel na sociedade e em outros ambientes que sejam propícios.
Esta relevância se dá porque a escola é de todos, dessa forma, é a todos que deverá beneficiar, portanto todos deverão estar presentes nos processos decisórios e na busca de soluções.
O coordenador deve ser ativo, ouvinte, articulador de idéias, bom mediador, deve ter conhecimentos pedagógicos suficientes, deve cultivar o bom relacionamento interpessoal para que possa mediar as relações em harmonia, atendendo aos interesses de todos da forma mais equilibrada possível.
Um coordenador eficiente trará uma gestão democrática participativa real, deixando o autoritarismo e tecnicismo conservadores de lado, contribuindo para um pensamento novo, muito mais coerente com a realidade escolar da contemporaneidade.
Enfim, podemos concluir que o educador ao assumir o cargo de coordenador pedagógico,deve estar consciente do seu importante papel na construção do conhecimento e do seu papel mediador entre a relação aluno, escola, pais e comunidade, tornando essa relação cada vez mais democrática,valorizando as trocas de experiências, além de ter um espírito renovador da sua prática pedagógica. Precisamos urgentemente mudar o conceito de que o coordenador pedagógico é o detentor das decisões e idéias para o bom andamento da escola. Isso quer dizer que o coordenador não deve permitir estar subordinado às vontades de diretores de escola, que nem sempre sabem qual é a verdadeira função deste profissional.







REFERÊNCIAS


ALMEIDA, L.R. A dimensão relacional no processo de formação docente. In: BRUNO,E.;
ALMEIDA,L.; CRISTOV,L. (org.). O coordenador pedagógico e a formação docente, São Paulo. Ed. Loyola,2000.


ALMEIDA, Tarciana Pereira da Silva. O papel do coordenador pedagógico enquanto articulador do projeto político-pedagógico. Monografia (Especialização em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica). Faculdade de Ciências Humanas de Olinda. Olinda, 2008. Disponível em: Acesso em: 27 fev 2011.


FARIA, Luciano Meneses. Os desafios de estar coordenador pedagógico na atualidade. Publicado em: 22 out 2010. Disponível em: Acesso em: 27 fev 2011.


FREIRE, Paulo. Educação: Sonho possível. In: Brandão, Carlos Rodrigues (org). O Educador: Vida e Morte. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Graal, 1982.


FURQUIM, Alexandra Silva dos Santos; BRAGA, Etiane Fagundes; IRGANG, Silvania Regina Pellenz. Os caminhos da gestão escolar: discutindo as atribuições e a prática do coordenador pedagógico. Publicado em: 02 fev. 2009. Disponível em: Acesso em: 28 fev 2011.


LIMA, Paulo Gomes; SANTOS, Sandra Mendes dos. O coordenador pedagógico na educação básica: desafios e perspectivas. Educere et Educare vol. 2 nº 4 jul./dez. 2007. Revista de Educação p. 77-90. Disponível em: Acesso em: 26 fev 2011.


MERCADO, Elisangela. O papel do coordenador pedagógico como articulador do processo ensino e aprendizagem: reflexões sobre o conselho de classe . V EPEAL. Pesquisa em Educação: Desenvolvimento, Ética e Responsabilidade Social. Alagoas, 31 de agosto a 03 de setembro de 2010. Disponível em: Acesso em: 01 mar 2011


PAULA, Roseli Lopes de; SCHNECKENBERG, Marisa. Gestão escolar democrática: desafio para o gestor do século XXI. Revista Eletrônica Lato Sensu ? Ano 3, nº1, março de 2008. Disponível em: Acesso em: 26 fev 2011.


PRANDI, Luis Roberto; FREITAS, Urânia Flores da Cruz; BONIFÁCIO, Alexandra. Gestão Democrática: O Papel do Coordenador Pedagógico nos Cursos de Graduação. Revista Cesumar - Ciências Humanas e Sociais Aplicadas v. 15, n. 2, jul./dez. 2010, p. 311-330. Disponível em: Acesso em: 02 mar 2011.

TARDIF,M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, Vozes, 2002.

TARDIF, M.; LESSARD ,C. ; Espaços de uma problemática saber docente. Teoria e Educação. Vol.1, nº4.
Autor: Vladislau De Sousa Neri


Artigos Relacionados


A Atuação Do Coordenador Pedagógico Junto Ao Aluno, A Família E A Comunidade.

Qual O Verdadeiro Papel Do Coordenador Pedagógico No Espaço Escolar?

As Expectativas Dos Alunos Da EducaÇÃo De Jovens E Adultos Quanto A GestÃo Escolar

Desafios E Responsabilidades NecessÁrias A Uma GestÃo DemocrÁtica

Escola De Gestores

É Preciso Um Orientador E Um Supervisor Trabalhando Interdisciplinarmente

Afinal, O Que é A Tal Da Gestão Democrática Nas Escolas?