AS USINAS NUCLEARES E A ECOLOGIA



"A energia é a causa e o efeito do desenvolvimento. Se há possibilidade dela faltar, não há investimento nem crescimento. O crescimento nada mais é do que a energia transformada em bens e serviços".
Delfim Neto

Como se sabe, o ambientalista James Lovelock foi quem criou a teoria Gaia, demonstrando que a Terra é um organismo vivo e que as agressões ambientais de um lado prejudicam o todo. Pois bem, James Lovelock é a favor da energia nuclear. E agora?

Com a finalidade de diversificar a sua matriz energética e garantir abastecimento de energia elétrica ao centro-sul do país, o Brasil resolveu entrar na era da energia nuclear em 1968. Angra 1 e 2 estão funcionando. Angra 3 em construção, algumas outras usinas estão projetadas.

Energia nuclear lembra Hiroshima e Nagasaki, lembra Chernobyl. E agora esta catástrofe no Japão, que uniu terremotos a maremoto e vazamento nuclear. O que vamos fazer para não viver à luz de velas? Como conciliar nossas necessidades de desenvolvimento com a segurança de viver?
Vejamos algumas preocupações do cidadão do século XXI.
1. Nós queremos respirar ar puro.
2. Nós não queremos aquecimento global.
3. Nós não queremos desastres climáticos.
A energia nuclear, hoje, evita a emissão de alguns bilhões de toneladas de monóxido de carbono na atmosfera. Nos próximos 50 anos, o planeta poderá ter por volta de 10 bilhões de habitantes. Esta explosão populacional, aliada ao crescimento econômico, aumentará drasticamente a demanda por energia. Se o petróleo não for substituído por energias limpas, estaremos sufocados.
4. Nós queremos fontes de suprimento que não se esgotem.
5. Nós precisamos preservar o petróleo para usos mais nobres.
Queimar o petróleo em termelétricas, por exemplo, significa reduzir a sua utilização na petroquímica e na produção de fertilizantes, prejudicando a nossa agricultura, fonte de alimentação.
6. Nós queremos a segurança de que o preço das nossas fontes de energia não vai aumentar. E uma energia com preços competitivos em relação às outras fontes.
O preço do barril de petróleo está subindo à medida que as reservas conhecidas se esgotam e que a sua exploração fica mais cara em águas profundas. As energias solar e eólica ainda não têm preços competitivos e são relativamente pouco exploradas. Mas as reservas de urânio, matéria-prima da energia nuclear, estão disponíveis por milênios (o Brasil tem a 6ª. maior reserva do mundo, com apenas parte do seu território prospectado até agora) e, mesmo que o seu preço venha a aumentar, isto terá impacto baixíssimo no preço da produção nuclear. Quando o preço do urânio triplica, o custo da produção de energia nuclear fica praticamente inalterado.
7. Nós queremos fontes de energia que não prejudiquem o meio-ambiente.
As usinas hidrelétricas também produzem energia limpa. Mas o seu impacto no meio-ambiente é muito grande. Enquanto a Central de Angra tem potência instalada de 2.007 MW e ocupa uma área de 3,3 Km2, Furnas tem potência instalada menor (1.312 MW) e ocupa uma área 437 vezes maior (1.442 Km2).
8. Nós não queremos novos apagões.
Os projetos para o setor elétrico no Brasil não são suficientes para atender uma demanda crescente. E a nossa grande matriz elétrica, a hidráulica, encontra dificuldades de licenciamento ambiental. Além disso, as fontes estão concentradas na região Norte, o que acarreta custos muito altos de construção e transmissão.
9. Nós queremos dominar a tecnologia. Precisamos de novos técnicos, e não só para a produção de eletricidade.
A tecnologia nuclear é aplicada em diferentes campos, em benefício da humanidade. Eliminação de pragas, esterilização e aumento do tempo de prateleira de vários alimentos, auxílio no diagnóstico e tratamento de doenças graves, limpeza de resíduos e poluentes na água e no ar e criação de processos para reduzir o consumo de energia são algumas das aplicações.
10. Nós queremos uma energia que seja segura para as nossas vidas.
Aqui está o x do problema. Quando técnicos do mundo inteiro diziam que Chernobyl não se repetiria, que as novas usinas eram seguras, veio essa tragédia japonesa para colocar todos com as barbas de molho. A energia nuclear é responsável por aproximadamente 20% da produção de eletricidade no mundo. Temos mais de 400 reatores em funcionamento em mais de 30 países.

E vem a pergunta-chave para toda a questão: qual o verdadeiro custo de cada energia que podemos utilizar?
1. Petróleo + poluição = US$ /barril
2. Hidrelétrica + alagamento + desmatamento = US$ / MW
3. Usina nuclear + lixo nuclear + taxa de risco de acidentes = US$ / MW
4. Energia solar + ? = US$ / MW
5. Energia eólica + ? = US$ / MW
6. Outras
Com a palavra os especialistas. Mas que não nos vendam gato por lebre, por favor.

Autor: Marcelo Diniz


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