Tentativas De Elogiar



São poucas as pessoas que tem a capacidade de elogiar os outros, de forma espontânea.

Até porque, num mundo competitivo, em que disputamos desde um lugar no banheiro, um bife maior, um namorado melhorzinho, até a última vaga no bote do Titanic, ficar enchendo a bola dos outros, assim, de graça, não soma pontos ao trabalho de conclusão da universidade da vida.

Eu sempre fui daqueles que são partidários do elogio como forma de incentivo, de apoio motivacional, como forma de criar confiança nas pessoas, mas principalmente, porque levava "fé no próprio taco" não tendo medo de perder terreno ao elogiar o adversário.

Hoje, mesmo levando "fé no taco", não é uma garantia de atitude vencedora, pois eles carregam a mesa de sinuca embora, você fica com o taco na mão e a fé vai para o buraco.

O melhor é arrumar outro termo para definir isso ou arrumar um outro taco, como o de beisebol que, pelo menos é bem mais grosso e garante um pouco mais a nossa proteção.

Mas, independente da fé ou do taco, como qualquer mortal, a gente sempre espera algum elogio pelas coisas que fazemos, desde as mais simples até as mais complexas.

Os melhores elogios que ainda podemos esperar receber são os do tipo "Não pode ter sido você quem fez!" ou o famoso "Ficou tão gostoso que parece comprado!"

Quem diz que faz as coisas sem esperar alguma aprovação ou um elogio está mentindo.

Todos esperam, desde os cachorros até os políticos.

Seja pelo simples abano do rabo para contentar o seu dono, ou pela singela lambida nos pés de quem o alimenta ou pelo rolar pelo chão para ganhar algum presente, os políticos sempre procuram receber algum elogio pelos seus esforços.

Quanto aos cachorros, esses são mais comedidos em suas buscas pelo reconhecimento.

Ainda assim, um elogio torto me parece muito mais sonoro do que uma crítica perfeita, muito embora já tenha sido dito que não aprendemos nada com os elogios e sim com as críticas.

Se for verdade, cansei de aprender.

Prefiro tornar-me um tanto mais burro, com os poucos elogios que recebo.

Sérgio Lisboa.


Autor: Sérgio Lisboa


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