Violação e desrespeito dos EUA e seus aliados as autoridades africanas na resolução do conflito líbio em favor de seus interesses



Todos os continentes têm uma organização regional encarregara de velar pela proteção dos cidadãos de todos os países com poderes legítimos. Na America existe a Organização dos Estados Americanos (OEA), na Europa existe a União Européia, e da mesma maneira na África existe a União Africana (UA), que também tem comando com exércitos para intervir em casos excepcionais. Ou seja, na questão atual nem encaixa a famosa e caducada desculpa ou justificativa internacional de que África não tem instituições solidas ou mecanismo de resolver conflitos desta envergadura.

A África tem sim, inclusive cada uma das cinco regiões africanas (África Ocidental, África Austral, África Oriental, África Central, África do Norte) apresenta comandos de exercito de intervenção em casos específicos.
Vale esclarecer que a questão que aqui se defende não é defender o governo líbio ou os rebeldes insurgentes, não é de dar razão a governo líbio ou a oposição. A questão é que como na maioria das vezes, estão morrendo inocentes (civis, crianças, jovens, mulheres) resultado dos bombardeios da aliança ocidental encabeçada pelos EUA, Francia e Inglaterra disfarçados de OTAN, e a melhor resposta para isso deveria ser uma saída pacifica como é a intenção da UA, dita nas palavras do seu secretario geral, o gabonês Jean Ping, e não uma invasão, um bombardeio a população civil como já esta realizando os EUA e União Européia.

Assim sendo, o objetivo deste artigo é demonstrar a violação do direito que legitimamente corresponde a UA resolver em primeira instância todos os conflitos e levantamentos militares que surgem no continente africano, e se no caso não conseguir, neste caso sim poderia recorrer à comunidade internacional, mas a pedido da própria UA. No caso líbio, a UA criou uma "Comissão especial" para o conflito líbio liderado por África do Sul, Mali, Mauritânia, Congo e Uganda com o objetivo de encontrar solução "pacífica" e não via armada.

Entretanto, esse esforço da UA não foi tido em consideração pela prepotente prepotência norte-americana e seus aliados que decidiram iniciaram os bombardeais mesmo com a oposição da UA. Nos últimos dias, o secretario geral da União Africana em varias conferências de imprensa, saiu publicamente a criticar a forma em que os Estados Unidos e a União Européia não demonstraram em nenhum momento intenções de encontrar vias "pacíficas" para a solução do conflito. Ademais, como estes dois blocos sabem que a UA esta buscando pelo menos nestes primeiros momentos a solução pacifica, ignoraram o esforço da maior entidade africana e nem reuniram com seus dirigentes.

Depois de esta declaração, só hoje (25/03/2011), em um novo encontro da "Comissão Especial da UA para o Conflito Líbio", se pudo contar com a presença de representantes da União Européia, mas os EUA continuam a não querer se reunir nem buscar um diálogo entre as duas partes do conflito. Igualmente, participaram os representantes do governo líbio e da Liga Árabe, mas também houve ausência dos rebeldes ou a oposição líbia.


O que isso quer demonstrar? A resposta é simples e clara: o ocidente que tem grande interesse no assunto, não quer em nenhum momento uma "resposta pacifica" do conflito, porque se isso ocorresse, alguns dos seus arsenais bélicos teriam que aguardar mais algum tempo até encontrarem alguma pressa fácil, então este é o momento ideal para aproveitar e vender armas aos rebeldes e algum que outro grupo, espalhar medo na população, com o objetivo de aproveitar o caos e desorganização implantada por eles mesmos para apoderar- se dos poços petrolíferos da nação e do povo líbio e transferir seus derivados para EUA e Europa.

O numero de vítimas mortais, seja uma pessoa ou um milhão, isso não importa aos EUA ou a União Européia, ademais já têm um "Plano B" para este caso. Dito de outra maneira, depois de provocar tudo o que estão provocando, e quando finalmente conseguem seus objetivos, o próximo passo é voltar com a hipócrita política de paz, de ajudar as vítimas de guerra. E, se o país continuar instável, enviar as famosas "tropas de mantimento" da paz que o que mais fazem é cozinhar intrigas, conflitos, abusos sexuais a menores e cometer outros tipos de atrocidades inumanas em povos que foram, são e continuam sendo escravos do ocidente.

Surpreende cada vez mais que países europeus e os EUA que dizem ou se declaram "democráticos" e que perseguem a democracia, incitam a violência ou decidem bombardear um país sem sequer tentar uma solução pacifica e mais, quando o presidente local (Muammar Abu Mynyar al- Gaddafi) chamado de ditador, ou qualquer outro adjetivo que queiram colocar, declara publicamente que quer encontrar uma solução pacifica.

Invadir um país e bombardear a civis e inocentes, destruir brutamente suas instituições e infra-estruturas a base de prepotência, não é defender os interesses do mundo, ou defender a democracia, mas sim são atos de terrorismo e de vandalismo autorizado. São atos terroristas autorizados porque a "ONU" ou "Nações Unidas" ou qualquer outra organização, tem menos poder que os EUA, que fazem e desfazem o que querem perante o passivo olhar do mundo, mesmo com tímidas reações da China, Rússia e Venezuela.

Em suma, no conflito líbio, a OTAN não quer a solução pacifica, nunca quis, seus objetivos eram claros e contundentes: petróleo, vender armas, petróleo, vender armas, petróleo e petróleo. Para conseguir isso são capazes de derrubar qualquer barreira que venha pela frente, mesmo da maior organização/instituição do continente- União Africana, que simplesmente ignoraram e discriminaram, com isso, desrespeitaram a capacidade africana de resolver seus problemas, ainda acham que estamos na época colonial.


Conclusão


Como relatado no inicio, o trabalho não pretende discutir sua posição a favor ou encontra do governo líbio ou da opinião líbia. A reflexão que este artigo chama atenção são as causas posteriores que pode causar esse conflito como são: perda de seres humanos inocentes, destruição de infra-estruturas, desorganização econômica e social, caos no seio da população, e tudo isso vai se transformar em mais pobreza e miséria para um país que era economicamente estável ou um dos ponteiros no campeonato africano de desenvolvimento.

Por isso, uma solução pacifica defendida pela União Africana e a maioria dos africanos, seria a ideal neste momento, porém como os EUA e seus aliados tinham os objetivos claros e definidos, há que ser realistas neste tipo de situações e narrar ou contar as coisas como devem ser e não tergiversar as informações como sempre se fez, porque ao fim e ao cabo, as informações acabam por flutuar no horizonte cognitivo de todos, demore o tempo que demorar, aconteceu no caso do Iraque, com certeza vai acontecer no caso da Líbia. Até quando o mundo vai ficar passivo pelas atrocidades iguais a estas fingindo que lhes são alheios?

Autor: Lito Nunes Fernandes


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