Gestão De Resíduos Urbanos: Condição Imprescindível Para Desenvolvimento Sustentável Do Planeta



O conforto e a busca por melhor qualidade de vida nos fazem consumidores desenfreados. Esse consumo por sua vez, nos torna produtores de enormes volumes de lixo que nos tempos presentes, se apresentam como uma das mais intrigantes ameaças à nossa existência na face do planeta. Essa situação está determinando uma tendência mundial em busca de encontrar formas que minimizem a geração de lixo, seja por meio da produção/venda de produtos dos quais restem o mínimo possível de resíduos, seja pela redução, re-uso e/ou reciclagem dos materiais utilizados para embalar os produtos industrializados.

A reprogramação conceitual de produtos e em especial de suas embalagens, deve ser alvo da preocupação dos dirigentes empresariais, assim como o estímulo a sua redução, reutilização e separação para reciclagem.

O apoio e a cobrança de políticas públicas que contemplem o estímulo e a conscientização da população, o desenvolvimento de programas de coleta seletiva, pelos órgãos governamentais mas ao mesmo tempo a ação socialmente responsável das empresas, mantendo seus próprios núcleos de triagem de recicláveis de tal forma a contribuir para redução do volume e o custo da gestão de resíduos urbanos.

Todas essa iniciativas são imprescindíveis, caso contrário, como prevê a Agência Européia do Ambiente:

"…o volume de produção dos resíduos urbanos deverá aumentar em 25% até 2005. Ainda segundo a mesma Agência, o aumento da recuperação de resíduos e o desvio dos aterros desempenham um papel essencial para fazer face ao impacto ambiental de um acréscimo permanente do volume de resíduos produzidos. Tendo em conta uma utilização acrescida da reciclagem e da incineração com recuperação da energia, espera-se que as emissões líquidas de gases com efeito estufa resultantes da gestão de resíduos urbanos diminuam consideravelmente até 2020.

A limitação do volume de resíduos produzirá também outros benefícios, tais como a redução dos custos da gestão de resíduos, a diminuição da poluição atmosférica (com partículas e óxidos azoto) e a diminuição da poluição sonora relacionada com o recolhimento e transporte de resíduos. De outra forma, os custos da gestão de resíduos podem aumentar consideravelmente com o aumento do volume. O recolhimento e tratamento de resíduos implicam custos particularmente elevados, e a produção de resíduos é, por definição, uma perda de recursos."[1]

Os compromissos dos governantes das mais poderosas nações mundiais para com o desenvolvimento sustentável do planeta, assumidos através da assinatura de acordos e tratados internacionais e a disposição dos dirigentes das grandes corporações através das ações de responsabilidade social, ainda que sejam da maior importância e fundamentais para a sustentabilidade do planeta, não serão suficientes se não houver políticas publicas e compromisso dos governos municipais com a efetiva e eficaz gestão dos resíduos urbanos, que quando não tratados adequadamente, possuem o condão de transformar nossas cidades em verdadeiros lixões a céu aberto, como o que está acontecendo em Nápoles na Itália:

As autoridades de Nápoles começaram na sexta-feira a enviar montanhas de lixo para outras partes da Itália, o que gerou conflitos fora da região da Campânia, pela primeira vez desde o início da crise do lixo, semanas atrás. Os moradores da ilha da Sardenha entraram em choque com policiais quando um navio carregado com lixo chegou de Nápoles, na noite de quinta-feira. A Sardenha foi a primeira região a receber parte das cerca de 100 mil toneladas de lixo acumuladas na área de Nápoles.

A preocupação e a busca de soluções para o enfrentamento dos problemas sócio-ambientais causados pelo desenvolvimento humano[2] tem sido constante entre os dirigentes de países desenvolvidos ou em desenvolvimento, mesmo que os primeiros mostrem-se muito mais preocupados com a poluição industrial, a escassez de recursos energéticos, a decadência de suas cidades e outros problemas decorrentes dos seus processos de desenvolvimento e os segundos, com a pobreza e o questionamento da validade de um desenvolvimento nos mesmos moldes que os primeiros.

Essa preocupação com problemas ambientais e com sua dimensão que é planetária e não somente local ou nacional foi que levou o governo da Suécia a realizar, em 1972, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, onde ficaram evidenciadas as diferenças de interesses entre os países desenvolvidos e não desenvolvidos.

Passados 36 anos da realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, e de outros tantos importantes eventos ambientalistas como a ECO-92 realizada no Rio de Janeiro, da assinatura de acordos e tratados internacionais em defesa do meio ambiente como é o caso do Tratado de Kioto, é no exemplo do que está ocorrendo em Nápolis na Itália, que encontramos subsídio para chamar a atenção para a imprescindível importância que se deve dar à gestão dos resíduos urbanos, pois caso contrário, nosso legado para as futuras gerações, será um imenso depósito de lixo a céu aberto em um planeta totalmente degradado pelo descaso e a mais absoluta falta de consciência ambiental.


Autor: Diogo Luís Alencastro da Silva


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