A Deusa Multifacetada



19/02/2011


A Deusa Multifacetada.


Autor: Eduardo Silveira




Nina!
Oi! - respondeu ela, limpando as mãos no avental.
Me ajuda aqui com essas sacolas. - Pediu o marido
Tô indo! Tô indo! - Apressou-se ela, abrindo a porta da cozinha.
Assim era Nina. Sempre presente e solícita. Casara-se aos dezoito anos, completamente ingênua. Adaptar-se à vida de casada, fora um processo difícil para ela, uma vez que seu marido, Carvalho, por ser militar, de vez em quando, era transferido de um estado para outro. E, Nina, sem o apoio e o convívio de seus familiares, sentia-se sozinha e meio perdida em meio à todas aquelas mudanças.
Mas, à medida em que os filhos foram nascendo e crescendo, ela foi, aos poucos, se acostumando com aquela vida. Geralmente, morava em vilas militares. Aprendeu a ser uma boa dona de casa. Cuidava com muita dedicação e esmero da sua casa, do marido e dos filhos. Tudo que dizia respeito aos afazeres de casa, alimentação, escola dos meninos, vestuário, era controlado por ela. Carvalho era um bom homem, e por conta da sua profissão, tinha hábitos muito rígidos, mas não deixava faltar nada em casa, tanto para ela, quanto para os filhos.

Após o nascimento do seu primeiro filho,Nina, engordara alguns quilos. Sua silhueta mudara. E isso a deixara um pouco frustrada, pois via que a maioria das suas vizinhas estavam sempre mantendo ou, tentando manter, o corpo em forma praticando exercícios. Mas praticar esportes não era uma coisa de que ela gostasse.
Preferia estar em casa, cuidando dos seus afazeres e de sua prole.
Carvalho, o marido, desde que se reformara, se tornara muito inquieto e vivia procurando coisas para se ocupar. Implicava com tudo e com todos. Ele era dezesseis anos mais velho que Nina. Mas ela não dava nenhuma importância a esse fato, até porque, ele fora o primeiro e único homem que ela conhecera intimamente. Por isso achava que os homens eram todos iguais.

Um dia, ela foi levar uma receita de uma torta, que a vizinha havia pedido. Chegou, entrou e ficaram conversando. De repente, começaram a chegar outras mulheres. A vizinha, meio constrangida, disse que marcara uma reunião ali e perguntou se ela não gostaria de participar. Nina, disse que não haveria problema algum.
Ao todo, haviam dez mulheres na reunião. A vizinha então, levantou-se e disse que iria pegar os produtos. Nina conversava alegremente com as outras mulheres, quando viu a vizinha retornar carregando uma mala grande e, pelo visto, pesada. E percebeu uma euforia inesperada, por parte das mulheres, e ela não estava entendendo o porque de toda aquela excitação.

Então, a vizinha, foi abrindo a mala, e explicando a Nina que aquela reunião, era promovida com a finalidade de fazer uma demonstração de produtos eróticos. Nina, nunca em sua vida, havia visto nada parecido com aquilo. Eram tantos objetos, das mais variadas formas e tamanhos. Objetos estranhíssimos e que ela não sabia nem como e nem pra que alguns deles serviam. As mulheres pegavam, riam, faziam comentários picantes, sem o menor pudor. E Nina ali, sem saber o que dizer ou fazer, sentindo-se um peixe fora d'agua.
Depois de muitos risos, comentários variados e algumas vendas, a reunião acabou. Nina não comprou nada, mas aquela reunião ficou marcada em sua mente.
A vizinha, assim que acabou a reunião, percebendo o embaraço de Nina, chamou-a num canto e, conversando delicadamente, explicou que aquilo era uma coisa perfeitamente natural, pois ela mesma, a primeira vez que tivera contato com aqueles objetos, também ficara muito constrangida.
A conversa foi-se estendendo, e a vizinha convidou-a para participar de uma nova reunião em outra oportunidade, só para desfazer aquela situação de desconforto, e mesmo que ela não comprasse nada, não teria importância. Nina agradeceu o convite.
Nina foi para casa e, no caminho, começou a relembrar alguns fatos que ocorreram na reunião. Uma coisa que a espantara muito, foi a reação das mulheres quando viram os objetos. Algumas, tentaram disfarçar a euforia e mantiveram-se discretas, mas os olhos percorriam todos os objetos, como se fossem verdadeiros radares. Já outras, mais afoitas, ficaram completamente eufóricas e, não se contentavam só em ver os produtos, pegavam, mediam, cheiravam, faziam comentários altamente eróticos e picantes. Nina percebera que as mais "eufóricas", estavam acostumadas a participar daquelas reuniões.

Passaram-se algumas semanas.
Nina resolveu procurar a vizinha e pedir-lhe para fazer uma demonstração particular. A vizinha, aceitou e muito solícita, explicou à Nina, para que serviam, e como eram usados a maioria dos produtos. Nina comprou alguns.
Nina nunca sentira desejos de trair seu marido. Sua dedicação à família, nunca permitira que ela tivesse qualquer pensamento neste sentido. E, o fato dela ter engordado, também contribuía para isso. Sua auto estima não permitia que ela tivesse esses tipos de pensamentos. Carvalho, estava com sessenta e cinco anos e sua saúde não era das melhores, e talvez, por esse motivo as relações sexuais haviam sido reduzidas a no máximo uma vez por mês. Mas Nina se acostumara com aquilo. O sexo não era uma coisa que ela fizesse muita questão. Nem quando se casara, ela fizera sexo pelo prazer, sempre fazia para satisfazer o marido. Na realidade, quando Carvalho a procurava, ela apenas cumpria seu papel de esposa e se deixava usar.
Mas em seu íntimo, Nina tinha uma alma, profundamente romântica. Ela adorava ver filmes românticos. Sorria e chorava com as cenas emocionantes que via através da tela da televisão, como se ela fizesse parte daquele contexto.. Até quando lia um livro, ela se transportava para o ambiente descrito, e "vivia" intensamente as emoções da protagonista da história.
E nesse seu romantismo, ela, imaginara que o casamento seria um verdadeiro conto de fadas. Mas, logo nos primeiros dias, viu que não seria bem assim. Carvalho, era um homem de personalidade forte, era austero, gostava das coisas sempre do seu modo, estava acostumado a mandar, a dar ordens. Era oficial de carreira. E, intimamente, não era nem um pouco carinhoso. A relação sexual era algo que ele fazia, apenas para cumprir seu dever de marido, de homem, de macho. E Nina, desde o começo, simplesmente, se acostumara com aquela situação e reprimira a sua sexualidade e optara ser apenas a cuidadora da família.

Mas, depois da reunião na casa da vizinha, ela começara a desejar as coisas que aquelas mulheres, tão abertamente, falavam que sentiam. Mas, para que ela pudesse fazer e sentir aquelas coisas, era necessário, um parceiro. Não! - esse foi o primeiro pensamento que veio à sua mente. Ela jamais iria trair seu marido, o pai de seus filhos. Nunca! Jamais! - disse a si mesma com toda veemência. E ficou imaginando como ela poderia sentir "aquelas coisas", sozinha. E foi aí, que "aqueles objetos" começaram a tomar forma e invadir seus pensamentos mais íntimos. Um outro problema era , como ela iria usar aqueles objetos, uma vez que o marido e os filhos estavam sempre em casa.
Nina precisava primeiro "testar" os objetos para ver se funcionavam mesmo, se iriam proporcionar algum prazer a ela. E em casa, ela sabia, que este assunto estava fora de questão.
Como fazer? - perguntou-se dias e dias seguidos, sem obter a menor resposta.
A vizinha! - lembrou ela.
Certamente, que a vizinha por ser mais envolvida com essas práticas, deveria saber de uma maneira dela experimentar os objetos, fora da sua casa. Nina demorou dois meses para obter coragem suficiente para ir conversar com a vizinha.
Mas um dia resolveu e foi até a casa dela. Entrou e foi bem recebida, como sempre, e ficaram as duas ali conversando sobre trivialidades. Nina, procurava uma forma de abordar o assunto, sem chocar a vizinha. Depois de duas horas de conversas, Nina tomou coragem e abriu o jogo. Falou das suas intenções, dos seus desejos, da sua frustração em ter comprado os objetos e, sequer poder experimentá-los. A vizinha ouviu tudo atentamente. Quando Nina acabou de contar o seu "drama", a vizinha disse que iria pensar no seu caso e, certamente, lhe daria uma resposta.

Passados alguns dias , a vizinha ligou para Nina e pediu para ela ir até a sua casa. Nina arrumou-se e dirigiu-se à casa dela. Quando entrou, Nina viu uma mulher morena,sentada, e uma outra de pé, conversando com a vizinha. Aproximou-se, foram feitas as apresentações, e a vizinha disse que aquelas duas mulheres iriam resolver o problema de Nina. Nina ficou um pouco assustada. Depois de alguns minutos de conversa, as duas mulheres foram para o segundo andar da casa, enquanto, Nina e a vizinha continuaram conversando na sala de estar.
.A vizinha explicou à Nina o que aquelas duas mulheres faziam. Elas eram stripers, e faziam sexo entre elas em algumas boates.
São lésbicas? - perguntou Nina já apavorada.
Sim. São lésbicas. Inclusive são casadas.
Casadas? Uma com a outra? - Perguntou novamente Nina estupefata.
Isso mesmo. São marido e mulher. - respondeu a vizinha calmamente.
Desculpe, mas eu preciso ir embora. - disse Nina sentindo um enjoo no estômago.
Calma! _ disse a vizinha ? Você não vai fazer nada que não queira fazer.
Desculpe, eu insisto, mas preciso ir embora. - disse Nina aflita.
Olha, Nina, - falou a vizinha ? Se você quiser ir embora, tudo bem, pode ir, mas eu acho que já que você está aqui e as mulheres estão lá em cima, porque não dar uma olhadinha no que elas estão fazendo, hein?
Não. - disse Nina ? Prefiro ir embora.
Olha, eu sei que você está com medo, mas eu lhe garanto, vamos lá em cima só pra você ver como é que elas usam os produtos, que tal? Se não gostar, pode ir embora, certo?
Olha, na realidade, estou tremendo, eu...
Calma, relaxa! Acha que alguém aqui vai obrigá-la a fazer alguma coisa que você não queira? Calma! - pediu a vizinha.
Não sei, não sei...
Vamos lá... A gente fica de longe olhando, ok?
Elas não vão se zangar?
Deixa de ser boba, Nina. Eu contratei essas mulheres porque logo mais vamos fazer uma sessão especial aqui em casa, e aí todas aquelas mulheres que estiveram aqui, lembra?
Lembro.
Pois é. Todas elas virão para esta sessão. É uma sessão muito especial. Você deveria participar...
Deus me livre! Se meu marido sabe disso, ele me mata.
Não vai saber nunca, sabe porquê?
Por quê?
Por que todas são casadas e moram, ou aqui na vila, ou perto daqui. E ninguém aqui quer saber de um escândalo, não é?
É. Seria muito ruim.
Pois então! Vamos lá em cima?
Hummm! Não sei! Tô com medo.
Ah! Para com isso! Vem...Vamos lá.
Subiram. Quando chegaram na porta do quarto onde as mulheres estavam, Nina tentou recuar, mas a vizinha a segurou e abriu a porta. Os olhos de Nina se esbugalharam de espanto. Dentro do quarto, em cima da cama, as duas mulheres, completamente nuas, se beijavam e se chupavam, lasciva e desbragadamente. Nina sentiu uma pressão na boca do estomago e saiu correndo. Quando chegou do lado de fora da casa, vomitou. Aquilo tinha sido demais para ela. Aquela cena havia provocado nela um mal estar que ela nunca sentira antes. Dias depois, já mais calma, ligou para a vizinha para pedir desculpas. As desculpas foram aceitas. Mas o assunto "reunião", nunca mais veio à baila.

Passaram-se os dias e Nina, já refeita do "susto", continuava tocando a sua vida com seus afazeres domésticos. Até que, um dia, recebeu a visita da cunhada e de uma sobrinha que moravam em outro estado e precisavam de um lugar para ficar, pois a sobrinha iria prestar um concurso, e as duas não dispunham de muito dinheiro para pagar um hotel. Desta forma, Carvalho, o marido de Nina e irmão da visitante, permitiu que elas ficassem ali o quanto fosse necessário.
Nina não conhecia muito bem a cunhada, pois haviam se encontrado poucas vezes. E ela, era um bom papo, era uma mulher agradável, muito falante, extrovertida, ao contrário da filha, que era calada e soturna. Numa das conversas informais que as duas costumavam ter após o jantar, enquanto Nina lavava os pratos Eva, esse era o nome da cunhada, perguntou, subitamente à Nina, se Carvalho havia melhorado. Nina sem saber de nada devolveu a pergunta:
Melhorado? Como assim?
Você sabe, né? - insistiu a cunhada.
Sei? O que é que eu sei? - perguntou Nina curiosa.
Ah! Vai me dizer que você não sabia que Carvalho era um tremendo galinha?
Nina quase caiu pra trás. E virando-se para a cunhada perguntou:
Do que é que você está falando?
A cunhada percebendo que tinha falado demais, tentou corrigir.
Ora, você sabe como são os homens, né? É claro que Carvalho sempre te respeitou, eu tô só brincando.
Mas Nina não estava brincando e percebeu que a cunhada sabia algo, que ela não sabia. Caminhou lentamente até a mesa onde a cunhada estava sentada, puxou uma cadeira, e enxugando as mãos no pano de prato, sentou-se e perguntou, em tom sério à cunhada:
Me conte o que você sabe!
Ora, cunhada, não é nada , eu só...
Eva! Eva. - disparou Nina, séria. - Eu posso ter até cara de idiota, mas eu não sou idiota! Fala logo o que você sabe, ou eu ponho você e sua filha daqui pra fora, agora!
Bom, cunhada, - falou Eva procurando as palavras.- Carvalho é um homem que sempre teve várias amantes ou você não sabia disso? Não é possível? Todo mundo na família sabe disso!
Nina sentiu o chão sumir sob os seus pés. Apoiou-se na beirada da mesa, se estivesse de pé, teria caído no chão. A cunhada vendo o seu estado, começou a pedir desculpas, enquanto corria pra pegar um copo d'agua. Nina bebeu a água, a cunhada não sabia o que fazer, de tão desconcertada que estava. Pedia desculpas toda hora a Nina, dizendo que só havia tocado no assunto, porque imaginava que ela já soubesse e, como eles ainda estavam casados, achava que ela o havia perdoado ou coisa parecida. Nina pediu para a cunhada contar tudo o que sabia. E ela contou.
Só então, Nina começou a entender os vários plantões e serviços que Carvalho fazia. Às vezes, ficava semanas fora de casa, e dizia que ia acampar, que ia visitar vários quartéis, que a tropa exigia muito dele e tantas outras mentiras que Nina jamais desconfiara. O assunto morreu ali. Duas semanas depois a cunhada e a filha foram embora.

A vida na casa voltou à normalidade. Só uma coisa não estava normal. Os pensamentos de Nina. Desde que soubera o que seu marido havia feito, Nina ficara possuída por uma mágoa, um sentimento tão esquisito que nem ela mesma conseguia definir. E passados alguns meses, ela teve uma ideia. E resolveu pô-la em prática.
Resolvera enfrentar Carvalho.
Um dia estavam os dois no quarto, quando Nina perguntou, de chofre, quantas amantes ele havia tido durante a sua vida de casado. Carvalho ficou pálido, tossiu, tentou levantar a voz, mas Nina se impôs e disse a ele:
A partir de hoje, ouça bem, você terá uma nova mulher toda noite. Goste ou não.
Carvalho, completamente desorientado e atônito, tentou argumentar mas ela foi incisiva, e repetiu:
Você é um homem de sorte, porque a partir de hoje, aqui neste quarto, você terá a oportunidade de ver a mulher mais exuberante, mais gostosa, mais graciosa, mais feminina e mais vagabunda que você já viu, entendeu?
Você está maluca? - perguntou ele chocado com o que acabara de ouvir.
Por falar em maluca, saiba que hoje você vai ver Nina, a Deusa do Sexo Explícito.
Eu vou mandar te internar! - gritou ele.
Vai mesmo? - disse ela, passando a língua lascivamente pelos lábios. - Vou fazer você gozar, sem me tocar.
Sua louca! Louca! - gritou ele.
Pode gritar à vontade porque ninguém vai ouvir. Os meninos estão na faculdade. Grita mesmo, gritaaaaaaaaaaa!!! Mais altooooooooo!
Ela mesma gritava. Carvalho se assustou e se calou.
Me aguarde! - Disse ela, num tom que não admitia contradição, fechou a porta do quarto com a chave. e entrou no banheiro.
Seu quarto era uma suíte. Quando Nina saiu do banheiro, Carvalho, que estava sentado numa cadeira, ficou pasmo. Ela estava vestida com uma roupa de bailarina, meias arrastão pretas, uma saia curtinha, um corpete vermelho e preto que realçavam seus seios e o rosto pintado com cores fortes. Carvalho, ficou olhando para ela sem acreditar no que estava vendo. Nina começou a andar de um lado para o outro dentro do quarto. Estava nervosa por dentro, mas por fora, parecia uma pedra de gelo. Subitamente parou e encarou Carvalho. Chegou perto dele e sem saber o que fazer, tirou seu seio de dentro do sutiã e começou a lambê-lo. Os olhos de Carvalho pareciam que iam saltar das órbitas. Nina começou a se tocar e quanto mais ela se tocava, mais ela percebia que Carvalho começara a gostar do que estava vendo. E ao perceber isso, ela, intensificou sua "perfomance" e começou a despir-se.
Carvalho olhava atentamente para ela, não perdia um só movimento. E Nina continuava a se exibir, a se tocar, foi até o armário e tirou de lá uma caixa. Colocou-a sobre a cama, abriu, e retirou lá de dentro um pênis de borracha de uns vinte centímetros. Começou a lamber aquele objeto de borracha como se fosse um sorvete italiano, sua língua executava mirabolantes contorcionismos sobre o objeto, e Carvalho ali, completamente hipnotizado. Nina se masturbou na frente dele e nunca em sua vida tivera um orgasmo tão intenso como aquele. Quando se deu por satisfeita, ela recolheu todo aquele material e entrou no banheiro. Chorou baixinho para ele não ouvir.
Nina saiu do banheiro já de banho tomado, sem maquiagem e de camisola comum. Sentou-se à beira da cama e disse para Carvalho que continuava sentado na cadeira: - Tome a chave do quarto, pode abrir e fazer o que quiser. Agora acho que estamos quites, não é?
Ele não respondeu. De repente, as lágrimas começaram a rolar pelo seu rosto. Nina também ficou com os olhos marejados, teve um ímpeto de correr e abraçá-lo, mas se conteve. Aos prantos, Carvalho balbuciou: - Me perdoe. Nina fazendo um esforço sobre humano respondeu: - Agora você pode fazer o que quiser. Eu estou aliviada. Queria chocá-lo. A minha intenção era só essa. Chocar você. Fazer você sentir na carne o que eu senti quando soube das suas traições.
Eu amo você. - disse ele, baixinho.
Os olhos de Nina não conseguiram mais conter as lágrimas e os dois se abraçaram fortemente. E ficaram ali, por vários minutos, pedindo perdão um ao outro, até que Nina se ergueu lentamente e disse:
Vou jogar toda esta tralha fora.
Não! - disse ele.
Como não? O que eu vou fazer com isso? - perguntou ela.
Vai fazer outra perfomance pra mim. -respondeu ele, e completou ? Eu adorei.
Nina não estava acreditando no que estava ouvindo. O que você quer dizer com isso? - perguntou ela, ainda incrédula.
Quero que você cumpra a sua promessa.
Promessa? Que promessa? - perguntou ela.
A promessa de que eu, toda noite, vou ver uma mulher diferente. Hoje foi a Nina, a Deusa do Sexo Explícito, não foi?
Sim. - disse ela, corando.
Então? E amanhã? Quem será?
Amanhã?
É. Amanhã!
Bom, amanhã, - disse, lembrando-se das duas mulheres na casa da vizinha - Nina, A Lésbica Insaciável, que tal?
Nossa! Adorei. Mas espere um pouco!
O que foi?
Precisamos dar alguns retoques neste quarto.
Como assim?
Amanhã vou mandar colocar umas luzes coloridas aqui, que tal?
Você tá doido? O que os meninos vão dizer?
Não esquenta. Vou fazer uma coisa caprichada, deixa comigo. Vou chamar o Seu Mário eletricista, certo?
Você é doido!
Não. Eu era doido, agora é que eu tô são. Porque só agora descobri você.
Então, já que estás são, me dá um dinheiro aí pra eu comprar mais material.
Use o seu cartão de crédito. Gaste o que for necessário, viu? Pode usar que eu pago tudo.
Já vi que vou precisar de um guarda roupa maior, afinal de contas, acho que vou precisar de mais espaço para guardar minhas novas fantasias.
Suas não! Daqui pra frente, elas serão as "nossas fantasias".
E os dois ficaram ali, conversando, parecendo dois adolescentes, rindo, brincando e brindando a esta coisa inexplicável chamada... amor.



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Autor: Eduardo Silveira


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