Metafísica




OS TRÊS NOMES DE UMA MESMA CIÊNCIA

Jôkarlla Kataryne. O. Alcântara


Resumo
A elaboração deste artigo visa estabelecer os três nomes dados a uma mesma ciência, Metafísicos. A parte central da filosofia que busca o principia e as causas fundamentais de tudo, a idéia de Deus como substância fundamental, e a metafísica considerando o ente e o que lhe é conseqüente. Tais denominações recebem esses termos a partir da tríplice consideração supracitada da qual provém sua perfeição.

Palavras-chave: Metafísica, filosofia primeira, teologia.

1. INTRODUÇÃO
O trabalho aqui apresentado tem como função tratar das definições designadas para o termo, Metafísicas. A concepção do estudioso santo Tomás de Aquino, tratando de qual objeto a metafísica busca tratar. Será visto também, o conceito e as características da metafísica com base em estudos relatados e com referencias nos textos referentes a Santo Tomás de Aquino.Buscando por fim uma melhor compreensão da origem do termo, suas atribuições recebidas e denominações.

2. Definições de uma mesma ciência: Metafísica
De acordo com Aristóteles umas das principais fontes inspiradoras da filosofia de Tomás de Aquino, utilizava-se da expressão filosofia primeira ou também teologia em oposição a filosofia segunda ou física. A metafísica aristotélica é a ciência que se ocupa das realidades que estão acima das físicas, realidades supra físicas, opondo-se a física. Para Tomas de Aquino, toda filosofia dirigi-se para o conhecimento de Deus, a Metafísica.
Segundo Tomás de Aquino, a metafísica é o epicentro da investigação racional. Pois, sendo ela uma filosofia primeira irá investigar as primeiras causas das coisas. O papel da metafísica é analisar os princípios que constituem uma substância, como é o caso da matéria, as formas, o acidente, etc. Encontrando a substância é possível chegar a noção de universal. E é por meio de uma consideração inteligível da natureza, que o intelecto investigará o metafísico desta natureza.
É concebível algo inteligível devido a tríplice acepção:
Primeiro a partir da ordem do intelecto, ou seja, aquilo que o intelecto adquire certeza é mais inteligível, tornando-se intelectual ao máximo.
Em segundo plano, a partir da comparação entre sentido e o intelecto. Enquanto os sentidos pertencem ao conhecimento dos particulares, o intelecto diferencia por compreender os universais. Compreende-se por máximo intelectual o ente e o que lhe é conseqüente, temos como exemplo, o ato e potência, uno e múltiplo. É necessário que em uma só ciência intelectual, torne-se ordenadora das demais.
E em terceiro plano, a partir do próprio conhecimento do intelecto tendo consigo sua potencia intelectiva de serem imunes da matéria, é inelegíveis aquelas que são separadas da matéria. É separado da matéria que se abstrai da matéria sensível e da singularizada, onde a ciência que tem por base ser intelectual ao máximo domina-se, e ordenada as demais.
Essa tríplice consideração é atribuída a uma só ciência. Cabendo a mesma atribuir-lhes as causas próprias de determinados gêneros, suas substâncias separadas que são as causas universais e primeiras de ser. A ciência ordenadora tem por objeto o ente em geral, o que é separado da matéria segundo sua concepção de ser, tanto o que pode ser na matéria como é o caso de Deus e as substancias intelectuais, e o que pode ser sem a matéria, como já dito, o ente em geral. Com base a essas acepções, restam-nos as denominações que tal ciência ordenadora recebe no qual provém sua perfeição: ciência divina ou teologia, na medida em que considera as substancias separadas; Metafísica, na medida em que considera o ente e o que lhe é conseqüente; filosofia primeira, na medida em que considera as causas primeiras das coisas.
2.1 Ciência divina ou Teologia
A ciência divina ou teologia tem como principio Deus, relacionando com a parte da especulativa a teologia é sem movimento, ou seja, ela é separada da matéria e inseparável. As coisas divinas são abstraídas da matéria e o movimento, exemplo disso é o próprio Deus que também é o modo de investigação. Deus é a causa e o principio por excelência: "O ser subsistente que é o nome mais próprio de Deus é o seu ser do qual compete pura e absolutamente" .
2.2 Metafísica
A metafísica de Tomás de Aquino destaca o conceito de potência e ato, ente e essência, analogia, substância e acidente. A potência é a capacidade da substância que determina a natureza, a potência procede do ato e não de outra potência. A noção indica a perfeição pela qual a coisa existe, sendo ele anterior a potencia. Os dois princípios entre ato e potencia causam relações fundamentais atingindo a doutrina do conhecimento e a doutrina da criação. O ente é o sujeito da Metafísica, ele é o que tem que ser. A essência é o mesmo que a substância, em substancias compostas significa a composição da matéria e forma abstraída.
Como o objeto da metafísica é o ente, é preciso saber que ele é dividido em dois modos: enquanto ente ele se divide em 10 gêneros, e em segundo significa a verdade das proposições. Diferenciam-se porque pode ser afirmado como ente tudo aquilo de que é possível formar uma proposição afirmativa, por sequência o nome da essência se deriva do ente que se afirma pelo primeiro modo.
2.3. Filosofia Primeira
A filosofia primeira busca as causas verdadeiras e supremas, investigam as causas existentes e é a partir do ser que temos que apreender as primeiras causa. No ensino da filosofia que considera as criaturas em si mesmas, e partindo delas que se chega ao conhecimento de Deus.
Retomando para a Metafísica depois de ter citadas as denominações que ela recebe, e o que é possível ver a metafísica é superior as outras duas ciências teoréticas, ela é absolutamente elevada e mais sublime. Ela não é uma ciência dirigida para fins empíricos ou práticos, e sim equivale em si e para si, pois tem em si mesmo o seu fim e é livre por excelência. Devido a esse fator Aristóteles chamou-a de "divina", só Deus a possui:
Deus a possui inteiramente, perfeitamente e de maneira continuada; nós ao contrário, parcialmente, imperfeitamente e de modo descontinuo .

Tomás de Aquino relata que temos um conhecimento mesmo que confuso a respeito de Deus. Em cada objeto que o homem conhece está conhecendo a Deus, o fato de ter uma felicidade ou de desejá-la para outro alguém, esse desejo é o próprio Deus. Conhecendo então a Deus, o homem está atingindo as causas primeiras. Portanto quando o homem faz metafísica ele está aproximando-se de Deus, o que causaria sua felicidade.
Aristóteles traz em sua citação o fato da metafísica ser além das demais ciências:
Todas as outras ciências serão necessárias aos homens, porém, superiores a esta, nenhuma .

Diante dessa afirmação é possível destacar a importância e a necessidade e a superioridade que carrega a Metafísica, pois é nela que o homem realiza a sua natureza de ser racional e a pura necessidade de saber.
O fato pelo qual distingui-se a metafísica dos outros saberes ( isto é das técnicas e ciências), é o fato de que nela, as verdades primeiras ou princípios e toda e qualquer realidade são conhecidas direta ou indiretamente pelo pensamento ou por intuição intelectual, sem passar pela sensação, imaginação ou memória.

3. CONCLUSÃO
O artigo aqui produzido teve finalidade de transparecer, ou até mesmo de esclarecer as dúvidas ou algumas implicações que nos levavam a crer o porquê de algumas denominações ou definições de uma mesma ciência. A elaboração desse artigo teve como fonte inspiradora o teólogo mais importante da Escolástica, e de grande referencia tanto na igreja católica, como na sua influência que obteve diretamente nos saberes filosóficos e teológicos contemporâneos,Tomás de Aquino



REFERÊNCIAS
AQUINO DE, Tomás. Comentário ao Tratado sobre a Trindade de Boécio.Questões5 e 6(Introd. E trad. De Carlos. A.R. do Nascimento). São Paulo: Editora da UNESP,1999.
REALE, Giovanni. - Histórias da Filosofia Antiga Platão e Aristóteles.Vol.II,Tradução de Henrique C. de Lima Vaz e Marcelo Perini. São Paulo: Loyola.1994(Serie história da Filosofia)
PECORARO, R.(org.). De Sócrates a Rousseau. Vol.I- Os filósofos- Clássicos da filosofia. Rio de Janeiro: Editora PUC - Rio; Petrópolis: Editora Vozes, 2008.v.3












Autor: Jokarlla Jokarlla Alcantara


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